Codex Wizanburgensis

Codex Wizanburgensis, ou mais apropriadamente, Codex Guelferbytanus 99 Weissenburgensis, é um manuscrito medieval com trechos da Vulgata latina e homílias de Agostinho.

Os defensores da inclusão da Comma Johanneum afirmam que existe um manuscrito grego chamado “Codex Wizanburgensis” com essa passagem. Porém, é um manuscrito da Vulgata Latina do século VIII, não grego. Jan Krans-Plaisier (2014) localizou o manuscirto, o qual se trata do manuscrito nr. 99 da coleção Weissenburg na biblioteca Herzog August em Wolfenbüttel, Alemanha. O volume contém homílias de Agostinho, as Epístolas universais, as cartas a Timóteo, Tito e Filémon.

A origem dessa informação inacurada vem de uma edição de Lachmann do NT grego e latino (Berlim, 1842 e 1850) e de um artigo de Robert Lewis Dabney de 1871. No entanto, no manuscrito em questão aparece a seguinte leitura:

“E o espírito é a verdade, porque há três que dão testemunho, o espírito, a água e o sangue. E os três são um. Como também no céu há três o pai, a palavra e o espírito. E os três são um.”

SAIBA MAIS

Herzog August Bibliothek 

http://www.hab.de/ausstellung/weissenburg/expo-15.htm

Krans-Plaisier, Jan. Wizanburgensis Revisited. The Amsterdam NT Weblog. 28 de março de 2014. http://vuntblog.blogspot.com/2014/03/wizanburgensis-revisited.html

Comma Johanneum

Comma Johanneum ou Comma Johannina é o texto em manuscritos latinos (e cerca de uma dezena manuscritos gregos tardios) de 1 João 5:7-8, onde se lê:

“Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um. E três são os que testificam na terra: o Espírito, e a água, e o sangue; e estes três concordam num.”

Na quase totalidade dos manuscritos gregos aparece:

Temos, portanto, três testemunhas,o Espírito, a água e o sangue, e as três concordam entre si.

Não há evidência segura da presença da Comma Johanneum em nenhum manuscrito grego até o século XIV (no manuscrito Minúscula 629), mas foi incluída na terceira edição do Textus Receptus de Erasmo.

Esse trecho parece ter surgido em uma pregação latina do século IV para ser uma alegoria para referir à Trindade. A partir daí, chegou às cópias da Vulgata Latina e foi citado por vários autores latinos.

A tradução alemã de Lutero, baseada na segunda edição do Novo Testamento grego de Erasmo (1519), não contém a passagem.

MANUSCRISTOS GREGOS COM A COMMA JOHANNEUM

Minúscula 629. Século XIV.

Minúscula 61 (produzida em 1520)

Minúscula 918 (século XVI)

Minúscula 2318 (século XVIII)

Há também quatro manuscritos com a Comma Johanneum na margem do texto, acrescentada posteriormente

Minúscula 88 século XII; adição no século XVI).

Minúscula 221. século X;  adição no século XVI).

Minúscula 429 (século XIV;  adição no século XVI).

Minúscula636 (século XV; adição no século XVI).

Gregory-Aland 177. Inserção posterior, provalmente no século XVIII, “e os três estão de acordo”.

O Codex Wizanburgensis, mencionado em alguns textos como contendo a Comma Johanneum, na verdade é um manuscrito latino.

BIBLIOGRAFIA
Galiza, Rodrigo; Reeve, John W. “The Johannine Comma (1 John 5:7–8): The Status of Its Textual History and Theological Usage in English, Greek, and Latin” ” Andrews University Seminary Studies 56 (2018) 63-89.