Um holocausto é um sacrifício de animais que é completamente consumido pelo fogo. A palavra deriva do grego antigo ὁλόκαυστος holokaustos,queimado completamente.
Tag: sacrifício
Teoria do bode expiatório
A teoria do bode expiatório é uma perspectiva soteriológica sacrificial de como a morte de Cristo proporciona a reconciliação da humanidade com Deus, porém rechaçando noções de redenção mediante violência.
O mitologista e antropólogo filosófico francês René Girard (1923 –2015) propõe a teoria mimética de que todo o desenvolvimento da cultura humana – a religião, as instituições, a organização social – fundamenta-se em mecanismos de contenção da violência.
Girard transpôs suas análises para textos bíblicos e para a teologia cristã da expiação. No entanto, seria James Alison quem refinaria em termos teológicos a teoria do bode expiatório.
Girard e Alison propõem uma substituição vicária, mas não penal. A humanidade odiou os ensinos e vida de Cristo porque não o podia imitar. Foi sacrificado como uma vítima do ódio humano. A morte gera um arrependimento e possibilidade de restaurar a ordem originalmente proposta.
A teoria do bode expiatório exonera Deus de uma injusta substituição penal e transfere a culpa à humanidade. Em algo próximo às teorias de influência moral e exemplo moral, pela teoria do bode expiatório o assassínio violento de Cristo altera o curso da história humana.
De modo independente da teoria girardiana, alguns biblistas notaram paralelos entre o bode expiatório de Levítico 16 e Jesus Cristo. Em pesquisas recentes sobre os Evangelhos Sinópticos, representação de Jesus como um bode expiatório semelhante a Pharmakos no Evangelho de Marcos. Analizando Marcos 15:16-20, Adela Yarbro Collins sugere um paralelo antigos rituais mediterrâneos de “bode expiatório”, comparando a morte humilhante de Jesus ao ritual grego pharmakos. Nesse ritual, um marginalizado socialmente tido como um vagabundo era trajado como rei e humilhado publicamente. Segundo Richard DeMaris, Marcos narra a paixão de Jesus como um “rito de saída curativo” com elementos tanto do pharmakos grego quanto do devotio romano. Collins também conecta a morte de Jesus ao ritual levítico do bode expiatório, enquanto DeMaris enfatiza sua dupla função como pharmakos e devotio. Além disso, Hannah An sugere que após o batismo de Jesus em Mateus 3-4, sua partida guiada pelo Espírito para o deserto para lidar com os pecados dahumanidade segue o modelo do bode expiatório. An traça paralelos com Mateus 3.15 “para cumprir toda a justiça”, e o batismo de João com a imposição das mãos sobre o bode por Arão. Então Jesus é enviado às tentações do deserto. Enquanto Jesus levou quarenta dias e triunfou, os quarenta anos de peregrinação de Israel no deserto resultaram em fracasso.
BIBLIOGRAFIA
Alison, James. Raising Abel: The Recovery of the Eschatological Imagination. New York: Crossroad Publishers, 1996.
An, Hannah S. “Reading Matthew’s Account of the Baptism and Temptation of
Jesus (Matt. 3:5-4:1) with the Scapegoat Rite on the Day of Atonement (Lev. 16:20-22),” Canon & Culture 12, no. 1 (2018): 11-13.
Alves, Leonardo. O violento e o sagrado em dois filmes de suspense. Ensaios e Notas, 2019.
Girard, René. Violência e o Sagrado. São Paulo: Paz e Terra, 1990.
Kailey, Michelle (2008) “Redeeming the Atonement: Girardian Theory,” Denison Journal of Religion: Vol. 8 , Article 7.
Moscicke, Hans M. “Jesus as Goat of the Day of Atonement in Recent Synoptic
Gospels Research,” Currents in Biblical Research 17, no. 1 (2018): 59-80.
Moscicke, Hans M. The New Day of Atonement: A Matthean Typology. Tübingen: Mohr Siebeck, 2020.
