Targum Sheni

O Targum Sheni (“Segundo Targum”) é uma tradução aramaica (targum) e uma versão parabíblica do Livro de Ester.

Contém um relato da visita da Rainha de Sabá ao Rei Salomão. Salomão comanda e faz uma festa para um impressionante exército de animais, pássaros e espíritos demoníacos como seus súditos. A rainha pede que ele resolva três enigmas. Há paralelos entre essa passagem e a Sura 27 do Alcorão.

O texto é datado entre o século IV até o XI d.C.

Apócrifo de Gênesis

Literatura parabíblica que expande o livro de Gênesis. Sobrevive em fragmentos dos manuscritos aramaicos descobertos no Mar Morto (1QapGen ou 1Q20).

Datado de entre 250 aC e 50 dC, o Apócrifo de Gênesis reconta as narrativas de Lameque, Enoque, Noé e Abraão ao estilo de midrash. Notoriamente, expande a narrativa de Lameque. Menciona um “livro perdido”, o Livro das palavras de Noé.

O Apócrifo de Gênesis tenta retratar os patriarcas com um tom moralmente melhor e dar uma interpretação teológica de suas vidas.

O livro é uma fonte importante para o aramaico palestiniano médio e é um dos mais antigos testemunhos que cita o livro de Gênesis.

O Apócrifo do Gênesis tem cerca de 17 colunas, o que corresponde a cerca de 20 páginas na tradução para as línguas ocidentais. O manuscrito está incompleto, com algumas seções faltando, tornando difícil determinar o tamanho exato.

BIBLIOGRAFIA

García Martínez, Florentino; Tigchelaar, Eibert J. C. . The Dead Sea Scrolls: Study Edition. 2 vols. Grand Rapids: Eerdmans, 1997.

Fitzmyer, J. A. The Genesis Apocryphon of Qumran Cave I: A Commentary. 2d rev. ed.; Rome: Biblical Institute Press, 1971.

Reeves, J.C. Translation Of 1Q Genesis Apocryphon II-XXII.

Steiner, Richard C. “The Heading of the Book of the Words of Noah On a Fragment of the Genesis Apocryphon: New Light On a” Lost” Work1.” Dead Sea Discoveries 2.1 (1995): 66-71.

Stuckenbruck, Loren T. “The Lamech Narrative in the Genesis Apocryphon (1QapGen) and Birth of Noah (4QEnochc ar): A Tradition-Historical Study.” Aramaica Qumranica. Brill, 2010. 253-275.

Livro de Josipon

O Sefer Josippon ou Livro de Josipon, também conhecido como Pseudo-Josefo, é uma crônica hebraica medieval. Deriva-se de uma tradução livre latina das obras de Flávio Josefo, a Bellum Iudaicum, a qual tinha sido feita pelo autor conhecido como Pseudo-Hegésipo.

Composta no final do primeiro milênio por algum judeu da comunidade grega do sul da Itália, ganhou aceitação entre os bizantinos. Contudo, somente integrou o cânone amplo na Igreja Ortodoxa Etíope.

Não há novidade de conteúdo com valor histórico, mas Josipon ilustra o processo de reescrita e transmissão de literatura bíblica e parabíblica.

O livro de Josipon cobre a história hebraica de Adão à queda de Massada em 74 dC, com foco no período do Segundo Templo. Outras fontes foram a Vulgata, incluindo os livros dos Macabeus, a tradição judaica e algumas fontes pseudo-históricas latinas.

BIBLIOGRAFIA

Flusser, David. “Josippon: A Medieval Hebrew Version of Josephus.” Pages 386–97 in Josephus, Judaism, and Christianity. Edited by L. Feldman and G. Hata. Detroit: Wayne State University Press, 1987.

Reiner, Jacob. “The English Yosippon.” Jewish Quarterly Review 58 (1967): 126–42.

Liber antiquitatum biblicarum

Liber antiquitatum biblicarum, uma obra cujo autor desconhecido é chamado de Pseudo Filo (c66-130 d.C.), é uma parafrase de partes da Bíblia Hebraica preservada em versões latinas.

Esta literatura parabíblica, ora sumariza, ora expande, as narrativas de Gênesis ao reinado de Saul. Contém muitas lendas também presentes em outras fontes. Registra, excepcionalmente, mulheres em papel de protagonismo.

Composto entre os meados do século I e II d.C., possivelmente em hebraico, sobrevive em cópia latina feita do grego.

Livro de Jubileus

Obra parabíblica composta em hebraico nos meados do século II a.C. Chamada de Leptogenesis (Gênesis menor), é uma paráfrase de Gênesis e do Êxodo até a revelação da Lei, narrado em segunda pessoa.

É canônico entre ortodoxos e Beta Israel etíopes e parece ter tido autoridade na comunidade de Qumran.

O livro registra uma preocupação com os festivais.

Conto de Bagasraw

Manuscrito do Mar Morto 4Q550, Proto-Ester.

É um conjunto de seis fragmentos aramaicos encontrados em Qumran entre os Manuscritos do Mar Morto (c. 250 aC – 50 dC) publicado por J. T. Milik em 1992 e intitulado “4Q proto Aramaic Esther”.

Trata-se de uma “história da corte” que parece recontar as aventuras de um grupo de judeus na corte dos reis persas Dario e Xerxes. O protagonista é Bagasraw (Bagasro e Bagasrava), talvez filho de Patireza. Homem temente a Deus, Bagarasraw foi recompensado pelo rei persa por suas boas ações.

Outro membro da corte, Bagashe (ou Bagoshi) avisa Bagasraw sobre seus adversários.

No início do texto (conforme reconstrução), uma “princesa” também é mencionada.

A narrativa é ambientada na corte da Pérsia, com o final do texto menciona especificamente a Media, a Pérsia e a Assíria. O rei persa parece ser filho de Dario I, talvez mesmo rei em Ester, Assuero (Xerxes).

BIBLIOGRAFIA

https://www.deadseascrolls.org.il/explore-the-archive/manuscript/4Q550-1?locale=en_US

Cook, Edward M. “The Tale of Bagasraw.” Pages 437–39 in The Dead Sea Scrolls: A New Translation. Translated by Michael O. Wise, Martin G. Abegg, Jr. and Edward M. Cook. San Francisco: HarperOne, 1996.

Collins, John J., Deborah A. Green. “The Tales from the Persian Court (4Q550a–e) in Antikes Judentum und Frühes Christentum, pp. 39–50. Berlin, 1999.

Crawford, Sidnie White. “Has Esther Been Found at Qumran? 4Qproto-Esther and the Esther Corpus.” Revue de Qumrân 17 (1996), 307–325.

Milik, J. T. “Les modeles arameens du livre d’Esther dans la Grotte 4 de Qumran.” Revue de Qumran 15 (1992): 321–406.

VanderKam, James C. and Peter Flint. The Meaning of the Dead Sea Scrolls: Their Significance for Understanding the Bible, Judaism, Jesus, and Christianity. New York: HarperCollins, 2002.

Wechsler, Michael G. “Two Para-Biblical Novellae from Qumran Cave 4: A Reevaluation of 4Q550.” Dead Sea Discoveries 7 (2000): 130–72.