Códice Bruce

O Códice Bruce, também conhecido como Bruce Codex ou Codex Brucianus, é uma coleção encadernada de manuscritos em copta, árabe e etíope que contém textos raros associados ao pensamento gnóstico, como os Livros de Jeú e um texto referido como Apocalipse sem título ou Texto Sem Título. O códice é mantido atualmente na Biblioteca Bodleiana, em Oxford, onde está catalogado como Bruce 96.

O códice foi adquirido em 1769 pelo viajante escocês James Bruce, que o comprou no Alto Egito. Segundo relatos, o manuscrito teria sido encontrado nas ruínas de um edifício que anteriormente abrigava monges egípcios. O códice originalmente consistia em 78 folhas soltas de papiro, escritas em ambos os lados, totalizando 156 páginas. No entanto, algumas dessas folhas foram perdidas ao longo do tempo, e o estado de conservação do manuscrito foi comprometido devido à sua antiguidade e ao manuseio.

Os textos presentes no Códice Bruce fornecem elementos significativos para o estudo do cristianismo primitivo e das crenças gnósticas. Os Livros de Jeú, por exemplo, apresentam visões esotéricas relacionadas à salvação e à estrutura cósmica, enquanto o Apocalipse sem título oferece uma perspectiva adicional sobre o pensamento gnóstico.

O códice despertou o interesse de estudiosos como Carl Gottfried Woide, que realizou transcrições de seu conteúdo. A partir do século XIX, começaram a surgir traduções e estudos mais aprofundados sobre o texto, influenciando de forma significativa o campo dos estudos sobre o gnosticismo. A aquisição e divulgação do manuscrito por Bruce enfrentaram ceticismo inicial na Europa, mas, com o tempo, consolidaram seu papel como parte importante da exploração acadêmica de textos antigos e do pensamento gnóstico.

Codex Marchalianus

Codex Marchalianus (Siglum Q) é um manuscrito grego da Septuaginta. É importante por conter notas e aparatos, além de versões e recensões distintas.

Boa parte das anotações e correções vão do século VI até o século IX, adicionadas às margens e no texto. São importantes fontes para as anotações da Hexapla.

O manuscrito contém os doze profetas menores nessa ordem: Oseias, Amós, Miqueias, Joel, Obadias, Jonas, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias. Depois seguem Isaías, Jeremias com as Lamentações, Epístola de Jeremias e Baruque, Ezequiel e Daniel com Susana e Bel.

Maior parte do texto segue a recensão Hesiquiana, o Livro de Daniel segue a versão de Teodotion.

O manuscrito originou-se no Egito. No século 12, chegou ao sul da Itália. De lá veio para a França, onde um de seus proprietários era René Marchal. Encontra-se na Biblioteca do Vaticano em Roma desde 1785.

Codex Wizanburgensis

Codex Wizanburgensis, ou mais apropriadamente, Codex Guelferbytanus 99 Weissenburgensis, é um manuscrito medieval com trechos da Vulgata latina e homílias de Agostinho.

Os defensores da inclusão da Comma Johanneum afirmam que existe um manuscrito grego chamado “Codex Wizanburgensis” com essa passagem. Porém, é um manuscrito da Vulgata Latina do século VIII, não grego. Jan Krans-Plaisier (2014) localizou o manuscrito, o qual se trata do manuscrito nr. 99 da coleção Weissenburg na biblioteca Herzog August em Wolfenbüttel, Alemanha. O volume contém homílias de Agostinho, as Epístolas universais, as cartas a Timóteo, Tito e Filémon.

A origem dessa informação inacurada vem de uma edição de Lachmann do NT grego e latino (Berlim, 1842 e 1850) e de um artigo de Robert Lewis Dabney de 1871. No entanto, no manuscrito em questão aparece a seguinte leitura:

“E o espírito é a verdade, porque há três que dão testemunho, o espírito, a água e o sangue. E os três são um. Como também no céu há três o pai, a palavra e o espírito. E os três são um.”

SAIBA MAIS

Herzog August Bibliothek 

http://www.hab.de/ausstellung/weissenburg/expo-15.htm

Krans-Plaisier, Jan. Wizanburgensis Revisited. The Amsterdam NT Weblog. 28 de março de 2014. http://vuntblog.blogspot.com/2014/03/wizanburgensis-revisited.html

Crosby-Schøyen Codex

O Crosby-Schøyen Codex é um dos mais antigos códice existentes, oriundo do Egito.

É datado de cerca de 250, o que indica a ampla adoção do formato de códice para os livros dos primeiros cristãos a partir do século III.

O volume de papiros encadernado foi escrito no dialeto saídico da língua copta de Alexandria, Egito. O Códice consiste em 52 folhas, das quais 16 estão faltando. Em média, cada página mede 15×15 cm e constam 2 colunas de 11 -18 linhas de texto em escrita uncial copta.

O Crosby-Schøyen Codex é contado entre a coleção dos papiros Bodmer, no entando, foi descoberto por camponeses egípcios em 1952, a 12 km a leste do sítio de Nag Hammadi. Pertence à coleção dos papéis de Dishna, que contém 38 livros (rolos e códices). Talvez pertencesse à biblioteca do Mosteiro de São Pacômio.

O códice representa o texto completo mais antigo conhecido de dois livros da Bíblia, Jonas e 1 Pedro. Contém, adicionalmente, a relação dos Mártires Judeus (2 Macabeus 5:27 – 7:41), um texto de Melito de Sardes (Peri Pascha 47 – 105) uma Homilia para a manhã de Páscoa, talvez o mais antigo sermão encontrado.

SAIBA MAIS

https://www.schoyencollection.com/bible-collection-foreword/coptic-bible/crosby-schoyen-codex-ms-193

Codex Bezae

O Codex Bezae Cantabrigensis, designado pela sigla Dea or 05 δ 5 é um importante códice do Novo Testamento datado do século V.

Foi escrito em caligrafia uncial em pergaminho e contém, em grego e latim (versão Vetus Latina), a maioria dos quatro Evangelhos e Atos, com um pequeno fragmento da Terceira Epístola de João.

Está diagramado com uma coluna por página, tem 406 folhas de pergaminho (26 por 21,5 cm), talvez de um original 534, e as páginas gregas à esquerda são latinas à direita.

Acredita-se que o manuscrito tenha sido reparado em Lyon no século IX, onde esteve por muitos séculos na biblioteca monástica de Santo Irineu em Lyon. Durante as Guerras Religiosas da Reforma, o manuscrito foi retirado de Lyon em 1562 e dado a Theodore Beza. Beza doou-o à Universidade de Cambridge.

Textualmente, é muito próximo ao Codex Glazier. O texto grego do Codex Bezae é notável por suas numerosas interpolações, ausências e reformulações de frases, características que o distinguem de todos os outros manuscritos. Cunnington (1926) catalogou algumas leituras mais peculiares, demonstrando a extensão das variações textuais. O texto latino também apresenta suas peculiaridades, e a relação entre os textos grego e latino é um ponto de debate. O texto grego teria se desenvolvido independentemente e precedeu o latim, embora ocasionalmente tenha sido posteriormente adaptado a ele. O texto latino, por sua vez, é frequentemente considerado uma tentativa de tradução do grego, e uma tradução de qualidade inferior.

A avaliação da confiabilidade do Codex Bezae é complexa. O texto grego, em particular, é geralmente considerado uma testemunha não confiável. Suas interpolações e outras peculiaridades textuais sugerem um texto que se afastou consideravelmente da tradição textual principal. Essa avaliação, embora justificada, não deve levar à rejeição total do Codex Bezae.

A própria peculiaridade do Codex Bezae, paradoxalmente, confere-lhe um valor único. O manuscrito descende de um ramo antigo e distinto da tradição manuscrita. Portanto, embora não seja confiável como testemunha primária do texto original, o Codex Bezae se torna um importante testemunho corroborativo onde concorda com outros manuscritos antigos. Nesses casos, sua concordância com outras testemunhas de peso empresta maior credibilidade à leitura em questão, reforçando a probabilidade de que ela represente uma forma muito antiga do texto.