Walter M. Horton

Walter Marshall Horton (1895-1966) teólogo batista, neoliberal e realista americano.

Estudou em Harvard, Union Theological Seminary, Columbia, além de passagens pela Sorbonne, Estrasburgo e Marburgo, nessa última recebeu seu doutorado. Foi professor de teologia em Oberlin.

Ele cunhou o termo de teologia neoliberal para discutir seu pensamento e de John C. Bennett e L. Harold DeWolf. Todavia, durante sua vida intelectual sua teologia combinou elementos liberais, neoliberais e pós-liberais.

Horton foi um dos primeiros teólogos a incorporar fundamentos da psicologia e sociologia na reflexão teológica. Sua abordagem ecumênica de se fazer teologia anteciparia as perspectivas globais e transdenominacionais que se tornariam padrão posteriormente. Argumentava pelo uso razão com ênfase na importância da revelação bíblica no método teológico.

Sua doutrina de Deus reconhece tanto o amor pessoal quanto a ira de Deus. Em sua doutrina do homem, busca um equilíbrio “titanismo” e “niilismo”, reconhecendo a pecaminosidade humana. Concebe a encarnação em termos liberais, mas tende para a neo-ortodoxia acerca da Expiação e na doutrina da Parousia.

A eclesiologia resulta de seu envolvimento no movimento ecumênico. Apreciou a teologia católica antes mesmo da abertura do concílio Vaticano II, desenvolvendo uma concepção de evangelicalismo católico para compreender o ecumenismo. Para Horton a doutrina do Reino de Deus inclui tanto o ativismo dos liberais quanto o foco ortodoxo na eternidade.

BIBLIOGRAFIA

Edwards, Mark. “” More Catholic Than Protestant”: Walter Marshall Horton and the Faith of Evangelical Catholicism.” Anglican and Episcopal History 78.3 (2009): 279-303.

Horton, Walter Marshall. Realistic Theology. New York : Harper, 1934.

Horton, Walter Marshall. “The Christian Community: Its Lord and Its Fellowship.” Interpretation (Richmond) 4, no. 4 (1950): 387-400.

Horton, Walter Marshall. Christian Theology: An Ecumenical Approach. New York : Harper, 1955.

Mountcastle, William W. Neo-liberal theology in the thought of Walter Marshall Horton. Diss. Boston University, 1958. https://hdl.handle.net/2144/6228

Harry M. Kuitert

Harry M. Kuitert (1924 -2017) foi um teólogo das Igrejas Reformadas na Holanda (GKN).

Em 1967, Kuitert sucedeu ao teólogo G.C. Berkouwer como professor de teologia sistemática na Universidade Livre (Vrjje Universitert) de Amsterdã.

Inicialmente um teólogo conservador e crítico de Karl Barth, Kuitert rompeu a ortodoxia protestante. Concluiu que Jesus sustentava uma visão judaica de Deus, sem nunca se considerar como divino. Com sua cristologia unitária, passou a criticar tanto os protestantes ortodoxos quanto os fundamentalistas, articulando uma teologia liberal. Criticava as incoerências da teologia calvinista tradicional.

BIBLIOGRAFIA

Kuitert, Harry M. “Is belief a condition for understanding?.” Religious Studies 17.2 (1981): 233-243.

Kuitert, Harry; Van Leeuwen, E. “A Religious Argument in Favor of Euthanasia and Assisted Suicide.” Asking to Die: Inside the Dutch Debate about Euthanasia (1998): 221-226.

Douglas Ottati

Douglas Fernando Ottati (nascido em 1950) é um teólogo liberal presbiteriano americano.

Filho de pai brasileiro, cresceu em New Jersey. Detém a cátedra Craig Family Distinguished Professor of Reformed Theology and Justice no Davidson College na Carolina do Norte. É presbítero da Igreja Presbiteriana (USA).

Ottati define a teologia liberal como aquela originária de seu envolvimento com a ciência, compromisso com as evidências e crítica destemida das fontes para a reflexão teológica.

Em sua teologia discute a criação e o papel de Deus criador-redentor. Metodologicamente, fundamenta-se na piedade agostiniana, na tradição reformada e nos expoentes do liberalismo teológico do século XIX e início do XX.

Enfoca a redenção que Jesus traz por meio de sua vida, morte e ressurreição. Enxerga essa obra redentora na vida espiritual contínua oferecida pela Igreja. Jesus Cristo é a auto-revelação do Deus de graça que renova a vida humana e o bem-estar social em um mundo carregado e perigoso. A obra de redenção abrange o cosmo além de nossa compreensão.

BIBLIOGRAFIA

Ottati, Douglas F. Reforming Protestantism: Christian Commitment in Today’s World. Westminster John Knox Press, 1995.

Ottati, Douglas F. Theology for liberal Presbyterians and other endangered species. Presbyterian Publishing Corp, 2006.

Ottati, Douglas F. Theology for liberal protestants: God the creator. Wm. B. Eerdmans Publishing, 2013.

Ottati, Douglas F. A theology for the twenty-first century. Wm. B. Eerdmans Publishing, 2020.

Teologia Liberal

A teologia liberal ou o liberalismo teológico é uma vertente e sistema teológico cristão que rejeita argumentos de autoridade e da tradição e busca compreender a fé em diálogo moc fontes avaliativas externas à revelação, notoriamente a razão, a ética e a experiência religiosa.

Surgida com bases e em reação ao racionalismo do século XVII, valoriza a consciência histórica, a liberdade individual e o progresso. Influenciada pelo Iluminismo e pelo Romantismo, essa abordagem encontrou expoentes como Friedrich Schleiermacher, que situava a consciência de dependência absoluta como essência da experiência religiosa, e Albrecht Ritschl, que enfatizava a dimensão ética da teologia.

Durante o Modernismo, entre meados do século XIX e os anos 1920, a teologia liberal buscou harmonizar a fé cristã com as descobertas científicas e as transformações culturais. Essa perspectiva deu origem a abordagens sociológicas e psicológicas da religião, representadas por teólogos como Walter Rauschenbusch, defensor do Evangelho Social.

O declínio da teologia liberal após a Primeira Guerra Mundial pode ser atribuído a uma crise de confiança nas ideias de progresso, racionalidade e otimismo humano que sustentavam esse movimento teológico. Antes da guerra, a teologia liberal enfatizava a capacidade humana de alcançar progresso moral e social, frequentemente associando o reino de Deus a uma evolução natural da humanidade em direção à justiça e à paz. No entanto, a destruição em massa, as atrocidades e o caos político provocados pela guerra expuseram as limitações dessa visão otimista.

Teólogos como Karl Barth, influenciados pelas experiências devastadoras da guerra, criticaram a teologia liberal por sua dependência excessiva da razão humana e sua tendência a minimizar a transcendência de Deus. Barth argumentou que a crise moral e espiritual evidenciada pela guerra demandava um retorno à soberania de Deus e à centralidade da revelação bíblica.

Apesar de seu compromisso com a justiça e o progresso, críticos como Roger Olson argumentam que a teologia liberal, ao enfatizar a razão e a experiência em detrimento da autoridade bíblica, abandona doutrinas essenciais, como a ressurreição de Cristo e o caráter sobrenatural da fé cristã. Douglas Ottati, defensor contemporâneo dessa tradição, destaca que ela não rejeita a crença tradicional, mas a reengaja à luz do pensamento moderno. Ele afirma que a teologia liberal, ao promover o questionamento crítico e a consciência histórica, busca tornar a fé cristã relevante e significativa no mundo atual.

Passagens bíblicas, como Romanos 12:2, que exorta à renovação da mente, e Miqueias 6:8, que enfatiza a justiça e a humildade, são frequentemente reinterpretadas por teólogos liberais em sua defesa de uma fé que dialoga com a modernidade. Contudo, a tensão entre adaptar-se ao presente e preservar a tradição continua sendo o desafio central desse movimento teológico.