Paltita

O paltita era o natural da cidade de Bete-Pelete. A Bíblia menciona apenas um indivíduo com essa designação: Helez, o paltita, que é listado entre os valentes guerreiros do rei Davi (2 Samuel 23:26; 1 Crônicas 11:27).

A designação “o paltita” indica que Helez era originário ou estava associado à cidade de Bete-Pelete. A localização exata de Bete-Pelete não é claramente especificada nas Escrituras, mas sua menção em conexão com um dos valentes de Davi sugere que era uma localidade conhecida dentro do reino de Davi.

Prólogos Antimarcionitas

Os Prólogos Antimarcionitas são um conjunto de prefácios que precedem os Evangelhos canônicos em alguns manuscritos da Vulgata Latina. Estes prólogos surgiram no final do século IV ou início do século V como uma resposta direta à teologia de Marcião de Sinope. Os prólogos visavam refutar as ideias de Marcião, afirmar a unidade entre o Antigo e o Novo Testamento e estabelecer a autoridade e a linhagem apostólica dos quatro Evangelhos canônicos.

Marcião, ativo em Roma por volta de 144 d.C., defendia a existência de dois deuses distintos: um deus criador do Antigo Testamento, considerado inferior e legalista, e um Deus supremo e bom revelado por Jesus Cristo no Novo Testamento. Consequentemente, Marcião rejeitou o Antigo Testamento e propôs um cânon do Novo Testamento que consistia em uma versão expurgada do Evangelho de Lucas e dez epístolas paulinas, também editadas para remover quaisquer referências ao deus criador judaico.

Os Prólogos Antimarcionitas são curtos textos introdutórios colocados antes de cada um dos quatro Evangelhos. Embora existam variações entre os manuscritos, eles geralmente seguem um padrão similar, abordando os seguintes pontos:

  • Cada prólogo afirma a autoria do Evangelho (Mateus escrito para os hebreus, Marcos como intérprete de Pedro, Lucas como companheiro de Paulo e João, o discípulo amado). Ao fazer isso, eles ligam os Evangelhos diretamente aos apóstolos de Jesus, conferindo-lhes autoridade apostólica.
  • Os prólogos frequentemente indicam o público-alvo original de cada Evangelho, reforçando sua relevância para diferentes comunidades e contextos.
  • Implicitamente ou explicitamente, os prólogos se opõem à visão de Marcião ao enfatizar a continuidade entre o Antigo e o Novo Testamento e a unidade do Deus revelado em ambas as partes da Escritura. A inclusão de todos os quatro Evangelhos, em contraste com o cânon limitado de Marcião, já constitui uma refutação.
  • A própria existência dos prólogos, precedendo os quatro Evangelhos em conjunto, contribuiu para a consolidação do cânon do Novo Testamento como conhecido hoje.

A autoria exata dos Prólogos Antimarcionitas é desconhecida. Acredita-se que eles tenham surgido em círculos eclesiásticos na Itália ou no norte da África, provavelmente no final do século IV ou início do século V. Este período coincide com a época em que a influência de Marcião ainda era sentida e a Igreja estava firmando seu cânon e sua ortodoxia. Alguns estudiosos sugerem que figuras como Jerônimo ou Agostinho poderiam ter tido algum papel na sua disseminação, embora a autoria direta seja difícil de determinar.

William Perkins

William Perkins (1558–1602) foi um clérigo puritano inglês, cujo pensamento teológico moldou o puritanismo.

Nascido em Marston Jabbett, Warwickshire, Perkins estudou no Christ’s College, Cambridge, onde se tornou mestre e posteriormente fellow. Sua conversão ao puritanismo afetou sua vida e ministério. Perkins destacou-se como um pregador e um escritor prolífico, produzindo obras que abordavam desde a doutrina da predestinação até a aplicação prática da fé na vida cotidiana.

A teologia de Perkins tinha foco na justificação pela fé e na importância da santificação. Enfatizava a necessidade de um exame rigoroso da consciência e a busca constante pela certeza da salvação. Seus escritos sobre a “arte de profetizar” (pregação) influenciaram gerações de pregadores puritanos, promovendo um estilo de pregação claro, metódico e aplicado à vida dos ouvintes. Perkins também desenvolveu uma teologia do pacto, que delineava a relação entre Deus e a humanidade em termos de alianças.

Profetas de Zwickau

Os Profetas de Zwickau ou os Abecedarianos, um movimento religioso radical do início do século XVI, emergiram da cidade têxtil de Zwickau, na Saxônia, notórios por uma postura anti-intelectual e anti-teologia acadêmica.

Liderados por Nikolaus Storch, Thomas Dreschel e Markus Stübner, o movimento foi influenciado por Thomas Müntzer, embora a relação exata seja disputada, com alguns historiadores sugerindo que Storch influenciou a radicalização de Müntzer.

Os Profetas de Zwickau defendiam uma “igreja de membros cheios do Espírito”, priorizando revelações diretas do Espírito Santo sobre a autoridade escritural. Acreditavam que a verdade divina era acessível até aos mais ignorantes, rejeitando a necessidade de educação formal ou estudo bíblico, o que lhes valeu o apelido de “Abecedarianos”. Essa ênfase na revelação direta era acompanhada pela crença em um apocalipse iminente e pela defesa do batismo de crentes, embora não tenham instituído a prática do batismo adulto. Também apoiavam a eleição congregacional de pastores e criticavam a institucionalização da igreja, refletindo uma abordagem restauracionista.

Suas origens remontam à influência de Thomas Müntzer, um pregador luterano que serviu em Zwickau de 1520 a 1521. Embora a associação de Müntzer com o grupo seja complexa, com alguns historiadores sugerindo que Storch influenciou a radicalização de Müntzer, os Profetas de Zwickau desenvolveram suas próprias posições teológicas distintas. Em 1521 tentaram avançar seu programa de Reforma em Zwickau, sendo expelidos pelos magistrados locais.

Exilados de Zwickau, Storch, Dreschel e Stübner chegaram a Wittenberg em 1521, onde ganharam apoio de reformadores como Andreas Karlstadt. No entanto, sua presença causou agitação, levando Philipp Melanchthon a buscar a intervenção de Martinnho Lutero, que retornou a Wittenberg em 1522 e pregou contra os “Schwärmer” (fanáticos), suprimindo o radicalismo crescente. Após um confronto com Lutero, onde se recusaram a autenticar suas reivindicações com um milagre, denunciaram Lutero e deixaram Wittenberg.

Após sua partida, os Profetas se dispersaram. Storch continuou sua agitação em vários lugares, enquanto Stübner permaneceu mais tempo em Wittenberg, ganhando seguidores, incluindo Gerhard Westerburg e Martin Borrhaus antes de desaparecer dos registros históricos. Storch pode ter liderado uma seita anabatista na Francônia, e possivelmente retornou a Zwickau. Embora não tenham estabelecido uma igreja ou movimento duradouro, os Profetas de Zwickau deixaram uma marca significativa na paisagem religiosa da Reforma, desafiando a autoridade estabelecida e enfatizando a revelação espiritual.

A relação entre os Profetas e o anabatismo é controversa e não provada. Exceto a rejeição teórica do batismo infantil, não há conexões atestadas entre os dois movimentos.

BIBLIOGRAFIA

Burnett, Amy Nelson. “Karlstadt and the Zwickau Prophets: A Reevaluation” Archiv für Reformationsgeschichte – Archive for Reformation History, vol. 114, no. 1, 2023, pp. 105-128. https://doi.org/10.14315/arg-2023-1140106

Pentateuco de Damasco

O Pentateuco de Damasco, conhecido também como Codex Sassoon 507, datado do século X, quase completo dos cinco livros da Torá na versão massorética. Produzido por um escriba anônimo, é distinto do Documento de Damasco, um texto relacionado à comunidade de Qumran.