Bīt-PN

Aramaico para “Casa de [Nome pessoal]” é a fórmula para o nome dinástico e eponômio de vários pequenos estados semítico do Levante, ocorrendo principalmente na Idade do Ferro.

Aparecem tanto em inscrições neo-assírias (Bītu-PN) quanto em esparsas fontes arqueológicas desses próprios estados. O nome geográfico “Bīt-PN” aparecente tanto explicitamente quanto implicitamente pela menção como um progenitor. Alguns exemplos incluem Bīt-Abdadāni, Bīt-Adini e Bīt-Agūsi. Os assírios referiam esses governantes como descendentes dos fundadores como “filho de PN”.

A origem dessa fórmula, porém, é antiga. Em sumério a fórmula DUMU-PN indica membro de um povo ou descendente de um ancestral eponômio.

Relevante aos estudos bíblicos aparecem essa fórmula como “Beth-David” nas inscrições de Tel Dan e Mesa, bem como “Beth-Eden” em Amós 1:5.

BIBLIOGRAFIA

Younger Jr, K. Lawson. A political history of the arameans: from their origins to the end of their polities. Vol. 13. sbl Press, 2016.

Matusalém

Em hebraico: מְתוּשֶׁלַח , ; em grego: Μαθουσάλας Mathousalas, um patriarca bíblico cuja vida foi a mais longa da Bíblia, 969 anos de acordo com o Texto Massorético e com a Septuaginta, embora apareça com “meros” 720 anos no Pentateuco Samaritano e no Livro de Jubileus. Irrespectivo de qual recensão, teria morrido no ano do dilúvio.

Matusalém era filho de Enoque, pai de Lameque e avô de Noé. É mencionado nas genealogias em 1 Crônicas e no Evangelho de Lucas.

A Lista de Reis Sumérios menciona um personagem chamado Ubara-Tutu com paralelos a Matusalém. Ubara-tutu (ou Ubartutu) de Shuruppak foi o último rei antediluviano da Suméria e teria reinado por 18.600 anos (5 sars e 1 ner). Ele era filho de En-men-dur-ana, uma figura mitológica suméria comparada a Enoque, pois não teria morrido.

Alguns comentadores (Donald V. Etz; Ellen Bennet) argumentam que os anos da genealogia de Gênesis 5, consequentemente a idade de Matusalém, foram interpretadas erroneamente. Sugerem que os termos traduzidos por anos nos seriam, então, estações ou outras unidades, o que reduziriam a idade de Matusalém de 78 a 96 anos, conforme o comentador.

BIBLIOGRAFIA

Etz, Donald V., “The Numbers of Genesis V 3-31: a Suggested Conversion and Its Implications”, Vetus Testamentum, Vol. 43, No. 2, 1994, pages 171–187.

Genealogia

A linhagem da descendência de uma pessoa ou grupo (família, tribo ou nação) desde um ancestral. Há cerca de duas dezenas de listas genealógicas na Bíblia, notavelmente no Antigo Testamento e as genealogias de Jesus.

As genealogias antecedem a escrita. Suas origens prováveis são os patronímicos, a identificação pelo nome do pai. Ainda hoje, vários povos árabes mantém a nomenclatura nasab, a cadeia genealógica de nomes por linhagem parterna. Por exemplo, um nome como “Ayyub ibn Yusuf ibn Idris ibn Uzair al-Baghdadi” (Jó filho de José filho de Enoque filho de Esdras de Bagdá) contém informações de várias gerações. Um nassab, meticuloso genealogista árabe, mantém registros e tradições que recontam por séculos as histórias de uma família. Em sociedades linhageiras essas genealogias servem para identificação pessoal e reconhecer alianças de diferentes famílias, clãs e tribos. E o pertencimento a linhagens importantes ou ter um ancestral célebre aufere direitos e prestígio.

Com o surgimento da escrita, as genealogias passaram a atestar direitos.

Listas de reis legitimavam dinastias e as ligavam a ancestrais célebres, ancestrais epônimos (fundadores da nação) e até mesmo deuses.

Marcos de propriedade de terras também usavam por registros genealógicos e eram escritos em pedra, vasos selados ou tabuletas de argila.

Registros dessa prática são registradas em artefatos arqueológicos mesopotâmicos. Por exemplo, o oficial Marduk-zakir-shumi ganhou terras do rei babilônico Marduk-apla-iddina (1173-1161 a.C.) e registrou em seu marco:

Marduk-zaki-shumi, filho de Nabunadinahe, seu avô era Rimeni-Marduk, bisneto de Uballitsu-Marduk, descendente de Arad-Ea.

Como a terra pertencia à família, as linhagens eram importantes para determinar direitos de venda ou de remissão nos jubileus. Cf. Jos 13-22; Lev 25. Em