Testimonia seriam coleções de passagens das Escrituras usadas para apoiar ou provar doutrinas, particularmente aquelas de significado messiânico, empregadas por judeus e cristãos antigos. A hipótese dos testimonia sustenta que os primeiros cristãos reuniram, editaram e deram status autoritativo a essas coleções de excertos bíblicos. Embora haja debate sobre a extensão do uso de testimonia no primeiro século, a hipótese estimulou pesquisas sobre o uso do Antigo Testamento no Novo Testamento.
Características dos Testimonia:
- Citações compostas, combinando várias passagens. (Rm 3:10-18)
- O mesmo conjunto de citações usado por diferentes autores. (Sl 118:22-23 em Mt 21:42; Mc 12:10; Lc 20:17; Ef 2:20; At 4:11; 1 Pe 2:6-8)
- Atribuição aparente de citações ao autor errado. (Mc 1:2-3)
- Citações que não correspondem perfeitamente ao texto original hebraico ou à Septuaginta. (Is 28:16 em Rm 9:33 e 1 Pe 2:6)
A falta de evidências físicas de testimonia anteriores ao segundo século d.C. levanta dúvidas sobre a hipótese. As características acima podem ser explicadas por outros fatores, como a tradição oral rabínica de citar passagens temáticas. A teoria do “cânon dentro do cânon” propõe que a igreja primitiva usava um conjunto de textos do Antigo Testamento para apologética e adoração, circulando por tradição oral.
Documentos do Mar Morto como 4Q175 (4QTestimonia) e 4Q174 (4QFlorilegium) contêm listas de Escrituras, às vezes com interpretações. Isso demonstra que grupos judaicos no primeiro século da Palestina criavam testimonia, apoiando a possibilidade do uso de tais listas pela igreja primitiva.
