Pirke de-Rabbi Eliezer

O Pirke de-Rabbi Eliezer é uma obra midráshica dos séculos 8 a 10 dC que contém uma coleção de histórias, ensinamentos e interpretações das escrituras e tradições judaicas.

A obra é atribuída ao rabino Eliezer ben Hicarno, um proeminente sábio judeu do século I dC, embora seja provável que o texto tenha sido escrito muito mais tarde.

O Pirke de-Rabbi Eliezer cobre uma ampla gama de tópicos, incluindo a criação do mundo, a vida de figuras bíblicas como Adão, Noé, Abraão e Moisés e a história do povo judeu. Ele também inclui discussões sobre lei judaica, ética e teologia e fornece insights sobre crenças judaicas sobre vida após a morte, anjos e demônios.

A obra é notável pelo uso de linguagem imaginativa e simbólica, bem como pela incorporação de tradições não-judaicas, como a mitologia grega e romana, ao pensamento judaico. Também enfatiza a importância de estudar e observar a lei e a tradição judaica como meio de se conectar com Deus e alcançar o crescimento espiritual.

Sifre de Deuteronômio

Sifre de Deuteronômio , uma coleção de interpretações rabínicas sobre o livro de Deuteronômio compilada ca. 350-400 d.C.

O Sifre sobre Deuteronômio é uma coleção de midrashim (ensinamentos homiléticos) sobre o livro bíblico de Deuteronômio. Consiste em uma série de discussões e interpretações de várias passagens do Deuteronômio, muitas vezes incorporando outros textos bíblicos e tradições rabínicas.

O Sifre sobre Deuteronômio enfoca uma variedade de temas, incluindo a importância de seguir as leis e os mandamentos de Deus, o papel da liderança e da justiça na sociedade e o relacionamento entre Deus e os israelitas. Inclui também discussões sobre a interpretação de leis e mandamentos específicos, bem como narrativas do texto bíblico.

Bitia

Bitia, Bitiá ou Bítia, em hebraico בִּתְיָה, “filha de Deus”, não se sabe se é um nome próprio, ou uma designação honorífica dada mais tarde para salientar sua importância era maior que ser a filha do faraó

Foi a filha de Faraó que resgatou Moisés das águas do Nilo (Êxodo 2:1-10). Ela o adotou como seu filho e o criou como príncipe egípcio. Em tradições tardias, ela aparece casada com Merede, descendente de Judá (1 Crônicas 4:18), assim ligando a linhagem de Moisés à de Judá.

Lendas registradas no Talmud diz que estava em um banho de purificação contra idolatria no Nilo (comparável ao batismo e ao mikvé) (Sot. 12b). Quando suas servas se recusaram a desobedecer ao decreto real e salvar a criança israelita, seu braço alongou-se milagrosamente para que pudesse alcançar o cesto em que Moisés jazia; quando quando foi curada da lepra.

Outra lenda diz Bitia foi levada ao Paraíso durante sua vida (Midrash de Provérbios 31:15). Bitia é contada entre as 22 mulheres heroínas (Mid. Hag. to Gen. 23:1, s.v.Takom).

Gênesis Rabá

Gênesis Rabá ou Bereshit Rabbah é um comentário na forma de midrash do livro de Gênesis. O início de sua escrita situa-se no século V e estendeu-se ao século VI dC.

A Gênesis Rabá faz explicações simples de palavras e frases, muitas vezes na língua aramaica, adequadas para a instrução dos jovens, além exposições agádicas populares para leituras públicas das sinagogas.

O livro é dividido em seções que correspondem aos capítulos de Gênesis, com cada seção oferecendo um comentário sobre o texto e os ensinamentos e histórias relacionados. O comentário sobre Gênesis é feito com vários métodos de interpretação, incluindo alegoria, tipologia e exegese, e se baseia em uma variedade de fontes de dados, incluindo textos bíblicos e rabínicos, bem como folclore e outras tradições.

Integra a primeira coleção de midrashim dos rabinos do Talmud, os amoraim.

Livro das Curas

Suposto livro escondido pelo rei Ezequias, conforme tradição registrada no Talmude (Talmud Babilônico Berakot 10b; Pesahim 56a).

Nos dias dias de Ezequias havia uma lista de fontes de águas terapêuticas. Esta lista, transmitida desde Noé, indicava cada uma para cada enfermidade. Como o povo não estava buscando a Deus em suas doenças, o rei escondeu a lista.

Apócrifo de Gênesis

Literatura parabíblica que expande o livro de Gênesis. Sobrevive em fragmentos dos manuscritos aramaicos descobertos no Mar Morto (1QapGen ou 1Q20).

Datado de entre 250 aC e 50 dC, o Apócrifo de Gênesis reconta as narrativas de Lameque, Enoque, Noé e Abraão ao estilo de midrash. Notoriamente, expande a narrativa de Lameque. Menciona um “livro perdido”, o Livro das palavras de Noé.

O Apócrifo de Gênesis tenta retratar os patriarcas com um tom moralmente melhor e dar uma interpretação teológica de suas vidas.

O livro é uma fonte importante para o aramaico palestiniano médio e é um dos mais antigos testemunhos que cita o livro de Gênesis.

O Apócrifo do Gênesis tem cerca de 17 colunas, o que corresponde a cerca de 20 páginas na tradução para as línguas ocidentais. O manuscrito está incompleto, com algumas seções faltando, tornando difícil determinar o tamanho exato.

BIBLIOGRAFIA

García Martínez, Florentino; Tigchelaar, Eibert J. C. . The Dead Sea Scrolls: Study Edition. 2 vols. Grand Rapids: Eerdmans, 1997.

Fitzmyer, J. A. The Genesis Apocryphon of Qumran Cave I: A Commentary. 2d rev. ed.; Rome: Biblical Institute Press, 1971.

Reeves, J.C. Translation Of 1Q Genesis Apocryphon II-XXII.

Steiner, Richard C. “The Heading of the Book of the Words of Noah On a Fragment of the Genesis Apocryphon: New Light On a” Lost” Work1.” Dead Sea Discoveries 2.1 (1995): 66-71.

Stuckenbruck, Loren T. “The Lamech Narrative in the Genesis Apocryphon (1QapGen) and Birth of Noah (4QEnochc ar): A Tradition-Historical Study.” Aramaica Qumranica. Brill, 2010. 253-275.

Poço de Miriam e a rocha movente

Durante o êxodo Moisés aparece extraíndo água da rocha em dois lugares: Refidim (Êx 17) e Meribá (Nm 20). A associação dessas passagens com Miriam fizeram que a fonte também fosse chamada de poço de Miriam.

Intérpretes na Antiguidade Tardia fizeram um midrash para concluir que as duas rochas eram a mesma. Portanto, seria uma rocha móvel que acompanhou os israelitas durante 40 anos.

“E assim o poço que estava com os israelitas no deserto era uma rocha, do tamanho de um grande vaso redondo, subindo e borbulhando para cima, como da boca de uma pequena garrafa, subindo com eles aos montes, e descendo com eles aos vales. Onde quer que os israelitas acampassem, acampava com eles, em um lugar alto, em frente à entrada da Tenda da Congregação.” (Tosefta, Sukka 3.114).

“Mas quanto ao seu próprio povo, ele os levou para o deserto: quarenta anos fez chover pão do céu para eles, e trouxe-lhes codornizes do mar, e um poço de água seguindo-os” Pseudo-Filo. Antiguidades Bíblicas, 10.7.

Paulo menciona essa interpretação midráshica para argumentar que a presença de Cristo estava na jornada dos israelitas no deserto, cuidando deles, fornecendo a água que permitia a vida:

“E [os israelitas] beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo.” 1 Cor 10:4

BIBLIOGRAFIA

Enns, Peter E. “The” Moveable Well” in 1 Cor 10: 4: An Extrabiblical Tradition in an Apostolic Text.” Bulletin for Biblical Research 6.1 (1996): 23-38.