Os terafins (תְּרָפִים, θεραφίμ) são mencionados na Bíblia Hebraica como objetos associados a práticas religiosas e divinatórias. A palavra hebraica terafim é plural, mas pode se referir a um único objeto ou a um conjunto deles. A etimologia da palavra é incerta, com possíveis ligações a termos acádios e ugaríticos relacionados a deuses domésticos ou ancestrais.
A natureza exata dos terafins é debatida. Algumas interpretações sugerem que eram ídolos ou imagens representando divindades, enquanto outras os veem como objetos utilizados para comunicação com os mortos ou para adivinhação. A Bíblia não oferece uma descrição detalhada de sua aparência ou função, o que contribui para a variedade de interpretações.
Os terafins são mencionados em diversos contextos bíblicos.
Em Gênesis 31:19, 30, 34-35: Raquel furta os terafins de seu pai, Labão. Embora o texto não descreva sua aparência, o fato de Raquel escondê-los sob a sela de um camelo sugere que eram portáteis. Labão os chama de “meus deuses”, indicando seu significado religioso ou familiar.
Em Juízes, Juízes 17:5; 18:14, 17-18, 20: Mica, um efraimita, possui um santuário doméstico com um terafim, juntamente com um ídolo esculpido e um éfode. Isso associa os terafins a outros objetos de culto e sugere seu uso em práticas religiosas familiares.
Em 1 Samuel 19:13, 16: Mical, esposa de Davi, usa um terafim para enganar os enviados de Saul, colocando-o na cama e fingindo que era Davi doente. Essa passagem indica que o terafim tinha forma humana, possivelmente em tamanho natural. Também indica sua presença entre cultuadores de Yahweh.
Os profetas Isaías, Jeremias e Ezequiel condenam o uso de terafins, associando-os à idolatria e práticas religiosas proibidas. Esta perspectiva sugere que, em certos momentos da história de Israel, os terafins eram considerados incompatíveis com a adoração a Yahweh.
Ezequiel 21:21 menciona terafim no contexto da adivinhação de Nabucodonosor. O rei da Babilônia usa a adivinhação para decidir se deve atacar Jerusalém ou Rabá dos amonitas. Ele “consultou os terafins” como um de seus métodos de adivinhação, além de olhar para o fígado de animais sacrificados e usar flechas para adivinhação.
Isaías 2:6 menciona terafim também. O versículo afirma que Judá está cheio de “adivinhadores e adivinhos, como os filisteus”, e eles “fazem acordos com os filhos de estrangeiros”. A menção de adivinhação neste contexto, juntamente com a associação com práticas estrangeiras, vincula este versículo ao uso de terafim para fins de adivinhação.
Oseias 3:4: O profeta menciona os terafins em conjunto com o éfode e as imagens de escultura, condenando seu uso como parte da idolatria de Israel.
Zacarias 10:2: Os terafins são criticados por darem “oráculos vazios”, indicando seu uso em práticas de adivinhação.
Apesar da condenação profética, a presença de terafins em alguns relatos bíblicos indica que esses objetos faziam parte da religião popular em Israel, especialmente em contextos domésticos. A relação exata entre os terafins e a religião oficial de Israel é complexa e objeto de debate entre os estudiosos.
Estudos arqueológicos revelaram a existência de objetos que podem ser relacionados aos terafins, como pequenas estatuetas e placas votivas encontradas em sítios arqueológicos do antigo Oriente Próximo.
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