Gênesis Rabá

Gênesis Rabá ou Bereshit Rabbah é um comentário na forma de midrash do livro de Gênesis. O início de sua escrita situa-se no século V e estendeu-se ao século VI dC.

A Gênesis Rabá faz explicações simples de palavras e frases, muitas vezes na língua aramaica, adequadas para a instrução dos jovens, além exposições agádicas populares para leituras públicas das sinagogas.

O livro é dividido em seções que correspondem aos capítulos de Gênesis, com cada seção oferecendo um comentário sobre o texto e os ensinamentos e histórias relacionados. O comentário sobre Gênesis é feito com vários métodos de interpretação, incluindo alegoria, tipologia e exegese, e se baseia em uma variedade de fontes de dados, incluindo textos bíblicos e rabínicos, bem como folclore e outras tradições.

Integra a primeira coleção de midrashim dos rabinos do Talmud, os amoraim..

Zilpa

Zilpa, em hebraico: זִלְפָּה, de significado incerto.

Uma das servas de Labão, dada a sua filha Leia. Depois de Leia ter tido quatro filhos deu Zilpa a Jacó como concumbina. Zilpa foi mãe de Gade e Aser, patriarcas dessas tribos em Israel.

Zilpa aparece exclusivamente no livro de Gênesis 29:24; 30:9–13, 18; 31:33; 32:22; 33:1–2, 5–6; 35:26; 37:2; 46:18.

BIBLIOGRAFIA

Juliana Claassens, L. “Reading Trauma Narratives: Insidious Trauma in the Story of Rachel, Leah, Bilhah and Zilpah (Genesis 29-30) and Margaret Atwood’s The Handmaid’s Tale.” Old Testament Essays 33.1 (2020): 10-31.

Reiss, Moshe; Zucker, David J.. “Co-opting the secondary matriarchs: Bilhah, Zilpah, Tamar, and Aseneth.” Biblical interpretation 22, no. 3 (2014):307-324.

Leia

Leia ou Lia, em hebraico לֵאָ֔ה e em grego Λεία, era irmã mais velha de Raquel, filhas de Labão (Gn 29:16). Aparece em Gn 29-31 dentro do ciclo de Jacó em relação de disputa com sua irmã.

O significado de seu nome é incerto. É especulado que signifique impaciente ou seja cognato do acadiano littu, vaca selvagem.

Leia é descrita como de olhos ternos, talvez implique em estrabismo (Gn 29:17). Ela foi contrastada com sua irmã que era bonita.

Jacó se enamorou por Rachel e sujeitou-se a sete anos de servidão para pagar o preço da noiva. No entanto, Labão enganou Jacó para se casar com Leia (Gn 29:23-24). Depois, Jacó concordou em trabalhar mais sete anos para ter Raquel como segunda esposa. Assim, Leia foi a primeira esposa de Jacó, de quem também era prima, pois sua mãe, Rebeca, era irmã de Labão (Gn 29:12-13).

Teve quatro filhos com Jacó: Rubem, Simeão, Levi e Judá. Mediante sua serva Zilpa foi mãe de mais dois: Gade e Asser (29:32; 30:10, 12).

Enquanto foi enterrada perto de Belém, Leia foi sepultada em Macpela, onde Jacó seria sepultado (49:31).

A única menção a Leia fora de Gênesis ocorre em Rute 4:11, no qual Leia é celebrada como uma das que edificaram a casa de Israel.

E todo o povo que estava na porta e os anciãos disseram: Somos testemunhas; o Senhor faça a esta mulher, que entra na tua casa, como a Raquel e como a Leia, que ambas edificaram a casa de Israel; e há-te já valorosamente em Efrata e faze-te nome afamado em Belém.

BIBLIOGRAFIA

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CHWARTS, Suzana. “Dá-me filhos senão estou morta: a concepção na Bíblia Hebraica.” Arquivo Maaravi: Revista Digital de Estudos Judaicos da UFMG 2.2 (2008):135-138.

CLAASSENS, Juliana. “Reading Trauma Narratives : Insidious Trauma in the Story of Rachel, Leah, Bilhah and Zilpah (Genesis 29-30) and Margaret Atwood’s The Handmaid’s Tale.” Old Testament Essays 33, no. 1 (2020): 10-31.

JEFFRESS, Jean. “Three’s Company Too: A Midrash on Everyday Misogyny, Leah, Rachel, Jacob, and the Comedy of Errors of This Hebrew Bible Dysfunctional Family.” Review and Expositor (Berne) 115, no. 4 (2018): 572-76.

JENSEN, Aaron Michael. “The Appearance of Leah.” Vetus Testamentum 68, no. 3 (2018): 514-18.

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STARR‐MORRIS, Ashley. “Leah and Hagar.” Cross Currents (New Rochelle, N.Y.) 69, no. 4 (2019): 384-401.

Iscá

Iscá, em hebraico יִסְכָּה e em grego: Ἰεσχά, é uma filha de Harã, irmão de Abraão. É mencionada uma única vez em Gn 11:29

E tomaram Abrão e Naor mulheres para si; o nome da mulher de Abrão era Sarai, e o nome da mulher de Naor era Milca, filha de Harã, pai de Milca e pai de Iscá.

A tradição rabínica especulou se Iscá seria outro nome para Sara, posição dada no Targum Pseudo-Jonathan.

Essa menção seria a possível fonte do nome “Jéssica”. A personagem na peça de William Shakespeare filha de Shylock em O Mercador de Veneza possui semelhança com as rendições das bíblias de Tyndale (Iisca), Wycliffe (Jescha), Mattheq (Iesca).

Vale de Sidim

O vale de Sidim,עֵ֖מֶק שִׂדִּים ‘emeq haś-Śiddim, identificado com o “Mar Salgado” em Gênesis 14:3, chamado de “mar da Arabá” em Deuteronômio 3:17, ou m “Mar Morto”. A localização atual é incerta.

É uma localidade mencionada em Gênesis: “E o vale de Sidim estava cheio de poços de betume” (Gênesis 14:3, 8, 10) como cenário da batalha do vale de Sidim, quando Quedorlaomer derrotou os reis de Sodoma e das cidades da planície.

Apócrifo de Gênesis

Literatura parabíblica que expande o livro de Gênesis. Sobrevive em fragmentos dos manuscritos aramaicos descobertos no Mar Morto (1QapGen ou 1Q20).

Datado de entre 250 aC e 50 dC, o Apócrifo de Gênesis reconta as narrativas de Lameque, Enoque, Noé e Abraão ao estilo de midrash. Notoriamente, expande a narrativa de Lameque. Menciona um “livro perdido”, o Livro das palavras de Noé.

O Apócrifo de Gênesis tenta retratar os patriarcas com um tom moralmente melhor e dar uma interpretação teológica de suas vidas.

O livro é uma fonte importante para o aramaico palestiniano médio e é um dos mais antigos testemunhos que cita o livro de Gênesis.

O Apócrifo do Gênesis tem cerca de 17 colunas, o que corresponde a cerca de 20 páginas na tradução para as línguas ocidentais. O manuscrito está incompleto, com algumas seções faltando, tornando difícil determinar o tamanho exato.

BIBLIOGRAFIA

García Martínez, Florentino; Tigchelaar, Eibert J. C. . The Dead Sea Scrolls: Study Edition. 2 vols. Grand Rapids: Eerdmans, 1997.

Fitzmyer, J. A. The Genesis Apocryphon of Qumran Cave I: A Commentary. 2d rev. ed.; Rome: Biblical Institute Press, 1971.

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Steiner, Richard C. “The Heading of the Book of the Words of Noah On a Fragment of the Genesis Apocryphon: New Light On a” Lost” Work1.” Dead Sea Discoveries 2.1 (1995): 66-71.

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Abel

  1. Abel é o filho de Eva e Adão (Gn 4:1-15), pastor de ovelhas morto por seu irmão Caim, enciumado pela aceitação da oferta de seu irmão. A oferta das primícias de seu seu rebanho (cf. Números 18:17) foi recebida como justiça (Mt 23:35; Hb 11:4). Seu irmãos Caim, enciumado, o matou (Gn 4:8; 1 Jo 3:12). No Novo Testamento o sacrífico e oferta de Abel são exemplos de justiça (Mt 23:35; Lc 11:51; Hb 11:4; Hb 12:24; 1 Jo 3:12). A palavra abel הֶבֶל em hebraico significa fôlego, em grego Ἅβελ. No entanto, como nome próprio seu significado permanece obscuro.
  2. Em um sentido obscuro a palavra abel aparece como uma pedra no local que os filisteus devolveram a arca (1 Sm 6:18).

Matusalém

Em hebraico: מְתוּשֶׁלַח , ; em grego: Μαθουσάλας Mathousalas, um patriarca bíblico cuja vida foi a mais longa da Bíblia, 969 anos de acordo com o Texto Massorético e com a Septuaginta, embora apareça com “meros” 720 anos no Pentateuco Samaritano e no Livro de Jubileus. Irrespectivo de qual recensão, teria morrido no ano do dilúvio.

Matusalém era filho de Enoque, pai de Lameque e avô de Noé. É mencionado nas genealogias em 1 Crônicas e no Evangelho de Lucas.

A Lista de Reis Sumérios menciona um personagem chamado Ubara-Tutu com paralelos a Matusalém. Ubara-tutu (ou Ubartutu) de Shuruppak foi o último rei antediluviano da Suméria e teria reinado por 18.600 anos (5 sars e 1 ner). Ele era filho de En-men-dur-ana, uma figura mitológica suméria comparada a Enoque, pois não teria morrido.

Alguns comentadores (Donald V. Etz; Ellen Bennet) argumentam que os anos da genealogia de Gênesis 5, consequentemente a idade de Matusalém, foram interpretadas erroneamente. Sugerem que os termos traduzidos por anos nos seriam, então, estações ou outras unidades, o que reduziriam a idade de Matusalém de 78 a 96 anos, conforme o comentador.

BIBLIOGRAFIA

Etz, Donald V., “The Numbers of Genesis V 3-31: a Suggested Conversion and Its Implications”, Vetus Testamentum, Vol. 43, No. 2, 1994, pages 171–187.