Laodicenses

A epístola aos Laodicenses é uma carta perdida mencionada por Paulo (Cl 4:16;; cf. Cl 2:1) destinada ou escrita a partir de Laodiceia. Contudo, um texto apócrifo com esse nome, uma mistura de frases paulinas de outras epístolas, circula desde possivelmente o século II, tendo alguma aceitação de canonicidade em várias ocasiões.

Dentre as hipóteses sobre essa epístola, as mais comuns:

  • Seria a mesma Epístola aos Efésios. Teoria mencionada por Hipólito de Roma, talvez por Marcião.
  • Seria a Epístola a Filemom, como pensa Edgar J. Goodspeed.
  • A carta pode ter sido perdida.
  • A carta não era de Paulo, mas escrita por alguém da igreja de Laodiceia.
  • A carta atualmente chamada de Epístola aos Laodicenses seria autêntica.

A mais antiga inferência acerca dessa epístola é o Cânon de Muratori (século II?), quando critica Marcião por incluir a carta aos laodicenses em seu cânon.

O texto latino desde os meados do século VI, as evidências da epístola a Laodiceia aparece nas versões da Ítala e na Vulgata. A mais antiga cópia conhecida desta epístola está no manuscrito Fulda escrito para Victor de Cápua em 546. É citada por Gregório, o Grande. Foi rejeitada na Igreja Oriental Grega desde o Segundo Concílio de Niceia, 787 a.C. Aparece no cânon de Ebed Jesu da Igreja Siríaca.

Aparece em todas as Bíblias alemãs impressas anteriores a Lutero. Em inglês aparece na versão de Wycliffe e foi aceita entre círculos quakers como canônica. Aparece nas edições tchecas do século XV ao XVII. Foi publicada com um comentário por Lefevre d’Étaples. Em holandês, integrou a versão anabatista ou a Bíblia de Biestkens (1560), usada até os meados do século XIX pelos mennonitas.

Seu latim truncado não permite inferir conclusivamente foi originalmente escrita em grego ou simplesmente é um texto ruim. Não há evidências em manuscritos gregos, nem versões antigas em outras línguas, exceto em árabe.

BIBLIOGRAFIA

Carra de Vaux, B. “L’Épitre aux Laodiceans en arabe.” RB 6 (1896): 221–26.

François, Wim. “Mattheus Jacobszoon’s New Testament and the Addition of Registers and the Epistle to the Laodiceans to Dutch Mennonite Bibles.” Religious Minorities and Cultural Diversity in the Dutch Republic. Brill, 2014. 73-88.

Tite, Philip L. The apocryphal epistle to the Laodiceans: an epistolary and rhetorical analysis. Brill, 2012.

Laodiceia

Laodiceia foi uma próspera cidade comercial na região da Frígia, no noroeste da Ásia Menor. Era vizinha das cidades de Colossos e Hierápolis (Col 2:1; Col 4:13-16), ficavam neste mesmo vale do rio. Modernamente, o sítio arqueológico situa-se perto da cidade de Denizli, Turquia

No reinado de Nero (60 d.C.) um terremoto destruiu completamente a cidade. Os habitantes recusaram a ajuda imperial para reconstrui-la e a restauraram com um estilo grego.

Havia uma considerável comunidade judia nessa região da Frígia. Antíoco III, o Grande, transportou 2.000 famílias judias da Babilônia para a Frígia. Cícero registra que Flaco confiscou 9 quilos de ouro destinado anualmente ao templo de Jerusalém (Pro Flacco 28-68). O martírio do judeus Lulianos e Pafos, registrado no Talmude, possivelmente aconteceu lá. Um alvará dos magistrados laodicenses autorizava os judeus observarem o sábado e seus outros ritos, de acordo com a injunção de Caio Rubílio. (Josefo Antiguidades Judaicas, XIV. X. 20)

A primitiva igreja reunia-se provavelmente na casa de Ninfa. Epafras, retratado como um dos companheiros de Paulo, aparentemente foi pioneiro das igrejas nas três cidades (Cl 4:12-13). De acordo com Col 4:16, Laodiceia correspondeu com Paulo, mas a epístola de Laodiceia não sobreviveu até nós.

A igreja de Laodiceia foi uma das sete repreendidas em Apocalipse (Ap 3:14-22).

Alguns manuscritos aparecem no final de 1 Timóteo “Escrita de Laodiceia, metrópole da Frígia de Pacatiana”.

Sínodo de Laodiceia

Entre 342 e 380 (provavelmente por volta dos anos 363 e 365) ocorreu o Sínodo de Laodiceia, reunindo cerca de trinta clérigos da Ásia Menor. Se situado na décadade de 360, este concílio de Laodiceia seria uma reação contra o reinado de Juliano, o apóstata, quando as condições políticas à cristandade foram desfavoráveis. Este sínodo marca um início de imposição doutrinária hierarquizada e autoritária.

As principais preocupações do concílio envolviam a regulamentação da conduta dos membros da igreja. Entre seus sessenta cânones condena hereges (cânones 6–10, 31–34, 37), judeus (cânones 16, 37–38) e pagãos (cânone 39). Vedou
a guarda do sábado e incentivando o descanso no domingo (cânon 29). Normatizou litúrgicas (cânones 14–20, 21–23, 25, 28, 58–59). Impôs restrições durante a quaresma (cânones 45, 49–52). Bane as presbíteras, ágapes nas igrejas, força a separação com os judeus e outros cristãos. Proibe o acesso das mulheres ao altar. Impõe uma hierarquia interna.

Seus cânones 59 e 60 discorrem sobre o cânon bíblico, embora a autenticadade do cânon 60 seja duvidável. Esse cânone falta em vários manuscritos gregos e esta ausente na versão latina dos cânones, além da lista ser igual à de Cirilo de Jerusalém.

“59. Nenhum salmo composto por particulares nem quaisquer livros não canônicos podem ser lidos na igreja, mas apenas os livros canônicos do Antigo e do Novo Testamento.”

“60. Estes são todos os livros do Antigo Testamento designados para serem lidos: 1, Gênesis do mundo; 2, O Êxodo do Egito; 3, Levítico; 4, Números; 5, Deuteronômio; 6, Josué, filho de Num; 7, Juízes, Rute; 8, Ester; 9, Dos Reis, Primeiro e Segundo; 10, Dos Reis, Terceiro e Quarto; 11, Crônicas, Primeiro e Segundo; 12, Esdras, Primeiro e Segundo; 13, O Livro dos Salmos; 14, Os Provérbios de Salomão; 15, Eclesiastes; 16, O Cântico dos Cânticos; 17, Jó; 18, Os Doze Profetas; 19, Isaías; 20, Jeremias e Baruque, as Lamentações e a Epístola; 21, Ezequiel; 22, Daniel.

“E estes são os livros do Novo Testamento: Quatro Evangelhos, segundo Mateus, Marcos, Lucas e João; Os Atos dos Apóstolos; Sete epístolas católicas, a saber, uma de Tiago, duas de Pedro, três de João, uma de Judas; Catorze Epístolas de Paulo, uma aos Romanos, duas aos Coríntios, uma aos Gálatas, uma aos Efésios, uma aos Filipenses, uma aos Colossenses, duas aos Tessalonicenses, uma aos Hebreus, duas a Timóteo, uma a Tito, e outro a Filemom.”

Notoriamente, não lista o Apocalipse e inclui 1 e 2 Esdras, Baruque e a Epístola de Jeremias.