Os textos bíblicos de Levítico 11 e Deuteronômio 14 apresentam diretrizes detalhadas para classificar animais como “puros” (permitidos para consumo) ou “impuros” (proibidos). Essas classificações faziam parte da Lei Mosaica dada aos israelitas e possuíam significados tanto dietéticos quanto rituais.
No caso dos animais terrestres, eram considerados puros aqueles que possuíam cascos fendidos (completamente divididos) e que ruminavam, como bovinos, ovelhas, cabras, cervos e gazelas. Animais que não possuíam essas características eram classificados como impuros, como porcos, coelhos, camelos, cavalos, cães e gatos. Entre os animais aquáticos, os considerados puros precisavam ter nadadeiras e escamas, como a maioria dos peixes comuns, incluindo salmão, atum e bacalhau. Aqueles que não apresentavam essas características, como mariscos, enguias e bagres, eram considerados impuros.
Quanto às aves, a maioria era classificada como pura, exceto por aquelas descritas como aves de rapina ou carniceiras. Exemplos de aves puras incluíam galinhas, pombas e rolas, enquanto águias, abutres, falcões, corujas e corvos eram mencionados como impuros. Em relação aos insetos, apenas certos tipos de gafanhotos, grilos e esperanças eram considerados puros, com a característica específica de possuírem pernas articuladas acima dos pés que lhes permitiam saltar. A maior parte dos demais insetos era classificada como impura.
As razões para essas classificações não são explicitamente mencionadas nos textos bíblicos, mas várias teorias foram propostas. Uma delas sugere que as leis tinham o objetivo de promover higiene e saúde, proibindo o consumo de animais mais propensos a transmitir doenças ou parasitas. Outra hipótese aponta para um significado simbólico, associando os animais puros à pureza e proximidade com Deus, enquanto os impuros representariam impureza ou elementos a serem evitados. Também se propõe que as leis dietéticas tinham uma função de formação espiritual, ensinando obediência e autodisciplina aos israelitas, além de diferenciá-los como um povo santo.
No Novo Testamento, Jesus declara que todos os alimentos são puros (Marcos 7:19), e o apóstolo Pedro recebe uma visão que indica que as leis dietéticas não são mais obrigatórias (Atos 10:9-16). Apesar disso, alguns cristãos optam por seguir essas diretrizes por razões pessoais ou de saúde, mantendo as práticas associadas às classificações bíblicas originais.
