O conceito de justiça e retidão na Bíblia, embora frequentemente traduzido com o mesmo termo em português, possui nuances e complexidades que exigem uma análise cuidadosa. No Antigo Testamento, a palavra hebraica ṣedeq (justiça) e ṣedaqah (retidão) expressam, primariamente, uma ideia de “relacionamento correto”, referindo-se ao comportamento adequado dentro da aliança entre Deus e Israel. A justiça divina se manifesta na fidelidade de Deus às suas promessas e na sua ação em favor do seu povo, enquanto a retidão humana se expressa na obediência aos mandamentos e na vivência de uma vida em conformidade com a vontade divina.
É importante destacar que a justiça e a retidão na Bíblia não se limitam a uma esfera legalista ou individualista. A justiça de Deus se manifesta também na sua compaixão pelos oprimidos e na sua busca por restaurar a ordem social, promovendo o bem-estar da comunidade. A retidão humana, por sua vez, não se resume ao cumprimento de normas, mas implica em um compromisso com a justiça social e a compaixão para com o próximo.
No Novo Testamento, o termo grego dikaiosynē (justiça) mantém uma relação complexa com o conceito hebraico. Embora possa se referir à justiça em um sentido legal ou moral, o seu significado central no contexto da teologia paulina é a “justificação pela fé”. Deus, em sua graça, declara o pecador justo por meio da fé em Jesus Cristo, independentemente de suas obras. Essa justiça imputada não se baseia no mérito humano, mas na obra redentora de Cristo e na fidelidade de Deus à sua promessa de salvação.
A partir da Reforma Protestante, o debate sobre a justiça e a retidão se intensificou, com diferentes ênfases e interpretações. A teologia luterana e reformada destacou a justiça imputada como um dom gratuito de Deus, enquanto a teologia católica romana enfatizou a importância da justiça infundida, pela qual Deus concede ao crente a graça para viver em conformidade com a sua vontade. A teologia wesleyana, por sua vez, desenvolveu o conceito da justiça comunicada, que capacita o cristão a buscar a santificação progressiva por meio da obra do Espírito Santo.
Compreender a justiça e a retidão na Bíblia requer uma análise cuidadosa dos diferentes contextos e termos utilizados, evitando anacronismos e simplificações. A justiça e a retidão se manifestam na fidelidade de Deus à sua aliança, na sua ação em favor do seu povo e na sua busca por restaurar a ordem social. A retidão humana se expressa na obediência a Deus, no compromisso com a justiça social e na busca por uma vida transformada pela graça divina.
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Justificação, em grego dikaíōsis, aparece apenas em Rm 4:25 e Rm 5:18, é o ato transformativo de capacitar a vida em retidão ou justiça diante de Deus, tais palavras traduzem os conceitos bíblicos de dikaiosynē ou tzedakah.
No Novo Testamento e na Septuaginta, o substantivo dikaiosynē (justiça) refere-se ao comportamento correto de uma pessoa. Porém, o verbo dikaioō (ser considerado justo) aparece para denotar uma decisão, ação ou opinião favorável a respeito de alguém, incluindo, mas não se limitando, a um contexto forense. Para complicar, mesmo dentro do corpus paulino há diferenças de conotações.
Há conotações que se perdem na tradução. O termo hebraico hatsdiq seria vertido para o grego dikaioun e, por fim, nas línguas latinas justificar. No hebraico, hatsdiq seria vindicar, apresentar como justo, ser declarado justo ou inocente, habitar em justiça. Já o sentido grego dikioun apresenta ainda uma conotação forense, ou seja, fazer justiça ou justiçar, o que pode ser inclusive uma sentença condenatória. Dada a raridade do termo dikaíōsis, não há precisão de seu alcance semântico, tampouco certeza das definições propostas.As ambiguidades do grego passaram para o latim que separa iustitia de misericordia. Para complicar, boa parte da recepção desse conceito em língua inglesa distingue entre righteousness (retidão, algo pessoal) e justice (justiça, algo social), distinção não compreendida pelo conceito de tzedakah.
SENTIDOS BÍBLICOS
Nos sentidos bíblicos, na justificação corrige-se um ato errôneo. No Antigo Testamento havia o anseio de sanar as injustiças dos ímpios (Sl 37), além de o próprio ser humano se justificar (Jó 32:2; Jó 33:32; Is 43:9), visto que Deus se apresenta como demandando justiça (Dt 32:4; Sl 11:7; Sl 146:6-8; Is 5:16), especialmente para o vulnerável (Sl 10:14-18; Sl 72:1-2; Pv 31:8-9). Em contrapartida, há uma preocupação de demonstrar que Deus age em justiça (Jó 32:2; Sl 51:4).
Em uma analogia de um julgamento, a justificação aparece nas Escrituras na prestação de contas de Israel com Deus dentro de uma aliança. Assim, a justificação passou a denotar e esperança de Deus restaurar a sorte de Israel depois das opressão, sendo inocentada como nação em um julgamento (cf. Sl 43:1; 135:14; Is 50:8; Lc 18:7), expurgado de suas transgressões. Nesse sentido, a justificação seria um ato declarativo.
Diante a impureza moral e ritual, a expectativa messiânica era de que o messias possibilitasse a justificação em um reino de justiça (Sl 97). Jesus não limitou essa justificação a uma nacionalidade. Antes, pregou a justificação de Deus aos pobres. O cobrador de impostos, e não o fariseu (hipocritamente autojustificado), voltou para casa justificado diante de Deus (Lc 18,14).
A morte de Jesus na cruz poderia ser vista como uma sentença condenatória por parte de Deus, mas sua ressurreição seria entendida pelos discípulos como a “vindicação” ou “justificação” de Deus da obra de Jesus (cf. Atos 3:14-15, 26; 1 Tim 3:16). O Novo Testamento retrata Jesus Cristo cumprindo essa expectativa messiânica pelo sangue de sua morte (Rm 3:24-25) e pela sua ressurreição. Esses eventos foram para justificação (Rm 4:25), possibilitando que a humanidade obtenha paz com Deus (Rm 5:1) e implantando o seu reino de justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm 14:17).
Sumarizando o sentido dos termos cognatos com dik* em Paulo, há as conotações:
fruto pelo relacionamento com Cristo (Fp 1:11; 3:9);
libertação do domínio do mal e pecado em uma justiça transformadora (Rm 6:7-22);
ser contado como justo (Rm 3, 4, 5);
ser declarado justo (justificação forense) (Rm 2:13; 8:1 em via negativa).
E em sumário, através da Bíblia:
Significado de Justiça
Descrição
Exemplos Bíblicos
Desafios
Conformidade com uma Norma/Lei
Aderência a regras, leis e padrões estabelecidos, geralmente com foco em mandamentos divinos.
Lev 19:36-37; Dt 6:25; Sl 119:172; Ez 18:19; Mt 6:1
Não explica facilmente “justiça” como misericórdia ou salvação; pode criar uma tensão entre a justiça e a misericórdia de Deus.
Fidelidade/Solidariedade em um Relacionamento
Lealdade e fidelidade dentro de um relacionamento, especialmente entre Deus e humanos ou dentro de uma comunidade.
1 Sam 26:23; Prov 31:9; Sl 82:3; Is 11:4; Jer 22:3
Pode não se alinhar totalmente com as raízes etimológicas da palavra; alguns textos descrevem a justiça de Deus como punição.
Fidelidade à Aliança
Manter o acordo da aliança entre Deus e Israel, implicando obediência e lealdade.
Dt 6:25; Ez 18:19; Sl 31:1; Lev 19:36-37; Is 62:1
Difícil de aplicar a não israelitas que são chamados de justos; não explica totalmente a rejeição de Paulo da “justiça da Lei”.
Lealdade a uma Promessa
Fidelidade de Deus às suas promessas, particularmente promessas de salvação.
Dn 9:7; Dn 9:16; Sl 143:1; Sl 98:2; Is 45:23
Concentra-se principalmente na justiça de Deus e pode não abranger totalmente a justiça humana ou os aspectos legais.
Vontade/Ação Salvífica
Ações salvadoras e misericordiosas de Deus, geralmente equiparadas à própria salvação.
Sl 40:10; Sl 71:2; Sl 71:15; Sl 98:2; Is 45:8; Is 46:13
Pode parecer um afastamento da compreensão tradicional de “justiça”; alguns textos mostram a justiça como salvação e punição.
Ordem na Criação
Manter a ordem adequada do universo, tanto no mundo natural quanto na sociedade humana.
Sl 85:12-13; Sl 97:1-2; Jer 22:3; Sl 112:9
Não explica totalmente por que os pecadores apelam para a justiça de Deus para a salvação; pode não explicar os diferentes tipos de “justiça” em Paulo.
Outros Significados
Vitória, inocência/integridade, estabelecimento de um relacionamento correto com Deus.
Is 59:16; Jó 27:5-6
Esses significados geralmente têm um escopo mais restrito e podem não explicar toda a gama de uso bíblico.
Conformidade com o que é Indicado/Estabelecido (Significado Básico Proposto)
Alinhamento com o que é especificado ou revelado, seja uma lei, uma promessa ou a vontade de Deus.
Gn 15:6; 1 Sam 12:7; Esdras 9:15; Dt 32:4; Mt 1:19
Este significado mais amplo potencialmente engloba os outros significados como instâncias específicas.
TEOLOGIA
A justificação é o tema central da teologia protestante, oriunda de uma preocupação presente nas teologias ocidentais desde o século XI acerca da obra de expiação.
Diversas teorias soteriológicas tentam explicar como Jesus Cristo foi oferecido pelo pecado (2 Co 5:21), para que a humanidade mediante a fé nele fosse justificada (Rm 3:26). Metáforas como resgate, regeneração, restauração, redenção, processo penal, participação da natureza divina integram a doutrina da justificação à doutrina da salvação.
Agostinho apresentou justificação como “ficar ou fazer justo” diante de Deus em contraste com o que ele representava o pensamento de Pelágio sobre a justificação como imitação da obra justa de Cristo.
A doutrina da justificação pela fé de Lutero enfatiza um aspecto forense da salvação do crente em contraste com as interpretações “papistas” e “escolásticas” da justiça infundida merecida por boas obras.
Lutero distinguiu didaticamente entre justiça coram deo (diante de Deus) e coram mundo (diante do mundo). A justiça coram deo seria uma justiça passiva, a justiça da fé, a justiça do Evangelho ou justiça de identidade, porque restaura a identidade do homem como filho de Deus. Não é baseado em obras. A justiça coram mundo também é chamada de justiça ativa, justiça civil, justiça da lei e justiça da razão, justiça de caráter e trata das atitudes e comportamentos de uma pessoa. O homem é capaz de fazer grandes coisas pelo próximo por meio de sua razão e força. No entanto, essas boas obras são imperfeitas, maculadas por desejos pecaminosos e motivações impuras. Assim, não pode merecer a salvação. No entanto, Deus cuida do bem-estar temporal deste mundo e espera que as obras do homem cuidem de suas criaturas. Enquanto somente Deus é responsável pela salvação somente pela graça através da fé somente não tira as responsabilidades do homem dentro do mundo.
Muitos teólogos e o protestantismo popular após Lutero confudiram essa distinção didática como se fossem processos distintos. Assim, atribuíam um caráter salvítico somente à justificação coram deo, temendo que a justiça coram mundo pudesse implicar obras meritórias. Assim, várias vertentes teológicas negligenciaram as consequências transformativas da justificação e as consequências das boas obras produzidas pelos justificados em Cristo: os que andam em novidade de vida em retidão por graça de Deus.
Stephen Chester demostrou como o Comentário de Gálatas de Lutero reúne justificação e participação por meio de uma estrutura orientada cristologicamente. A justificação não é apenas um status forense, mas também a criação da vida por Deus a partir da morte, pois o crente participa da vida de Deus em Cristo. Esse foco na participação na vida de Deus fornece uma congruência conceitual entre a doutrina da justificação de Lutero e a promessa da teose.
Várias vertentes evangélicas buscaram além dos aspectos forenses e dessa teologia popular. Abordagens weslayanas e algumas católicas enfatizam a união mística em Cristo. O pentecostalismo clássico sintetiza aspectos forenses com transformativos ao considerar a justificação como ato do Espírito Santo que vindica o crente e o capacita para obras de justiça. A hermenêutica da obediência da teologia anabatista lê os escritos paulinos (e o conceito de justificação) a partir dos evangelhos, principalmente do Sermão da Montanha. As perspectivas luteranas da nova escola finlandesa aproxima a teologia da cruz, o Christus Victor e conceitos de theosis com a doutrina de justificação.
O avanço das ciências bíblicas e o aumento da interação entre diversas tradições cristãs que compreendem a justificação com suas nuances demandou uma revisão teológica em setores do protestantismo de tradição anglo-saxônica. A chamada Nova Perspectiva sobre Paulo, por exemplo, é uma delas. Um dos seus expoentes, NT Wright, argumenta que a ‘justificação’ paulina está embasada em quatros conceitos. Há um tribunal da lei cósmica; um propósito progressivo de Deus (‘escatologia’); o fato da realização de Deus em Jesus Cristo e da participação humna nele; e, um propósito divino único, mediante Israel, para todo o mundo (‘aliança’).
Apesar dos diferentes ângulos, formulações e terminologias há um consenso teológico sobre a justificação. Como processo da graça, a justificação e a regeneração — ambas inseparáveis — estão envolvidas na ação de Deus em tornar as pessoas justas, derramando em seus corações amor por si mesmo e pelo próximo.
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A vindicação é um tema bíblico que descreve a ação de Deus em retificar o status de seu povo, demonstrando publicamente que eles têm um relacionamento especial com Ele. O termo significa justificar, defender ou provar a inocência de alguém, especialmente diante de acusações falsas ou calúnias. No contexto das Escrituras, a vindicação é tanto motivo de esperança para o povo de Deus quanto de temor para os que estão contra Ele.
A vindicação divina frequentemente está relacionada à santidade do nome de Deus. (Êxodo 20:7; Deuteronômio 5:12). Essa advertência se reflete em passagens como Ezequiel 36:22-24. Mesmo quando Israel foi levado ao cativeiro, Deus prometeu vindicar seu nome e trazer o povo de volta: “Quando eu os tiver trazido de volta dentre os povos e os tiver reunido das terras de seus inimigos, e eu tiver mostrado, por meio deles, a minha santidade diante de muitas nações” (Ezequiel 39:27).
Além do nome de Deus, a vindicação é prometida ao seu povo diante de seus inimigos. Por exemplo, Isaías 50:8 declara: “Aquele que me justifica está perto; quem contenderá comigo? Apresentemo-nos juntos. Quem é meu adversário? Que se aproxime de mim.” Jesus reforça essa promessa em Mateus 5:11-12.
Os seguidores de Cristo são encorajados a confiar na justiça divina, como Paulo escreveu (Romanos 12:19).
O salmista também clama pela vindicação de Deus: “O Senhor é um Deus que se vinga. Ó Deus que se vinga, resplandeça!” (Salmo 94:1).
As Escrituras estão repletas de exemplos de pessoas clamando por vindicação:
Davi, perseguido por Saul, declara: “O Senhor, porém, será o juiz e me fará justiça” (1 Samuel 24:15).
Jó, acusado injustamente por seus amigos, é finalmente vindicado por Deus (Jó 42:7-9).
Indivíduos frequentemente clamam a Deus por vindicação diante de seus adversários (Salmos 17, 26, 35, 54, 143; Isaías 50:8; Miquéias 7:8-10).
Deus vindica Israel contra as nações que o oprimem (Deuteronômio 32:36; Salmos 98; 135; Isaías 34:8; 54:17; 62:1-2; 63:1; Jeremias 51:10).
No Evangelho de Lucas, encontra-se a promessa de que Deus vindicará aqueles que clamam a Ele dia e noite (Lucas 18:7) e a história do publicano que saiu do templo justificado à luz de seu arrependimento e contrição (Lucas 18:14).
O “Servo Sofredor” em Isaías 53 é um exemplo messiânico de vindicação.
Nos Evangelhos (Mateus 8:11-12; Lucas 13:28-30; Mateus 22:1-10; Lucas 14:15-24), Jesus utiliza imagens de banquetes para descrever a vindicação final do povo de Deus. A imagem de banquetes é utilizada como exemplo poético da vindicação que aguarda o povo de Deus, como descrito no Antigo Testamento (Isaías 25; Ezequiel 39:17-28), culminando no “banquete das bodas do Cordeiro” em Apocalipse 19.