Escarlate

A escarlate ou carmesim, em hebraicoתּוֹלַעַת שָׁנִי, é uma tintura vermelha. Aparece em Gn 38:28; Êx 28:6, 8, 15. Era extraído de vários insetos e, principalmente, usado para vestimentas e acessórios de tabernáculo (Js 2:18; 2 Sm 1:24; Na 2: 3; Mt 27:28). Metaforicamente, está conectado ao pecado (Is 1:18).

Ḥerem (genocídio)

O ḥerem (hebraico חרם) era uma prática sacrifical na qual toda presa viva — quer pessoa, quer animal — é condenada à morte e devotada a um deus.

Antes, destruí-las-ás [ḥerem] totalmente: aos heteus, e aos amorreus, e aos cananeus, e aos ferezeus, e aos heveus, e aos jebuseus, como te ordenou o Senhor, teu Deus,

Dt 20:16

O termo ḥerem aparece nas línguas semíticas como algo interdito por razões religiosas. No entanto, em Dt 20:16; Js 10:40; na Estela de Mesa, o conceito de ḥerem indica aniquilação total da população apreendida. É nesse sentido de destruição que aparece a última palavra de Malaquias, no final do Antigo Testamento do cânone cristão.

O ḥerem oferece um dilema ético e moral, bem como uma dificuldade bíblica. O teólogo anabatista John Howard Yoder sugere de que o ḥerem evitava que a guerra se tornasse uma fonte de enriquecimento por meio de pilhagem. Assim, seria uma forma incipiente de conter a escalada de violência.

BIBLIOGRAFIA
Hofreiter, Christian. Making Sense of Old Testament Genocide: Christian Interpretations of Herem Passages. Oxford University Press, 2018.

Stern, Philip D. The Biblical Herem: A Window on Israel’s Religious Experience. Brown Judaica Studies 211; Atlanta: Scholars Press, 1991.

Amém

A palavra hebraica אָמֵן, amém vem da raiz ‘-mt que conota o que é “estável, verdadeiro, fidedigno, confiável, fiel e dotado de fé”. Aparece na Bíblia como interjeição para afirmar e anuir algo em um hino, doxologia ou oração.

Etimologicamente, “amém” relacionado aos substantivos “estabilidade”, “confiabilidade” (אֱמוּנָה, emunah) e “verdade” (אֱמֶת, emeth).

Nas traduções gregas chamadas Septuaginta usa ἀμήν, amēn sem traduzir em Nm 5:22; Ne 5:13; 8:6; 1 Cr 16:36; Jr 11:5. Outras ocasiões traduz por “assim seja (γένοιτο, genoito), como o adjetivo “fiel ou verdadeiro” (ἀληθινόζ, alēthinoz; Is 65:16), o advérbio “verdadeiramente” (ἀληθῶς, alēthōs; Jr 28:6).

Com cerca de 30 ocorrências nas Escrituras Hebraicas, aparece como afirmação que sela um juramento (Nm 5:22; Dt 27:15–26; Ne 5:13); expletivo de louvor (1 Cr 16:36, Ne 8:6); e resposta a uma declaração (1 Re 1:36; Jr 11:5)

Nos Salmos o amém serve para reafirmar enunciados de exaltação, aparecendo por vezes intensificado pela duplificação (Sl 41:13; 72:19, 89:52).

Um emprego singular ocorre em Isaías 65:16 ao referir-se a Deus como “o Deus do amém”. Essa identificação personificada repete-se para Jesus Cristo em Ap 3:14.

No culto sinagogal o amém é dito corporativamente para o assentimento quando algo individual é proclamado. Segundo o Talmud (m. Berakhot 6.22), o amém foi descontinuado no Segundo Templo quando na disputa de poder entre saduceus e fariseus para evitar que um partido aprovasse os atos uns dos outros.

No Novo Testamento há copiosas menções do amém. Em contexto doxológico ou de afirmação de autoridade e veracidade, Jesus usa a palavra amém 99 vezes nos evangelhos. A fórmula “Amém, eu vos digo” — traduzida como “em verdade vos digo” — ocorre 49 vezes nos evangelhos sinóticos (30 vezes em Mateus, 13 em Marcos, 6 em Lucas), e 50 vezes em João.

Outros usos aparece para fins d doxologia e afirmações de oração, o que faz sentido considernado que os textos do Novo Testamento eram lidos em voz alta e em contexto de culto (Rm 1:25; 9:5; 11:36; 15:33; 16:27; Gl 1:5; 6:18; Ef 3:21; Fp 4:20; 1 Tm 1:17; 6:16; 2 Tm 4:18; Heb 13:21; 1 Pe 4:11; 5:11; Jd 1:25; Ap 1:6; 5:14; 7:12; 19:4).

Alguns manuscritos contém passagens doxológicas nas quais a incidência do amém varia (Mt 6:13; Mc 16:8; 1 Tess 3:13; 2 Pe 3:18; Ap 22:21), indicando a implícita resposta oral da audiência.

Paulo adverte contra a anuência impensada ao que é dito a uma congregação (1 Co 14:16).

Quanto aos atributos das palavras e promessas de Deus, Paulo afirma que são verazes e fiel, sendo cumpridas em Cristo (1 Co 1:18-20).



Rabi

Rabi no hebraico para “meu mestre”. É uma designação quase formal, rabino, para os intérpretes da Torá oral. Os rabinos, que têm suas raízes nas práticas religiosas dos fariseus, surgiram originalmente como um pequeno movimento de escribas e mestres religiosos, especialmente no norte de Israel (região da Galiléia). Jesus também é chamado de “rabi” (ver Mt 26:49; Mc9: 5; Jo 1:38).