Papiros de Oxirrinco

Os Papiros de Oxirrinco ou Oxyrhynchus Papyri é a maior coleção de papiros encontrada. Oriunda do sítio arqueológico de Oxirrinco, próximo à atual cidade de El-Bahnasa na província de Al-Minya, Egito, a aproximadamente 160 quilômetros ao sul de Cairo, na margem esquerda do Bahr Yussef, um braço do Nilo que agora termina no oásis de Fayum.

As ruínas de Oxirrinco foram descobertas e identificadas por Vivant Denon, um dos estudiosos franceses que acompanhou Napoleão Bonaparte na campanha egípcia (1799-1802).

As primeiras escavações foram realizadas em 1897 pelos ingleses Bernard P. Grenfell e Arthur S. Hunt. Suas escavações desenterraram milhares de papiros em um lixão. Os manuscritos datam dos períodos ptolomaico (século III aC) e romano (de 32 aC) mas vão até a conquista muçulmana do Egito em 640 dC.

As descobertas são estudadas até hoje pela Sociedade de Exploração do Egito, com um número substancial de itens agora guardados no Museu Ashmolean, em Oxford.

A maior parte dos papiros foram sido escritos em grego. Alguns textos estão escritos em egípcio (hieróglifo, hierático, demótico) e principalmente copta. Outros estão em latim, árabe, em hebraico, aramaico, siríaco e persa palavi. Cerca de 10% dos papiros são literários. Os outros 90% são papiros documentais, sendo evidências importantes para reconstruir o cotidiano. Desde sua descoberta, cerca de 1% dos papiros foram processados e publicados, ou seja, cerca de 5.000 papiros publicados desde 1898.

Após as escavações iniciais, Oxirrinco atraiu diversas missões italianas e inglesas até a década de 1930, quando os esforços oficiais foram interrompidos por um período de cinquenta anos. Infelizmente, a exploração predatória não parou durante esse período. Saqueadores vasculharam o local e muitas antiguidades desenterradas nesses anos foram identificadas em coleções privadas, universidades e museus. Hoje, o local com o maior número de antiguidades de Oxirrinco é o Museu Nacional de Antiguidades de Leiden, na Holanda.

Entre os literários há obras de Platão, com, a República, Fédon ou o diálogo Górgias; os Elementos de Euclides; peças de Menandro; histórias de Tito Lívio, dentre outros. De especial significância são os papiros relacionados aos judeus e cristãos.

Relevantes para os estudos bíblicos estão os fragmentos dos primeiros Evangelhos não canônicos como Oxirrinco 840 (século III dC) e Oxirrinco 1224 (século IV dC). Outros textos de Oxirrinco preservam partes de Mateus 1 (século III: P2 e P401 ), 11–12 e 19 (século III ao IV: P2384, 2385 ); Marcos 10–11 (séculos V a VI: P3 ); João 1 e 20 (século III: P208); Romanos 1 (século IV: P209); a Primeira Epístola de João (séculos IV a V: P402 ); o Apocalipse de Baruque (capítulos 12–14; século IV ou V: P403 ); o Evangelho de Tomé (século III d.C.: P655 ); O Pastor de Hermas (século III ou IV: P404 ), uma obra de Irineu , (século III: P405 ). Existem muitas partes de outros livros canônicos, bem como muitos hinos, orações e cartas dos primeiros cristãos. Do Antigo Testamento, há partes de Gênesis, Êxodo, Levítico, Josué, Jó, Salmos, Eclesiastes, Amós e Ester.

Papiro 137

Papiro 137 é o fragmento também identificado como Papyrus 137, {\mathfrak {P}}137, P.Oxy. LXXXIII 5345, do evangelho de Marcos. É possivelmente o mais antigo documento até então encontrado desse evangelho. É datado do final do século II ou início do século III.

Trata-se de um fragmento encontrado em 1903 em Oxyrhynchus, mas somente publicado em 2018. Contém trechos de Mc 1:7-9; 1:16-18 em ambos lados da folha (frente e verso), indicando ser originalmente parte de um códice.

Foi foco de uma controvérsia nos anos 2010 quando se especulou que seria datado do século I e que supostamente seria vendido para o Museu da Bíblia de Washington.