Asafe

Asafe, filho de Berequias, ancestral dos asafitas, uma guilda de músicos do Primeiro Templo (1 Cr 16:4-5, 25). É atribuído a Asafe (ou à moda de Asafe) doze Salmos de Asafe.

Os Salmos de Asafe são numerados como 50 e 73-83 no Texto Massorético e 49 e 72-82 na Septuaginta. Apesar de variados, há em comum um tema do julgamento de Deus e como o povo deve seguir sua Lei.

Muitos desses salmos são lamentos e falam sobre a futura devastação, mas esperando a misericórdia de Deus e o poder salvador para o povo.

Outra característica desses salmos é o uso da palavra “selá.”

Salmo 151

O Salmo 151 é um salmo normalmente considerado apócrifo em várias tradições ocidentais e judias com base no Texto Massorético, mas parte do cânone ortodoxo e presente entre os manuscritos do Mar Morto e em algumas edições da Vulgata.

O Salmo 151 tem uma sobrescrição davídica e é situado no evento de Davi e Golias.

Pela sua ausência no Texto Massorético, imaginou-se por muito tempo que seria uma composição originalmente em grego. No entanto, aparece junto com vários salmos não canônicos no Rolo dos Grandes Salmos” (1QPsalmsa), o qual demonstrou que na realidade a versão da Septuginta é uma tradução abreviada desse salmo em hebraico.

1. Eu era pequeno entre meus irmãos
e o mais novo na casa de meu pai;
Eu cuidava das ovelhas do meu pai.

2 Minhas mãos fizeram uma harpa;
meus dedos formaram uma lira.

3 E quem dirá ao meu Senhor?
O próprio Senhor; é ele quem ouve.

4 Foi ele quem enviou seu mensageiro
e me tirou das ovelhas de meu pai
e me ungiu com o seu óleo de unção.

5 Meus irmãos eram bonitos e altos,
mas o Senhor não se agradou deles.

6 Saí ao encontro do estrangeiro,
e ele me amaldiçoou por seus ídolos.

7 Mas eu desembainhei sua espada;
Eu o decapitei e removi a desgraça do povo de Israel.

Coré, Coratitas

Coré, levita, cuja rebelião é mencionada em Nm 16-17. Os filhos de Coré, ou sua linhagem, aparece no censo dos israelitas nas planícies de Moabe (Nm 26:9-11, 58). Adicionalmente, a linhgagem dos coratidas aparence na passagem das filhas de Zelofeade (Nm 27:3).

Vários salmos são atribuídos aos coratitas: 42, 44-49, 84-85, 87-88. Aparecem como ministrando como cantores no tempo de Davi (1 Cr 26:19), com última menção no tempo de Josafá (2 Cr 20:19-19). Depois do exílio aparecem como porteiros e padeiros do templo (1 Cr 9:19, 31).

BIBLIOGRAFIA

Goulder, Michael D. The Psalms of the sons of Korah. Vol. 1. Bloomsbury Publishing, 1982.

Kislev, Itamar. “What Happened to the Sons of Korah? The Ongoing Debate Regarding the Status of the Korahites.” Journal of Biblical Literature 138, no. 3 (2019): 497-511.

Magonet, Jonathan. “The Korah Rebellion.” Journal for the Study of the Old Testament 7, no. 24 (1982): 3-25.

Mitchell, David C. “‘God Will Redeem My Soul from Sheol’: The Psalms of the Sons of Korah.” Journal for the Study of the Old Testament 30, no. 3 (2006): 365-384.

Toy, Crawford Howell. “The Date of the Korah-psalms.” Journal of the Society of Biblical Literature and Exegesis 4, no. 1/2 (1884): 80-92.

Elefantina

Elefantina é um assentamento em uma ilha no rio Nilo, em frente à antiga Syene, hoje chamada de Gezîret Aswan (a “Ilha de Assuã”) no Alto Egito.

O vasto volume de restos de papiro desde o segundo milênio a.C. até o período árabe faz desse sítio arqueológico uma importante fonte de textos da Antiguidade. Especialmente importante para as ciências bíblicas e história israelita são os 80 papiros em aramaico de uma comunidade judia de mercenários que foi ativa na ilha no Período Persa, entre os século VI a.C. e IV a.C.

Esta comunidade cultuava em um templo dedicado a Yahweh (ao qual chamavam Yahu), ainda que cultuado junto de outras divindades. Não há indícios de terem conhecimento de Escrituras, salvo alguns salmos, nem da tradição do Êxodo ou de uma linhagens sacerdotais. Todavia, possuíam um sacerdócio e celebravam a páscoa. Mantinham correspondência com seus patrícios de Yehud, a província persa da Judeia e Israel, incluíndo as lideranças religiosas de Samaria e Jerusalém

A ILHA DE ELEFANTINA

Na ilha de Elefantina a Fortaleza Yeb era uma guarnição de fronteira localizada na fronteira sul do antigo Alto Egito. Não é referida na Bíblia, mas Syene/Assuã, a cidade próxima na margem, aparece em Ez 29:10; 30:6.

Em 1893, muitos papiros e óstracas em aramaico apareceram, principalmente de Elefantina. Dez anos depois, iniciaram-se as escavações arqueológicas em Elefantina conduzidas pelos franceses (1902); os alemães (1906-1908); os padres do Pontifício Instituto Bíblico de Roma após a Primeira Guerra Mundial; e expedições egípcias (1932 e 1946), revelando o Templo de Khnum (dos séculos IV a II a.C.) e um templo anterior de tijolos de barro, escavado pelos egípcios em 1948. As escavações não produziram evidências conclusivas sobre a localização do Templo de Yahu.

A COLÔNIA JUDAICA

Não está claro quando a colônia judaica começou em Elefantina. Uma inscrição sugere que o templo já existia antes da queda do Egito para os persas em 525 aC, o que o situa em quase um século antes da reconstrução do templo por Esdras. Há quem sugira que a comunidade remonte do final do século VII a.C (cf. Is 19:19).

O templo Elefantina tinha um altar para sacrifícios e holocaustos a Yahweh, a quem chamavam de “Yahu”. No entanto, sua adoração não era totalmente exclusiva e incluía a adoração de outros deuses como Herem Bethel e Anath-yahu. Betel (“casa de Deus”) é visto como uma personificação da casa de El (no céu) e como uma expressão substituta para El (cf. Jr 48:13)

Embora protegida pela ocupação persa, a comunidade Elefantina teve conflitos com os egípcios. As cartas referem a atritos contínuos com os egípcios associados a um templo dedicado à divindade de Khnum.

Em 410 aC, um motim destruiu o templo judeu. Embora os persas eventualmente punissem os egípcios responsáveis, os judeus não conseguiram o dinheiro necessário para reconstruir o templo.

A colônia judaica estava bem estabelecida em Elefantina antes de 525 a.C. é provado pela referência da carta de Bagoas (AP 30) que menciona o templo antes de Cambises invadir o Egito, talvez datando do reinado do Faraó Apries (Hofra de Jr 44:30; 588-566 aC).

A colônia e seu templo duraram até o fim do reinado de Neferitas I (399-393 a.C.). Todavia, um fragmento de cerca do ano 300 a.C. menciona pessoas com nomes judeus (AP 82) e um longo papiro (AP 81) de aproximadamente o mesmo tempo que inclui nomes judeus e gregos e menciona um sacerdote Johanan, sugerindo a presença de um templo. Ainda no século I d.C. é possível que houvesse judeus na área Elefantina (Filo, Flaccus 43).

PAPIROS NOTÓRIOS

  • Amherst Papyrus 21 é uma ordem de Dario II em 419 AEC aos judeus para observarem os Dias dos Pães Ázimos.
  • Papiro TAD A4.1 (a Carta da Páscoa), carta de Hananias, um oficial judeu de Jerusalém ou da Pérsia, para a guarnição judaica e seu líder Jedanaías, fornecendo instruções sobre como realizar a Páscoa. Embora não mencione Betel, Hananias saúda a guarnição judaica em nome dos deuses (plural), o que implica um ambiente politeísta compartilhado;
  • Amherst Papyri 27, 30-34 registram a destruição do templo em Yeb, os esforços infrutíferos dos colonos durante os anos 410-407 AEC para garantir permissão para reconstruí-lo.
  • Amherst Papyrus 30 menciona duas pessoas citadas em Neemias, Sambalate (Ne 2:10; 13:28) indicado como o governador de Samaria; e Joanã (Ne 12:22), filho de Joiada e provavelmente o mesmo a quem Neemias perseguiu (13:28), é mencionado como sumo sacerdote, sendo Bagoas governador de Yehud (Judeia Persa).
  • Amherst Papyrus 63 contém uma versão do salmo 20, escrito em aramaico, mas com escrita egípcia demótica, além de dois outros salmos sem correspondência bíblica.

    SAIBA MAIS
  • Becking, Bob. Identity in Persian Egypt: The Fate of the Yehudite Community of Elephantine. Penn State University Press, 2020.


Abadom

Abadom, em hebraico אֲבַדּוֹן‎ “destruição”; em grego Apolion Ἀπολλύων. Também traduzido como “perdição”.

Personificação do conceito de destruição, especialmente do caos do sheol, o domínio dos mortos, o “anjo do abismo” (Ap 9:11).

CONCORDÂNCIA

Jó 28:22: A perdição e a morte dizem: Ouvimos com os nossos ouvidos a sua fama.
Jó 31:12: Porque é fogo que consome até à perdição e desarraigaria toda a minha renda.
Jó 26:6: O inferno está nu perante ele, e não há coberta para a perdição.
Salmos 88:11: Será anunciada a tua benignidade na sepultura, ou a tua fidelidade na perdição?
Provérbios 15:11: O inferno e a perdição estão perante o Senhor; quanto mais o coração dos filhos dos homens!
Provérbios 27:20: O inferno e a perdição nunca se fartam, e os olhos do homem nunca se satisfazem.

Apocalipse 9:11: E tinham sobre si rei, o anjo do abismo; em hebreu era o seu nome Abadom, e em grego, Apoliom.