Federico Fliedner

Federico Fliedner Bertheau (1845 – 1901) foi um teólogo, pastor, missionário, filantropo, jornalista, editor, escritor e poeta protestante reformado, de origem alemã e naturalizado espanhol. Polímata e multifuncional, atuou para consolidar o protestantismo espanhil.

Filho do teólogo evangélico Theodor Fliedner, Federico foi pai de Jorge, Catalina e Juan Fliedner Brown, e avô de Elfriede Fliedner Klingender, sua família foi ativa em círculos protestantes avivados na Alemanha e Itália.

Nascido em Kaiserswerth, Düsseldorf, Fliedner foi educado no Gymnasium de Gütersloh. Seus estudos teológicos em Halle (1864-1866) e doutorado em Tubinga (1867) receberam influências dos teólogos August Tholuck e Johann Tobias Beck. Após uma breve experiência como professor rural em Hilden em 1868, serviu como enfermeiro na Guerra Prusso-Austríaca e fez uma viagem à Itália, onde teve contato com os valdenses.

Em março de 1869, com a promulgação da liberdade de culto na Espanha, Fliedner viajou para o país. No ano seguinte, foi ordenado pastor e enviado como missionário pela Igreja Evangélica da Alemanha, estabelecendo-se em Madrid em 9 de novembro de 1870. Ali, tornou-se capelão da legação alemã. Dedicou-se ao aprendizado do espanhol, completou o bacharelado na Espanha e estudou medicina na Universidad Central. Sua atuação religiosa começou na Igreja de Jesus, na rua Calatrava, Madrid, onde sucedeu Francisco de Paula Ruet como pastor em 1878. Em 1880, adquiriu e reconstruiu uma casa em ruínas em El Escorial, onde Filipe II havia se hospedado, transformando-a em um hospício para órfãos e uma escola, a “Casa de Paz”.

Sua dedicação à causa protestante o levou a viajar por diversas províncias, fundando escolas em cada congregação para elevar o nível cultural dos protestantes reformados espanhóis. Fliedner foi fundamental na formação da Igreja Cristã Espanhola (1872), precursora das atuais Igreja Evangélica Espanhola (IEE) e Igreja Espanhola Reformada Episcopal (IERE).

Em 1873, fundou a Librería Nacional y Extranjera, uma editora com amplo catálogo de obras literárias, livros didáticos e periódicos, incluindo El Amigo de la Infancia (1874-1939), lido por Miguel de Unamuno, e a Revista Cristiana (1880-1919), um influente periódico científico e religioso que alcançou 888 edições.

Sua prolífica produção literária incluiu biografias de John Howard, Elizabeth Fry, David Livingstone e Lutero (1878), além de seus próprios pais, Theodor Fliedner de Kaiserswerth (1883) e Carolina Fliedner de Kaiserswerth (1883). Sua autobiografia, publicada postumamente em alemão (Aus Meinem Leben, 1901-1903) e posteriormente traduzida para o espanhol na Revista Cristiana, detalha sua vida e obra. Fliedner também iniciou a tradução para o espanhol do Novo Testamento, com notas do francês Ed. Faivre, trabalho que seria completado por um de seus netos a partir da Epístola aos Hebreus.

Casado com a escocesa Juana Brown, Fliedner teve uma família numerosa. Juntos, eles desenvolveram uma escola preparatória de bacharelado. Os bons resultados dessa iniciativa os motivaram a criar um centro privado de ensino secundário, o Colegio El Porvenir de Madrid, inaugurado em 31 de outubro de 1897, no Dia da Reforma. Anexada ao colégio, foi criada a Librería Calatrava, especializada em literatura protestante.

Fliedner também foi autor de um hinário protestante reformado em espanhol para a escola dominical.

Adopcianismo

Adopcianismo ou adocionismo espanhol foi uma controvérsia cristológica nos séculos VIII-IX na Península Ibérica.

No século VIII na Espanha, aparentemente de modo independente da antiga heresia adocionista, o arcebispo de Toledo Elipando e o bispo Félix de Urgel levantaram a questão da dupla natureza Deus-Homem. Argumentavam que somente por sua natureza divina de Cristo o verdadeiro Deus, mas em sua natureza humana seria adotado por Deus. A essa natureza humana faltava atributos divinos, especialmente a onisciência, similar aos ensinamentos dos agnoitas.

Em 792, Félix foi intimado para um sínodo em Regensburg, renunciou ao seu ensino, etiquetado como heresia nestoriana. Confirmou a sua renúncia em Roma perante o papa Adriano. Mas voltando a Urgel, Félix voltou aos seus antigos pontos de vista. A controvérsia seguiu até que Félix abdicou ao seu bispando, vivendo em Lyon até sua morte em 818. A posição foi condenada por um sínodo de Frankfurt em 794.

Além da questão cristológica, havia tensões sobre o status das igrejas espanholas desde a conversão do rei ariano Recaredo ao catolicismo em 589. Havia resistência do clero espanhol em submeter-se à autoridade carolíngia e papal.

BIBLIOGRAFIA

Cavadini, John C. The Last Christology of the West. Adoptionism in Spain and Gaul, 785-820. Philadelphia, 1993.

Freedman, Paul “L’influence wisigothique sur l’eglise catalane,” in L’Europe héretière de l’Espagne wisigothique (Coll. dela casa de Velázquez, vol. 35), ed. Jacques Fontaine et al. Madrid, 1992, 69-79, 75f.

Firey, Abigail “Carolingian Ecclesiology and Heresy. A Southern Gallic Juridical TractAgainst Adoptionism” Sacris Erudiri 39 (2000): 253-316.

Sefarade

O nome Sefarade (סְפָרַ֑ד) aparece com localização incerta no Livro de Obadias (1:20), referindo-se aos exilados israelitas nesse local.

Desde o início da Idade Média, os targums identificam a Espanha como Sefarad, tal como em hebraico moderno e pelos judeus ibéricos referem-se a si próprios como sefarditas. Outras teorias, baseada em inscrições persas e nos Anais de Sargão II, localizam dois lugares chamados Sparda: um na Média e o outro em Sardis, a antiga capital da Lídia, na Ásia Menor. Há também a hipótese de que Sefarade esteja situado na Líbia.

A Peshitta glosa Sefarade como Espanha. E o Targum Jonathan em Obadias 20 “Espamia”. As consoantes para “Sardis” e “Sefarad” são semelhantes.

BIBLIOGRAFIA

Neiman, David.”Sefarad, the Name of Spain”. Journal of Near Eastern Studies, 22 (1963) 128-132.