Recabitas

Os recabitas eram um grupo de pessoas de um clã ou tribo dos queneus que habitavam em tendas e possuíam regras estritas quanto ao consumo de bebidas alcoólicas, mencionados principalmente em Jeremias 35.

Os recabitas um grupo de pessoas originárias da região de Midiã e associadas aos israelitas. Os recabitas eram conhecidos por sua adesão estrita a um conjunto de regras dadas a eles por seu ancestral Jonadabe, contemporâneo do rei Jeú de Israel no século IX aC.

Os recabitas viviam em tendas e seguiam um estilo de vida nômade. Eles também eram conhecidos por se absterem de vinho e viverem uma vida simples sem os luxos da vida urbana. No entanto, com a ameaça da invasão estrangeira, os recabitas buscaram refúgio em Jerusalém.

O profeta Jeremias usou os recabitas como exemplo de fidelidade e obediência a Deus, contrastando-os com os israelitas que se afastaram de Deus e se recusaram a ouvir suas advertências. Em Jeremias 35, Jeremias levou os recabitas ao Templo e ofereceu-lhes vinho, mas eles recusaram, citando o mandamento de seu ancestral Jonadabe de se abster de vinho e sua adesão a seus mandamentos como prova de sua fidelidade.

Em 1 Crônicas 2:55, os recabitas apacerem como escribas da tribo de Judá. No livro de Neemias diz um grupo deles ajudou a consertar o muro de Jerusalém (Neemias 3:14).

Existem várias lendas e tradições de historicidade questionável. Em uma tradição, diz-se que os recabitas foram recompensados por sua fidelidade ao serem autorizados a servir como porteiros no Templo de Jerusalém. Em outra tradição, dizem que eles se tornaram uma classe sacerdotal, servindo como assistentes dos levitas. Na tradição islâmica, os recabitas são conhecidos como Banu Harith e dizem ter sido seguidores do profeta Elias, tendo se estabelecidos em Khaybar. São mencionados em vários textos islâmicos, incluindo o Hadith, que relata uma história na qual o Maomé elogia os recabitas por sua piedade e adesão aos mandamentos de seus ancestrais.

Por volta de 312 a.C., Jerônimo de Cárdia, um general de Alexandre, o Grande, relata sobre um povo na região de Nabateia que não plantava, não construía casas e não bebia nada alcoólico. (Diodoro S. 19, 94)

O rabino Halafta (séculos I-II d.C) seria descendente dos recabitas. A apócrifa História dos Recabitas, desde a antiguidade tardia, detalha a jornada de um monge chamado Zósimo à “Terra dos Recabitas”. Em 1839, o missionário Joseph Wolff disse ter encontrado no Iêmen, perto de Sana’a , um homem que afirmava ser descendente de Jonadabe.

BIBLIOGRAFIA

Karel van der Toorn, “Ritual resistance and self-assertion: the Rechabites in Early Israelite religion”, Pluralism and identity: Studies in ritual behaviour, SHR 67, 1995.

Levitas

Os levitas eram um grupo social envolvido em atividades cúlticas no Antigo Israel. Geralmente traçam suas origens na tribo de Levi, embora em algumas passagens o termo levita pareça ser uma descrição de função em vez de um nome tribal. Um levita que pertencia à tribo de Judá é mencionado em Juízes 17:7. Os gibenonitas e o netineus talvez sejam contatos entre os levitas.

Diferente das outras tribos israelitas, os levitas não receberam herdades territoriais, exceto suas cidades.

Os levitas realizavam funções sacerdotais (especialmente alguns clãs, como os mussitas, aarônidas e zadoquitas) administravam os locais de culto, os sacrifícios, os cânticos, bem como difundir a lei divina (Dt 17,18; Dt 33,10). No Deuteronômio, pressupõe uma atividade distribuída em várias vilas na Terra Prometidas, ainda que com cidades levíticas especiais (Js 21:1-42). No período Primeiro do Templo ocorre uma centralização em Jerusalém (2Rs 23:8-9; Ez 44:10-14-15; 1Cr 16:4-37; 2Cr 29:34). Duas coleções de salmos são atribuídas aos levitas, os de Asafe (Sl 50, 70-83) e os de Corá (Sl 42- 49).

No período exílico, os levitas mantiveram suas funções de administrar a lei (1Cr 23:4; 2Cr 19:8-11) e de ensiná-la ao povo (2Cr 17:7-9; 2Cr 35:3), atribuições continuadas no período do Novo Testamento (Lucas 10:32).

Os levitas, mais que outras tribos, possuem laços com o Egito. Hoffmeier (2005) observa que vários nomes levíticos, como Hofni, Hur, Merari, Mussi, Fineias, Moisés, Passur, Aarão (possivelmente), Aquira, Assir, Merari e Miriam, são de origens egípcias. Homan (2007) aponta que Arca da Aliança e o Tabernáculo também têm raízes egípcias, com semelhanças em seu design e práticas religiosas. Os egípcios transportavam um tabernáculo de campanha, com uma arca similar. Serafins e a vara de Aarão possuem paralelos egípcios. Essas conexões destacam a importância do Egito na formação da cultura israelita primitiva.

Esses paralelos substanciaram hipóteses de que os levitas tivessem origens egípicias. Friedman (2017) argumenta que os levitas foram os únicos israelitas a participar do Êxodo e depois fundiram-se às tribos cananeias das quais emergiram o Antigo Israel. Leuchter (2017) sugere que os levitas eram administradores e militares egípcios estacionados em Canaã que se tornaram líderes entre os israelitas, estabelecendo um santuário em Betel e Siló. Por mais que os israelitas considerassem somente as linhagens patrilineares, a tradição do Êxodo relata a fusão de “gente da terra” quando da saída do Egito, o Erev Rav.

BIBLIOGRAFIA

Friedman, Richard Elliott. The Exodus: How It Happened and Why It Matters. New York: HarperOne, 2017.

Hoffmeier, James K. Ancient Israel in Sinai: the evidence for the authenticity of the wilderness tradition. Oxford University Press, 2005.

Homan, Michael M. “The Tabernacle and the Temple in Ancient Israel.” Religion Compass 1.1 (2007): 38-49.

Leuchter, Mark. The Levites and the boundaries of Israelite identity. Oxford University Press, 2017.

Queneus

O termo em hebraico significa “ferreiro” e pode ter sido aplicado tanto a ferreiros em geral, grupos itinerantes de metalúrgicos ou a um grupo étnico específico da terra de Canaã (Gn 15:19).

Algumas famílias de queneus acompanharam os israelitas às planícies de Moabe (Jz 1:16). O sogro de Moisés, Jetro, é identificado em (Jz 1:16; 4:11) como um queneu. A região sul do Levante era caracterizada pela exploração e fundição de metais. Jael, que matou Sísera, pertencia aos queneus (Jz 4:11; Jz 17-22: 11; Jz 5: 24-27).

Saul distinguiu os queneus dos amalequitas para poupá-los (1Sm 15:6). Davi, enquanto morava em Ziclague, enviou presentes com despojos a algumas das “cidades dos queneus” no sul de Judá (1Sm 30:29).

Os recabitas que moravam em tendas (Jr 35) eram queneus (1Cr 2:55).

Talvez fossem relacionados com os quenezeus.

Efraim

Efraim foi (1) um dos filhos de José; (2) a meia-tribo de seus descendentes; (3); nome nome alternativo (às vezes referido como Samaria) para o reino do norte de Israel, localizado na região na região montanhosa central ao norte de Jerusalém.

Em Efraim situa-se Siquém, Siló e Betel, bem com os montes Ebal e Gerezim.

Simeão

Simeão, em hebraico שמעון, “ouvir”, em grego Συμεών, é nome de vários personagens bíblicos e da história cristã e judaica.

1. Simeão filho de Jacó, seu segundo, cuja mãe foi Lia (Gn 29:33). Simeão e seu irmão Levi massacraram os homens de Siquém para vingar o estupro de Diná (Gn 34). Mais tarde, Simeão ficou refém no Egito quando José enviou os outros irmãos a Canaã para buscar Benjamim (Gn 42:24). Na bênção de Jacó, foi repreendido pelos seus atos em Siquém e que seus descendentes seriam dispersos (Gn 49:5-7).

2. A tribo de Simeão recebeu um lote dentro de Judá, na região mais ao sul de Canaã. Depois de uma menção em Jz 1:3-17, nada é mencionado até o tempo de Ezequias (1 Cr 4:41-43), exceto que era contada entre as dez tribos do Reino do Norte (1Rs 11:30-32; 1Rs 12:20-23; 2Cr 15:9).

3. Um antepassado de Jesus na genealogia de Lucas 3:30.

4. Simeão, o homem pio que esperava “a consolação de Israel” (Lc 2:25-35). A promessa do Espírito Santo que ele veria o messias antes de morrer cumpriu quandoreconheceu o menino Jesus no Templo.

5. Simão Pedro, seu nome hebraico (2Pe 1:1; Atos 15:14).

6. Simão, irmão de Jesus.

7. Simão, o Zelote, um dos doze discí´pulos

6. Simeão, de sobrenome Níger, de Antioquia. Foi um cristão com dons proféticos e de ensino que serviu a igreja junto com Barnabé e Saulo antes de sua primeira viagem missionária (Atos 13:1).

Além da Bíblia, outras pessoas com esse nome foram marcantes na história:

8. Simeão, o Justo ou Simão, o Justo, um Sumo Sacerdote no período do Segundo Templo e um dos últimos membros da Grande Assembleia, com registros na Mishná. Seria um dos dois seguintes:

9. Simão I (310–291 ou 300–273 aC), filho de Onias I e neto de Jádua.

10. Simão II (219–199 aC), filho de Onias II.

11. Simeão de Jerusalém (séc I – c. 107), o segundo bispo de Jerusalém. Frequentemente identificado como um dos setenta emissários enviados por Jesus; Simão, irmão de Jesus; ou com o apóstolo Simão, o Zelote.

12. Simão Gamaliel I, rabino.

13. Simão Gamaliel II, rabino.

14. Simão Bar Kokhba, líder da revolta de Bar Kokhba.

15. Simeão bar Joquai, rabino do período Tannaim.

16. Simeão Estilita (c. 388–459 dC), eremita cristão de Sisã, Síria.

17. Simeão, o Novo Teólogo (949-1022), asceta e teólogo ortodoxo oriental.