4 Esdras

O livro de 4 Esdras, também conhecido como o Apocalipse Judaico de Esdras, para não ser confundido com outra obra distinta como o Apocalipse Grego de Esdras e o Apocalipse Latino de Esdras, é um texto pseudepígrafo que consiste em sete visões dadas a Esdras, o escriba. Corresponde aos capítulos 3–14 de 2 Esdras.

As três primeiras visões tratam de questões sobre a justiça de Deus, o cativeiro babilônico e o destino dos justos e injustos. As quatro visões finais são de natureza mais simbólica, tratando do destino de Sião, o quarto reino da visão de Daniel, o triunfo do Messias e a restauração das escrituras.

O livro de 4 Esdras é considerado canônico pela Igreja Etíope e parcialmente aceito por outras tradições cristãs. Foi citado ao longo da história da Igreja como dotado de autoridade. Possui versões gregas, latinas, siríacas, egípcias e armênias. Fez parte dos lecionários dos jacobitas, com uso até na Índia. Embora não apareça nas recensões da Septuaginta, Jerônimo traduziu-o como apêndice da Vulgata. Até mesmo Cristóvão Colombo usou 4 Esdras para apoiar seu apelo por financiamento. Impresso na Bíblia de Zurique, uma versão protestante alemã da Vulgata, os primeiros anabatistas frequentemente o citavam. Aparece em apêndice na Versão King James com o título 2 Ezra. Contudo, não entrou no cânone de Trento para os católicos, que o chamam de 4º Esdras, nem teve total aceitação entre os protestantes, os quais costumavam chamá-lo de 2 Esdras.

A versão etíope usa outro nome: Ezra Sutuel, derivado do fato de que o texto afirma ter sido escrito por ‘Sutuel, também chamado de Ezra’. Sutuel é a tradução etíope de Shealtiel, o nome de um dos filhos do rei Joaquim. Joaquim foi o penúltimo rei de Judá antes de ser conquistado pelos babilônios e foi considerado o primeiro ‘Rei dos Exilados’ na Babilônia. Seu filho Shealtiel foi o segundo ‘Rei dos Exilados’, pois isso se correlaciona com o tempo registrado no Apocalipse judaico de Esdras, o que significa que, se Esdras não fosse Shealtiel, ele pelo menos o conheceria bem, pois Esdras é descrito como sendo o líder da comunidade da Babilônia.

Provavelmente foi escrito por um judeu por volta do ano 100 d.C. Anima seus leitores com a esperança messiânica do esperado “Filho do Homem”. Há influências da escola de Shammai. Nem os textos originais hebraico nem grego existem hoje. Sobreviveram versões em latim, armênio, etíope e georgiano.

Foi um texto importante para fundamentar a doutrina da Queda e do Pecado Original. Em 4 Ed 5:48 diz “Oh tu, Adão, o que fizeste! Pois embora tenhas sido tu quem pecaste, tu não caíste sozinho, mas todos nós que viemos de ti”.

BIBLIOGRAFIA

Apocalipse de Esdras: 2 ou 4 Esdras. Ad Caelos, 2025.

Uma consideração sobre “4 Esdras”

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