Levitas

Levitas (לְוִיִּם, Levi’im, plural de לֵוִי, Levi, em hebraico) referem-se aos membros da tribo de Levi, um dos doze filhos de Jacó (Israel). Os levitas eram um grupo social envolvido em atividades cúlticas no Antigo Israel. Geralmente traçam suas origens na tribo de Levi, embora em algumas passagens o termo levita pareça ser uma descrição de função em vez de um nome tribal. Um levita que pertencia à tribo de Judá é mencionado em Juízes 17:7. Os gibenonitas e o netineus talvez sejam contatos entre os levitas.

Diferente das outras tribos israelitas, os levitas não receberam herdades territoriais, exceto suas cidades.

Os levitas realizavam funções sacerdotais (especialmente alguns clãs, como os mussitas, aarônidas e zadoquitas) administravam os locais de culto, os sacrifícios, os cânticos, bem como difundir a lei divina (Dt 17,18; Dt 33,10). No Deuteronômio, pressupõe uma atividade distribuída em várias vilas na Terra Prometidas, ainda que com cidades levíticas especiais (Js 21:1-42). No período Primeiro do Templo ocorre uma centralização em Jerusalém (2Rs 23:8-9; Ez 44:10-14-15; 1Cr 16:4-37; 2Cr 29:34). Duas coleções de salmos são atribuídas aos levitas, os de Asafe (Sl 50, 70-83) e os de Corá (Sl 42- 49).

No período exílico, os levitas mantiveram suas funções de administrar a lei (1Cr 23:4; 2Cr 19:8-11) e de ensiná-la ao povo (2Cr 17:7-9; 2Cr 35:3), atribuições continuadas no período do Novo Testamento (Lucas 10:32).

Os levitas, mais que outras tribos, possuem laços com o Egito. Hoffmeier (2005) observa que vários nomes levíticos, como Hofni, Hur, Merari, Mussi, Fineias, Moisés, Passur, Aarão (possivelmente), Aquira, Assir, Merari e Miriam, são de origens egípcias. Homan (2007) aponta que Arca da Aliança e o Tabernáculo também têm raízes egípcias, com semelhanças em seu design e práticas religiosas. Os egípcios transportavam um tabernáculo de campanha, com uma arca similar. Serafins e a vara de Aarão possuem paralelos egípcios. Essas conexões destacam a importância do Egito na formação da cultura israelita primitiva.

Esses paralelos substanciaram hipóteses de que os levitas tivessem origens egípicias. Friedman (2017) argumenta que os levitas foram os únicos israelitas a participar do Êxodo e depois fundiram-se às tribos cananeias das quais emergiram o Antigo Israel. Leuchter (2017) sugere que os levitas eram administradores e militares egípcios estacionados em Canaã que se tornaram líderes entre os israelitas, estabelecendo um santuário em Betel e Siló. Por mais que os israelitas considerassem somente as linhagens patrilineares, a tradição do Êxodo relata a fusão de “gente da terra” quando da saída do Egito, o Erev Rav.

Funções e Responsabilidades:

Os levitas, em geral, tinham as seguintes responsabilidades:

  1. Serviço no Santuário: Auxiliavam os sacerdotes (descendentes de Arão, que também eram levitas) nas tarefas do Tabernáculo e, mais tarde, do Templo. Isso incluía transportar a Arca da Aliança e os utensílios sagrados, montar e desmontar o Tabernáculo durante a peregrinação no deserto, cuidar da manutenção do santuário, e realizar outras tarefas práticas.
  2. Música e Louvor: Alguns levitas eram designados como músicos e cantores no culto (1 Crônicas 15:16-24; 25). Davi organizou os levitas em turnos para o serviço musical no Templo (1 Crônicas 23:2-5).
  3. Ensino da Lei: Os levitas tinham a responsabilidade de ensinar a Lei de Moisés ao povo (Deuteronômio 33:10; 2 Crônicas 17:7-9; Neemias 8:7-9).
  4. Guarda do Santuário: Os levitas eram responsáveis pela guarda do Tabernáculo/Templo, impedindo o acesso de pessoas não autorizadas (Números 1:51; 18:1-7; 1 Crônicas 9:17-32).
  5. Coleta de Dízimos: Como os levitas não receberam herança de terra, eles eram sustentados pelos dízimos dados pelas outras tribos. Parte desse dízimo era entregue aos sacerdotes (Números 18:25-32)

Divisão Interna:

Dentro da tribo de Levi, havia uma distinção importante:

  • Sacerdotes (Kohanim): Apenas os descendentes diretos de Arão, irmão de Moisés, podiam ser sacerdotes. Eles realizavam os sacrifícios, entravam no Santo Lugar e no Santo dos Santos (no caso do Sumo Sacerdote) e tinham as responsabilidades mais elevadas no culto.
  • Levitas (não-sacerdotes): Todos os outros membros da tribo de Levi que não eram descendentes diretos de Arão. Eles auxiliavam os sacerdotes nas diversas tarefas mencionadas acima.

BIBLIOGRAFIA

Friedman, Richard Elliott. The Exodus: How It Happened and Why It Matters. New York: HarperOne, 2017.

Hoffmeier, James K. Ancient Israel in Sinai: the evidence for the authenticity of the wilderness tradition. Oxford University Press, 2005.

Homan, Michael M. “The Tabernacle and the Temple in Ancient Israel.” Religion Compass 1.1 (2007): 38-49.

Leuchter, Mark. The Levites and the boundaries of Israelite identity. Oxford University Press, 2017.

Visões de Anrão

As Visões de Anrão são uma obra descoberta nos achados de Qumran. Anrão, a figura a quem o documento é atribuído, é identificado na tradição bíblica como pai de Moisés, Aarão e Miriã.

O documento é preservado em cinco cópias em aramaico (4Q543-547), sendo razoavelmente populares em Qumran. Ainda assim, como o documento não exibe nenhuma das linguagens distintas ou ideias associadas a documentos como a Regra da Comunidade (1QS), os Hinos de Ação de Graças (1QHa), as Visões de Anrão podem ter sido compostas e lidas fora do grupo de Qumran. O documento provavelmente foi escrito em aramaico em algum momento do século II a.C., provavelmente na Judeia ou na região circundante.

Anrão, com 136 anos, celebra o casemento de Miriã com Uziel e reúne sua família para contar sua história. Seus antepassados construíram túmulos em Canaã. Houve uma separação da família devido à guerra com uma reunião após 41 anos.

A Visão de Anrão descreve figuras divinas contendendo sobre o julgamento, as quais Anrão questionam suas autoridades. Apresenta-se as opções de destino. Aparecem Belial e Melkirisha, bem como Melquizedeque. Segue um pequeno tratado da Diferenciação entre Luz e Trevas, discorrendo do destino dos filhos de cada um, o triunfo da Luz.

Asafe

Asafe, filho de Berequias, ancestral dos asafitas, uma guilda de músicos do Primeiro Templo (1 Cr 16:4-5, 25). É atribuído a Asafe (ou à moda de Asafe) doze Salmos de Asafe.

Os Salmos de Asafe são numerados como 50 e 73-83 no Texto Massorético e 49 e 72-82 na Septuaginta. Apesar de variados, há em comum um tema do julgamento de Deus e como o povo deve seguir sua Lei.

Muitos desses salmos são lamentos e falam sobre a futura devastação, mas esperando a misericórdia de Deus e o poder salvador para o povo.

Outra característica desses salmos é o uso da palavra “selá.”

Hilquias

Hilquias, em hebraico חִלְקִיָּה, Deus é minha porção. É o nome de vários personagens do Antigo Testamento, boa parte ligados a tribo de Levi e ao sacerdócio.

  1. Hilquias pai de Eliaquim (2 Re 18:18, 26, 37).
  2. Hilquias sumo sacerdote durante o reinado do rei Josias de Judá (2 Re 22:4–14).
  3. Hilquias, um levita e filho de Anzi (1 Cr 6:45–46).
  4. Hilquias filho de Hosa (1 Cr 26:11) e porteiro do tabernáculo.
  5. Hilquias, o sacerdote que participou da leitura pública da Lei com Esdras (Ne 8:4; 11:11).
  6. Hilquias, o sacerdote que voltou do cativeiro com Zorobabel (Ne 12:7).
  7. Hilquias, pai do profeta Jeremias (Jr 1:1).
  8. Hilquias, pai de Gemarias, contemporâneo de Jeremias (Jr 29:3)