A Hipótese Proto-Marcos propõe a existência de uma versão anterior e hipotética do Evangelho de Marcos, denominada “Proto-Marcos” ou “Ur-Marcos”. Essa hipótese se insere no debate sobre o Problema Sinótico, que busca explicar as relações entre os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas. Embora a prioridade de Marcos seja amplamente aceita entre os estudiosos, a Hipótese Proto-Marcos sugere que Mateus e Lucas podem ter utilizado uma versão mais antiga de Marcos, além de outras fontes como a Fonte Q e material próprio de cada evangelho.
A hipótese surgiu como uma tentativa de explicar algumas diferenças entre os evangelhos sinóticos, especialmente passagens presentes em Mateus e Lucas que parecem ter um paralelo em Marcos, mas com variações significativas. Defensores da hipótese argumentam que essas diferenças podem ser explicadas pela existência de um Proto-Marcos, que teria sido posteriormente expandido e revisado, resultando no Evangelho de Marcos que conhecemos hoje.
Alguns estudiosos apontam para evidências linguísticas e textuais que sugerem a existência de um Proto-Marcos. Eles argumentam que certas narrativas em Marcos parecem mais primitivas em comparação com Mateus e Lucas, indicando um processo de desenvolvimento do texto. No entanto, a Hipótese Proto-Marcos permanece controversa e não é universalmente aceita entre os estudiosos.
Críticos da hipótese argumentam que as diferenças entre os evangelhos sinóticos podem ser explicadas por outros fatores, como a influência da tradição oral, a liberdade editorial dos evangelistas e a utilização de diferentes fontes. Além disso, a falta de evidências manuscritas de um Proto-Marcos torna difícil comprovar sua existência.
Apesar das controvérsias, a Hipótese Proto-Marcos desempenha um papel importante nos estudos sinóticos, estimulando o debate sobre a formação e a transmissão dos evangelhos. Ela oferece uma perspectiva adicional para a compreensão do processo criativo dos evangelistas e da complexa relação entre os textos sinóticos.
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