David ben Abraham al-Fasi

David ben Abraham al-Fasi (ou Alfasi) (morte em 1026) foi um lexicógrafo e biblista originário de Fes, Marrocos.

Al-Fasi nasceu em uma família judia caraíta, o que implicava em estudar somente a Bíblia hebraica como fonte da lei e prática judaica. Mudou-se para a Palestina, onde compilou seu dicionário.

David ben Abraham al-Fasi tornou-se um estudioso prolífico e uma autoridade respeitada em lexicografia hebraica. Sua contribuição mais significativa para este campo foi o Kitāb Jāmiʿ al-Alfāẓ, também conhecido como “O Livro dos Significados Coletados”. Este foi um dos primeiros dicionários judaico-árabe conhecidos e o primeiro dicionário de hebraico bíblico.

Neste trabalho, David ben Abraham al-Fasi classificou as raízes das palavras hebraicas de acordo com o número de suas letras. Esse sistema facilitou a busca de palavras no dicionário e permitiu que os leitores entendessem o significado de palavras desconhecidas na Bíblia Hebraica.

O Kitāb Jāmiʿ al-Alfāẓ não era apenas um recurso valioso para estudiosos do hebraico, mas também um importante artefato cultural por si só. Foi escrito em judaico-árabe, uma língua que misturava hebraico e árabe e era falada por comunidades judaicas em todo o Oriente Médio e Norte da África. O dicionário ajudou a preservar esse idioma único e a herança cultural do povo judeu que o falava.

Léxico de Hesíquio

O Léxico de Hesíquio de Alexandria (c.380-c450 d.C.) foi um gramático e estudioso greco-egípcio, filólogo e lexicógrafo ativo no século IV dC. Não deve ser confundido com seu homônimo, o exegeta Hesíquio de Alexandria.

Hesíquio escreveu um dicionário enciclopédico da língua grega e seus dialetos. Compilou o maior mais de 51.000 verbetes. Listou palavras, formas e frases peculiares, com uma explicação de seu significado. Às vezes referencia o autor ou a região da Grécia que empregam um termo.

Em sua introdução, Hesíquio credita que sua enciclopédia teve influência de outras. Uma foi a de Diogenianos, que por sua vez baseou-se em uma obra anterior de Pânfilo de Alexandria. Outras foram do gramático Aristarco de Samotrácia, Ápion, Amerias e de outros.

As notas sobre epítetos e frases também elucidam sobre a sociedade antiga e a vida social e religiosa.

Sua obra sobreviveu em um único manuscrito praticamente intacto do século XV assinado Marciano graecus 622 preservado na biblioteca de San Marco, Veneza (Marc. Gr. 622). Foi impressa pela primeira vez por Marcus Musurus (edição Aldina) em Veneza em 1514, reeditado em 1520 e 1521. Desde então, somente no século XIX foi reeditada por Moriz Wilhelm Constantin Schmidt (1858–1868) em 5 volumes. A Real Academia Dinamarquesa de Belas Artes de Copenhague subsidiou uma edição moderna. Sob a direção de Kurt Latte, teve dois volumes publicados, o primeiro em 1953, e postumamente em 1987. Posteriormente, o filólogo britânico Allan Peter Hansen completou um terceiro volume em 2005.