Clarence Jordan

Clarence Jordan (1912-1969) foi um fazendeiro, pregador e estudioso da Bíblia, idealizador da Fazenda Koinonia.

A Fazenda Koinonia foi fundada em 1942 no Condado de Sumter, na Geórgia. Essa comunidade cristã inter-racial pacifista visava viver uma interpretação mais ampla dos ensinamentos de Jesus. O notável trabalho de Jordan incluiu a criação do Cotton Patch Gospel, uma tradução do Novo Testamento para o vernáculo do sul dos Estados Unidos.

Clarence Jordan imaginou a Fazenda Koinonia como um meio de demonstrar que a comunhão espiritual abrangia mais do que a mera afiliação religiosa. Reuniu um pequeno grupo de famílias em 440 acres de terras esgotadas no Condado de Sumter, Geórgia, com a intenção de compartilhar suas terras, dinheiro e posses, assim como os primeiros cristãos. Ao trabalhar em conjunto para revitalizar o solo e estimular a economia local, a comunidade procurou exemplificar princípios de justiça racial e social por meio de suas ações.

Um dos aspectos mais controversos da Fazenda Koinonia era a prática comunitária de membros negros e brancos da comunidade comerem juntos na mesma mesa. Este ato de integração racial não só escandalizou os cristãos locais, mas também atraiu a ira da Ku Klux Klan (KKK). Consequentemente, a Fazenda Koinonia tornou-se alvo de vários incidentes violentos, incluindo tiroteios, um bombardeio e um boicote econômico.

Em sua essência, a Fazenda Koinonia incorporou uma ousada experiência de não-violência, justiça econômica e agricultura sustentável. Esses ideais estavam profundamente enraizados na profunda compreensão de Clarence Jordan dos ensinamentos de Jesus e da pessoa do próprio Jesus. O compromisso da comunidade com esses princípios contrastava fortemente com a hipocrisia predominante das igrejas que abençoavam guerras, justificavam a disparidade de riqueza e reforçavam a segregação racial.

Erev Rav

Erev Rav era um grupo de povos diversos que se juntaram às tribos de Israel no Êxodo.

Diz em Êxodo 12:38 “E subiu também com eles uma mistura de gente, e ovelhas, e vacas, uma grande multidão de gado.” A versão ARC segue a Vulgata (vulgus promiscuum) e a Septuaginta (ἐπίμικτος) que dá uma ideia tanto de uma variedade de pessoas ou, como alguns intérpretes tardios, pessoas de origens étnicas mistas.

Seguindo esse termo da Septuaginta e Vulgata, em Números 11:4 diz que “E o vulgo, que estava no meio deles, veio a ter grande desejo; pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar e disseram: Quem nos dará carne a comer?” Este termo “vulgo” traduz o hebraico אֲסְפְּסֻף, asafsuf, o qual só aparece nessa passagem. Algumas versões aparece como “plebe, populacho”, dando uma dimensão de classe.

O termo erev também aparece em Neemias 13:3, onde é usado para se referir a não judeus.

Uma tradição rabínica associou essa população com idolatria e imoralidade, alimentando preconceitos de segmentos de comunidades israelitas contra povos estrangeiros ou israelitas de origem mestiça.

BIBLIOGRAFIA

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