Papiro Deir Balyzeh

O Papiro Deir Balyzeh ou Der Balyzeh Euchologion são fragmentos de um papiro do século VI proveniente do Egito. Contém fragmentos de textos cristãos: três orações, um credo curto e uma porção de Anáfora (uma Oração Eucarística).

Os fragmentos em três folhas escritas em unciais em ambos os lados e agora na Biblioteca Bodleian, foram encontrados em 1907 nas ruínas do mosteiro Deir Balyzeh na vila de Al Balyzeh na província de Asyut. O mosteiro chegou a ter uma população estimada de 1000 monges entre os anos 500 e 750.

O credo é bem curto e pode ser para fins batismais:

Creio em Deus Pai todo-poderoso e em seu Filho unigênito, nosso Senhor, nosso Senhor Jesus Cristo, no Espírito Santo, na ressurreição da carne, na santa Igreja universal.

Württemberg Confession

A Confissão de Württemberg, conhecida como Confessio Wirtembergica, é um documento teológico luterano elaborado em 1551 por Johannes Brenz ou Brentius, reformador no Ducado de Württemberg, no sudoeste da Alemanha, a pedido do Duque Christopher de Württemberg. Seria aprovada por comissões da Suábia, Estrasburgo, e outras localidades luteranas do sul da Alemanha. Apresentada ao Concílio de Trento em 1552, a confissão busca articular a fé luterana em diálogo com as questões debatidas durante a Reforma Protestante.

A confissão afirma a autoridade das Escrituras como a única fonte infalível de doutrina e prática cristã. As Escrituras são interpretadas à luz da compreensão histórica da igreja, especialmente conforme expressa nos credos ecumênicos. Nesse contexto, rejeita-se qualquer tradição ou ensino que contradiga a autoridade bíblica.

A doutrina da justificação pela fé ocupa posição central, enfatizando que a salvação é um dom da graça de Deus, recebido unicamente pela fé em Jesus Cristo. Obras humanas ou méritos não contribuem para a salvação, em contraste com as doutrinas defendidas pela Igreja Católica Romana na época.

A confissão descreve a igreja como uma comunhão espiritual de crentes unidos em Cristo, rejeitando a estrutura hierárquica e o poder político da igreja romana. O foco é a comunidade de fé, onde o Evangelho é pregado e os sacramentos são administrados em conformidade com os ensinos das Escrituras.

Diversos ensinamentos e práticas católicas são repudiados, incluindo a ideia da Missa como sacrifício, a doutrina do purgatório, a invocação de santos e a valorização da vida monástica como um estado espiritual superior. Cada uma dessas rejeições é fundamentada na crença de que tais práticas carecem de respaldo bíblico ou obscurecem a obra redentora de Cristo.

Sobre os sacramentos, a Confissão de Württemberg enfatiza o Batismo e a Ceia do Senhor como meios de graça essenciais para a vida cristã. No entanto, rejeita a doutrina da transubstanciação, ao mesmo tempo que sustenta a presença real de Cristo na Ceia, discernida espiritualmente por meio da fé.

A confissão também aborda o papel da autoridade civil, reconhecendo sua legitimidade para manter a ordem e a justiça. Contudo, insiste na separação entre igreja e estado, refutando as reivindicações de poder temporal da Igreja Católica Romana.

A Confissão de Württemberg contém 35 artigos que ampliam os temas presentes na Confissão de Augsburgo e refletem as tensões teológicas e eclesiológicas do século XVI. Reafirma os pilares centrais do luteranismo enquanto responde ao diálogo teológico entre luteranos e católicos no Concílio de Trento. Contudo, o Livro de Concórdia absorveu os temas e substituiu essa confissão como instrumento normativo.

Pontos de doutrina e da fé: uma exposição bíblica

ALVES, Leonardo Marcondes. Pontos de Doutrina e da Fé: uma exposição bíblica. Círculo de Cultura Bíblica, 2024. ISBN 978-65-266-2284-1

O livro “Pontos de Doutrina e da Fé: uma exposição bíblica” de Leonardo Marcondes Alves oferece uma análise detalhada das principais doutrinas da fé cristã. Escrito em linguagem acessível e com profundo embasamento bíblico, o livro examina os doze pontos fundamentais das crenças cristãs, redigidos na histórica convenção de Niagara Falls em 1927.

Explicado a partir de um ponto de vista de um membro da Congregação Cristã no Brasil, é destinado aos membros da CCB e aos leitores interessados a conhecerem seus fundamentos doutrinários. A obra destaca temas essenciais para o discipulado e a edificação na fé. Alves, como biblista e pesquisador, proporciona uma leitura essencial para compreender as bases doutrinárias do movimento pentecostal italiano.

O livro pode ser adquirido nos seguintes links:

https://loja.uiclap.com/titulo/ua62929/

https://clubedeautores.com.br/livro/pontos-de-doutrina-e-da-fe

https://agbook.com.br/book/675298–Pontos_de_Doutrina_e_da_Fe

https://www.amazon.com/dp/B0DCJKJGXX (América do Norte, Europa, Japão)

ISBN 9786526622841 (Brasil)

ISBN: 979-8335135290 (Amazon)

DOI 10.5281/zenodo.11212072

Afraates

Afraates, Afraate ou Aphrahat (c. 280–c. 345) foi um teólogo cristão siríaco vindo do Império Sassânida, talves de origens iranianas.

Pouco se sabe sobre a sua infância, mas provavelmente teve sua proeminência durante um período de intensa perseguição aos cristãos sob o domínio da dinastia sassânida. Teria sido um ascético e celibatário.

As contribuições notáveis de Afraates para a literatura cristã consistem principalmente em sua série de vinte e três exposições ou homílias, conhecidas como Demonstrações, que são formas sistemáticas de exposição teológica.

É provável que as Demonstrações tenham sido produzidas mais tarde em sua vida, durante uma época de convulsões e perseguições religiosas. As primeiras dez homilias enfocam o ascetismo, abordando temas como fé, jejum, oração, arrependimento e humildade. A interpretação dos textos bíblicos revela o uso do Diatessaron e uma hermenêutica similar ao judaísmo talmúdico da Babilônia.

Sua cristologia diverge dos debates contemporâneos sobre a natureza de Cristo no Império Romano. Não tinha sido influenciado pelos concílios, como o de Niceia, nem por conceitos filosóficos gregos. A cristologia de Afraates baseia-se nas narrativas do Antigo Testamento, particularmente na história de Adão. Ele vê Adão e Jesus como seres perfeitos criados diretamente por Deus, com Jesus incorporando a forma humana ideal através de sua morada divina.

As percepções teológicas de Afraates estendem-se a temas escatológicos, com seus escritos oferecendo um relato detalhado da descida de Cristo ao submundo. As manifestações também se envolvem em discursos polêmicos, especialmente contra os críticos judeus do cristianismo, abordando temas como dias de festa, circuncisão, a virgindade de Maria e a divindade de Jesus.

Credo de Afraates

Na Demonstrações, Homília 1.9 há um sumário da fé que Afraates pretende demonstrar. Essa reconstituição feita por Connolly atesta um credo pessoal conforme as crenças das igrejas cristãs siríacas. É um testemunho notável da ortodoxia existente fora da esfera mediterrânea e uma tradição independente da teologia nicênica.

  1. Eu creio em Deus, Senhor de tudo,
    que criou os céus e
    a terra e os mares e tudo
    o que neles há;
  2. [E em nosso Senhor Jesus Cristo,]
    [o Filho de Deus,]
    Deus, Filho de Deus,
    Rei, Filho do Rei,
    Luz da Luz
    (Filho, Conselheiro, e Guia,
    e Caminho, e Salvador, e Pastor, e Reunidor, e Porta,
    e Pérola, e Lâmpada,)
    e Primogênito de todas as criaturas,
  3. Que veio e vestiu um corpo
    em Maria a Virgem (da
    semente da casa de Davi, do
    Espírito Santo),
    e assumiu nossa humanidade,
  4. e sofreu, ou, e foi crucificado,
  5. desceu ao lugar dos
    mortos, ou, ao Sheol,
    e viveu novamente, e ressuscitou ao
    terceiro dia,
  6. e ascendeu às alturas, ou,
    ao céu,
    e sentou-se à direita de
    Seu Pai,
  7. e Ele é o Juiz dos mortos
    e dos vivos, que está sentado no
    trono;
  8. [E no Espírito Santo:]
  9. [E eu creio] na ressurreição dos
    mortos;
  10. [e] no mistério do Batismo
    (da remissão dos pecados)

BIBLIOGRAFIA

Connolly, Richard Hugh. “The Early Syriac Creed.” Zeitschrift für die Neutestamentliche Wissenschaft und die Kunde der Älteren Kirche 7.Jahresband (1906): 202-223.

Neusner, J. Aphrahat and Judaism: The Christian Jewish Argument in Fourth-Century Iran. Leiden, 1971. Pp. 130–131.

Pass, H. L. “The Creed of Aphraates.” Journal of Theological Studies 9 (1908): 267–284.

Petersen, W. L. “The Christology of Aphrahat, the Persian Sage: an Excursus on the 17th Demonstration.” Vigiliae Christianae 46 (1992): 241–255.

Pierre, M.-J. Aphraate le sage persan: Les exposés. SC 349. Paris, 1988. SC 359. Paris, 1989. Pp. 144–145, 156–162.

Ruzer, S., and A. Kofsky. “Chapter One. Aphrahat: A Witness Of Pre-Nicene Syrian Theology.” In Syriac Idiosyncrasies, 7-39. Brill, 2010.

Schwen, P. Afrahat: Seine Person und sein Verständnis des Christentums. Ein Beitrag zur Geschichte der Kirche in Osten. Berlin, 1907. Pp. 56–59.

Wright, W. The Homilies of Aphraates, the Persian Sage. London, 1869.

Murray, R. “Hellenistic-Jewish Rhetoric in Aphrahat.” In R. Lavenant (ed.), III Symposium Syriacum: Les contacts du monde syriaque avec les autres cultures. Rome, 1983. Pp. 79–85.

Úlfilas

O bispo Úlfilas (c.311– 383 d.C.), também conhecido como Wulfilas ou Urphilas, foi um pregador e missionário gótico do século IV, tradutor da Bíblia, expoente do cristianismo godo e membro da Igreja Ariana.

Úlfilas nasceu onde hoje é a Romênia, descendente de gregos da Capadócia e foi criado como cristão em uma sociedade religiosamente diversa. Úlfilas foi ordenado bispo por Eusébio de Nicomédia, um líder ariano, em 336 ou 341.

Traduziu a Bíblia para o gótico. Para tal, criou o alfabeto gótico e evangelizou os godos. Enfrentou perseguição e eventualmente liderou a migração de sua congregação para a Moésia (agora parte da Bulgária) com o consentimento do imperador romano ariano Constâncio II.

O credo pesssoal de Úlfila aparece na sua biografia, Vita, escrita pelo seu discípulo Auxêncio de Durostorum.

Acredito que existe um deus, um pai30 unigênito e invisível;

e em seu filho unigênito, nosso Senhor e Deus, o obreiro e criador de toda a criação, que não tem igual (portanto, há um só Deus, o Pai de todos, que é também o Deus do nosso Deus);

e um só Espírito Santo, poder iluminador e santificador, como disse Cristo depois da ressurreição aos seus apóstolos: Eis que envio em vós a promessa de meu Pai; mas você fica na cidade de Jerusalém até que seja revestido de força do alto. Além disso: E recebereis o poder que virá sobre vós no Espírito Santo, nem Deus nem nosso Deus, mas o servo de Cristo <…> [fiel, não igual, mas] sujeito e obediente em todas as coisas ao Filho, e ao Filho sujeito e obediente e em todas as coisas a Deus e ao Pai […].

BIBLIOGRAFIA

Faber, Eike. Von Ulfila bis Rekkared: Die Goten und ihr Christentum, Potsdamer Altertumwissenschaftliche Beiträge 51. Stuttgart: Franz Steiner, 2014.

Toom, Tarmo. “Ulfila’s Creedal Statement and Its Theology.” Journal of Early Christian Studies 29.4 (2021): 525-552.

Wulfila Project. Ed. Tom de Herdt. University of Antwerp, 2015.  http://www.wulfila.be/gothic/browse/

Ulfila och den gotiska bibeln/Wulfila and the Gothic Bible, ed. Lars Munkhammar, Uppsala Universitetsbiblioteks Utställningskatalog 50. Uppsala: Uppsala University, 2011.