Milla Clemensdotter

Milla Clemensdotter (1812–1892) ou Maria da Lapônia foi uma renovadora da Igreja Luterana Sueca. Uma nativa sami, teve uma influência significativa na vida espiritual de Lars Levi Laestadius.

Quando nasceu, seu pai era alcoólatra e a família perdeu todas as suas propriedades. Após a morte de seu pai em 1817, sua mãe se casou novamente. Aos seis anos foi morar com diversas famílias, passando por vários sofrementos.

Mais tarde,Maria juntou-se a um movimento de avivamento marcado por influências pietistas e morávias, parte de um grupo conhecido como “Leitores”. Em 1840 casou-se. Quatro anos depois encontrou e influenciou Lars Levi Laestadius, dando origem ao laestadianismo.

Em 1865, o casal vivia em Halmøya em Flatanger (então parte de Fosnes) e em Namdalen como nômades pastores de renas.

Laestadianismo

Laestadianismo é um movimento avivalista nas igrejas luteranas da Noruega, Suécia e Finlândia, nascido de influências pietistas e morávias no século XIX, principalmente entre comunidades sami. Parte do movimento constitui denominações independentes nos EUA e Canadá.

História

O movimento deve o nome e foi iniciado pelo pastor e botânico luterano sueco Lars Levi Laestadius ou Læstadius (1800-1861). Educado na Universidade de Uppsala, Læstadius foi ordenado ministro em 1825. Foi enviado como missionário entre os sami (povo antigamente conhecidos como “lapões”) no norte da Suécia, onde entre 1826 e 1849 foi pastor na paróquia de Karesuando. Laestadius era filho de mãe sami, a qual também era devota participante de conventículos de oração e leitura bíblica.

Quando Laestadius chegou a Karesuando encontrou pobreza e abuso de álcool era generalizado entre os sami. Começou a pregar sobre moralidade e arrependimento. A vida de Laestadius mudou quando encontrou com Milla Clemensdotter ou Maria da Lapônia (1812–1892) em 1844. Essa jovem mulher sami, também membro de um conventículo de “leitores”, testemunhou sua experiência de paz encontrada quando ela compreendeu a graça de Deus.

A partir do encontro com Maria, Laestadius experimentou uma transformação espiritual. Seguiu-se um grande avivamento entre os sami de todos os países do círculo polar ártico. Em 1853, um bispo da Igreja da Suécia (luterana) decidiu que deveria ter dois serviços de culto a cada paróquia onde tivesse laestadianos: um para os paroquianos regulares e outros para os avivados.

Após a morte de Læstadius, o movimento foi liderado por Juhani Raattamaa (1811-1899). Após a morte de Raattamaa, o renascimento se dividiu em várias vertentes: velhos laestadianos, primogênitos, laestadianos ocidentais,

Os laestadianos sempre permaneceram membros das igrejas estatais na Noruega, Suécia e Finlândia, mas realizam suas próprias reuniões e muitos grupos possuem suas próprias casas de oração. Na América do Norte constituem denominações separadas, sendo a principal a Igreja Apostólica Luterana do Primogênito.

Doutrina e práxis

A Bíblia é a fonte primária de fé. Outras fontes materiais incluem as obras de Martinho Lutero, os sermões e escritos de Laestadius, bem como seus hinários, principalmente o Sions sånger.

Suas reuniões são solenes. Ocorrem êxtases e lamentos (frequementemente associados com a glossolalia) especialmente no momento da Ceia do Senhor. Há uma grande ênfase no arrependimento do pecado. Membros confessam seus pecados, normalmente em lágimas e emoções, então um dos anciãos pronuncia o perdão dos pecados pela imposição de mãos. A pregação pode ser extemporânea, com grande ênfase no pecado e perdão, bem como na leituras de sermões de Lutero e Laestadius. Tradicionalmente se cumprimentam com a frase ” a paz de Deus “. Realizam, quando possível suas próprias Ceias. Em alguns grupos tradicionais as mulheres cobrem a cabeça com um véu. Tradicionalmente, membros mais idosos das famílias ou seus anciãos batizam as crianças nas casas. Como outros movimentos avivalistas nórdicos, os maiores eventos são as reuniões campais de verão.

Buscam viver uma vida de santificação em separado da sociedade secular. Assim, muitos grupos rejeitam música mundana, dança, cinema. televisão, diversões públicas e contraceptivos. O isolamento (e o exclusivismo de alguns grupos) levam a serem vistos com suspeição pela ampla sociedade.

São liderados por anciãos leigos, mas há laestadianos ordenados ministros pelas igrejas estatais luteranas dos países nórdicos. São estimados em cerca de 500 mil membros, a maior parte deles na Finlândia. Suportam missões em diversas nações do globo, como Equador, Estônia, Alemanha, Grã-Bretanha, Hungria, Islândia, Quênia, Letônia, Rússia, Espanha, Suíça, Áustria e Togo.

BIBLIOGRAFIA

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Kristiansen, Roald. Samisk religion og læstadianisme: kristen tro og livstolkning. Fagbokforlag, 2005.

Heith, Anne. Laestadius and Laestadianism in the contested field of cultural heritage: a study of contemporary Sámi and Tornedalian texts. Umeå University & The Royal Skyttean Society, 2018.

Lie, Geir. História do Cristianismo. Santorini, 2020.

http://www.bibliotecalaestadiana.se