Os Walkerites foram um grupo evangélico primitivista originários da Irlanda no começo do século XIX.
Teve início com o ministério de John Walker (1768-1833). Filho de um clérigo da Igreja da Irlanda, estudou no Trinity College em Dublim, onde fez amizade com Thomas Kelly. Tornou-se o responsável pela Capela de Bethesda em Dublim, congregação conectada com o ministério de George Whitefield e de Lady Huntingdon, mas pertencente à Igreja da Irlanda.
Por defender de modo irredutível algumas posições teológicas, foi desligado da Igreja da Irlanda 1804. Walker passou a frequentar uma congregação em Stafford Street, Dublim, que se autodenominava “a igreja de Deus” (a church of God), mas eram conhecidos como Walkerites.
Teologicamente eram hipercalvinistas, embora não sistematizem sua teologia, a qual era centrada na fé de que “Cristo morreu por nós e assim nos salvou e a todos os homens que crêem nEle” (Martin 1971). Arrependimento significava mudança de mentalidade, não sentimento de culpa ou penitência. Praticavam Santa Ceia semanal restrita somente a membros, ósculo santo e batismo por imersão adulto (mais tarde alguns grupos pararam de fazer batismo, admitindo novos membros pela comunhão). Cada congregação era autônoma e o ministério coletivo era composto por anciãos e diáconos leigos, normalmente quase todos os homens eram reconhecidos para tais funções. Consideravam que o mundo jazia no maligno. E, em razão disso, eram extremamente separatistas, sequer conversando publicamente sobre questões religiosa ou orando com não membros. No entanto, não eram contra diversões públicas ou educação profissional como outros grupos primitivistas. Não guardavam o domingo ou outro dia como sagrado. Recusavam a fazer qualquer tipo de juramento.
Os cultos dominicais era presidido em rodízio. Um ancião abria o serviço, cantava-se um hino, outro membro diriga a primeira oração, outro partia o pão, leitura das Escrituras, exortação, seguiam-se a coleta, hino e a
segunda oração em rodízio de presidência. As leituras consistiam de um salmo, um capítulo do Antigo Testamento e um capítulo do Novo Testamento a cada domingo. A pregação não era definida previamente, mas deixado ao impulso do Espírito Santo. Qualquer membro masculino adulto podia falar, e não necessariamente pregar sobre as Escrituras que foram lidas. Encerrava-se com o ósculo santo. Uma vez por mês havia um estudo bíblico à tarde.
Apesar desse separatismo, o grupo teve tentativas de fusão com os grupos de James Buchanan em Camown Green e com os Kellytes.
Em seu auge, tinha cerca de uma dúzia de igrejas na Irlanda, além de duas grandes congregações em Birmingham e Londres. Em 1834 havia apenas três igrejas Walkerites. O grupo continuou, reunindo em casas. No início do século XX teve um pequenos núcleo na Rússia. A última congregação, a de Dublim, incrementalmente se tornou mais semelhante ao Movimento dos Irmãos, mas fechou em 1921.
BIBLIOGRAFIA
Martin, C.P. “Recollections of the Walkerite or so-called Separatist Meeting in Dublin,” Christian Brethren Research Fellowship Journal 21 (May 1971): 2-10.
Walker, John. ‘A brief account of the people called Separatists’. Essays and correspondences, I. pp 550-560.
Walker, John. Seven letters to a friend on the Primitive Christianity. (1819). Essays and correspondences, I. p. 409.