Zenas

Zenas (em grego: Ζηνᾶς) é um personagem mencionado na Epístola de Paulo a Tito (Tito 3:13), um provável jurista.

Em Tito 3:13, Paulo instrui Tito a ajudar Zenas, o “intérprete da lei”, e Apolo em sua viagem, providenciando para que nada lhes falte. Essa passagem sugere que Zenas era um homem instruído e respeitado na comunidade cristã, possivelmente um estudioso da lei que se converteu ao cristianismo.

A designação de Zenas como “intérprete da lei” (νομικός) indica que ele possuía conhecimento e habilidade na interpretação da lei. Essa informação é relevante, pois mostra que o cristianismo primitivo não rejeitava o conhecimento e a erudição, mas os colocava a serviço do Evangelho. O nome é tipicamente grego, o que leva a uma ambiguidade sobre qual ordenamento legal seria Zenas um especialista. A considerar somente seu nome, a maior probabilidade é que seria um jurista das leis greco-romanas. Contudo, sua associação com Apolo, um judeu com nome helenista, leva à possiblidade de que era um mestre na lei mosaica.

A colaboração de Zenas com Apolo, outro personagem importante do Novo Testamento, também é digna de nota. Apolo era um judeu de Alexandria, conhecido por sua eloquência e conhecimento das Escrituras (Atos 18:24-25). A união de Zenas e Apolo em uma missão demonstra a diversidade de talentos e habilidades presentes na comunidade cristã primitiva, e como cada um contribuía para o avanço do Evangelho.

A ajuda solicitada por Paulo a Tito para Zenas e Apolo em sua viagem sugere que eles estavam envolvidos em alguma missão ou trabalho itinerante.

Epístolas pastorais

Três cartas atribuídas a Paulo – 1 e 2 Timóteo e Tito – abordando questões pastorais, boa governança e responsabilidades éticas na Igreja e destinadas aos seus colaboradores Timóteo e Tito.

Paulo teria conhecido Timóteo na Galácia durante sua segunda viagem missionária. Tinha uma boa reputação (At 16: 1). Era filho de mãe judia e pai gentio, criado com conhecimento das Escrituras (1 Tm 3:15). Foi circuncidado para evitar contendas entre os judeus (At 16:3). Timóteo passou a viajar com Paulo e Silas e seria o amanuense ou coautor das epístolas de 2 Coríntios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses e Filémom.

Tito era grego e tratado como companheiro de Paulo (2 Co 8:23), a quem se dirigia como “meu filho leal na fé” (Tt 1:4). Não é mencionado em Atos. Paulo o enviou a Corinto como mensageiro (2 Co 2:13; 7: 6-14; 12:18). Ajudou a arrecadar a oferta para a igreja em Jerusalém (2 Co 8:4) e acompanhou Paulo e Barnabé àquela cidade (Gl 2:1).

Há várias datas estimadas e modelos de composição. Se considerar essas epístolas como de autoria imediata de Paulo, elas teriam sido redigidas de Roma entre 64 a 67 d.C. ao mais tardar ou 60 a 64 d.C. como limite inicial. Seriam, então, os últimos escritos preservados de Paulo. Outras teorias de composição datam essas epístolas mais tarde: hipótese fragmentária de Harrison (até 110 d.C.); hipótese de pseudonímia de Fiore, Holmes (c.80-90 d.C.) e hipótese de alonímia de Marshall (67-80 d.C.).

O manuscrito mais antigo contendo material das Cartas Pastorais é o P32. Esse papiro data de c.200 d.C. e contém apenas Tito 1:11-15; 2:3-8. Manuscritos paulinos anteriores, como P46, indicam serem coleções de cartas para igrejas e podem não ter incluído as cartas para Timóteo e Tito. O status canônico varia. Policarpo alude a 1 e 2 Timóteo, mas não menciona Tito. Marcion rejeitava-nas, mas praticamente todo autor patrístico e recensões a partir do Cânone de Muratori, Irineu, Clemente e Tertuliano aceitaram as cartas pastorais sem disputa. Somente no século XIX, críticos textuais alemães passaram a disputar a autoria paulina devido ao estilo linguístico e conteúdo divergente do resto do corpus paulino

Tematicamente, vários elementos são comuns nessas três cartas. Um deles é a paraenesis, ou motivos literários de instrução ou conselho, incluindo listas de vícios e virtudes, Haustafeln e exemplos tanto positivos quanto reprováveis. Outros temas incluem a exortação a uma vida moral (1 Tm 6:3; Tt 1), qualificação dos ministros, exortações de manter a sã doutrina (1 Tm 1:3-4; 4:6; 2 Tm 1:13; Tt 2:1) e evitar especulações (1 Tim 1:4; 4:7; 2 Tm 2:14, 16-18; Tt 1:14).

Mito

O termo mito, em grego mythos, refere-se ao modo narrativo de comunicação. Mito constrata com Logos, o modo racional-argumentativo de comunicação. Por vezes a palavra é utilizada para uma narrativa sobre deuses e, nesse sentido empregado por H. Gunkel, talvez apenas Gn 6:1-4 e Jó 1 se enquadrem como mito. Também mito indica a história que acompanha algum ritual. Pode
também designam um modo de pensar, a qualidade mitopoética do pensamento humano, bem como um modo narrativo. Nesse sentido, não quer dizer que seja menos verdade, antes é uma forma complexa de retratar a realidade — principalmente conceitos desconhecidos, distantes no tempo ou difícil de compreensão.

Também é importante diferenciar mito de mitologia e de lenda. Mitologia combina logos e mythos para explicar algo, sobretudo etiologias. Lendas são formas narrativas de personagens supostamente históricos, enquanto a mitologia envolve personagens sobrenaturais ou meramente imaginários.

Há outra conotação no Novo Testamento, utilizando o termo “mythos” para estórias falsas, especulativas, fabulosas e tolas a serem rejeitadas como enganosas e perigosas. (1Tm 1: 4; 4: 7; 2Tm 4: 4; Tito 1:14;2 Pe 1:16). Não há certeza se essas passagens compreendem tradições narrativas (agadá) ou especulações doutrinárias.

Epístola a Tito

Essa epístola paulina é uma das três “Epístolas Pastorais”. Apregoa que a mudança pelo poder do evangelho transforma vidas, assim encoraja o exercício das funções ministeriais, inclusive na correção dos enganos de falsos mestres e e legitimiza a autoridade do ministério da igreja em coibir erros morais e doutrinários.