Orfa

Orfa, em hebraico עָרְפָּה pescoço é um cunhada de Rute. Era de Moabe e era nora de Noemi e esposa de Quiliom. Após a morte de seu marido, Orfa e sua cunhada Rute desejaram ir para a Judá com Noemi. No entanto, Noemi tentou dissuadi-las. Rute escolheu ficar com Noemi, mas Orfa voltou para seu povo. É mencionada em Rute 1:4, 6–15.

Livro de Provérbios

O Livro de Provérbios é uma coleção de dizeres sapienciais. Representa uma das mais antigas formas de instrução (Torá aparece em 1:8, 4:2, 6:20). Integra os Ketuvim (Hagiógrafa ou Escritos) na divisão hebraica e os livros sapienciais ou poéticos na divisão cristã da Bíblia.

O título hebraico é Mishlei Shlomo, ou Provérbios de Salomão, uma referência ao Rei Salomão, ao qual boa parte dos provérbios são atribuídos a ele. A sabedoria de Salomão era famosa, tendo dito vários provérbios (cf. 1 Rs 4:29–34). Isso não implica que tenha sido o primeiro a dizê-los ou a compilá-lo, mas que integrava seu discurso de sabedoria.

Na Bíblia etíope é contado como dois livros. Messale corresponde 1–24 e Tägsas corresponde a 25–31.

Boa parte dos provérbios aparentam ser do repertório comum da sabedoria do Antigo Oriente Próximo, incorporando, por exemplo as Instrução de Amenemope.

A canonicidade do livro parece ser antiga e logo integrou o Antigo Testamento Grego (Septuaginta). Contudo, no Talmud há indícios que sua canonicidade juntamente com Eclesiastes e Cantares de Salomão era disputada ainda no final do século I d.C. (Talmud Bavli, Shabbat 30b). No entanto, na discussão de quais livros que tornam as mãos impuras, são mencionados Eclesiastes e Cantares, não há debate sobre Provérbios ( m. Yadaim 3:5).

No Antigo Testamento Grego, a ordem é Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares, provavelmente agrupados pela associação comum com Salomão.

Na Bíblia Hebraica, a sequência é Salmos, Jó e depois Provérbios. Provérbios termina com um poema sobre a mulher virtuosa e o próximo livro, Rute, é uma história sobre uma mulher virtuosa (Rute 3:11). (n. Baba Batra 146). No entanto, ainda no Talmud há a opinião que deve ser colocado entre Salmos e Jó. (b. Berakot 57b d.)

SOBRESCRIÇÕES

As sobrescrições são subtítulos para as sete coleções no livro de Provérbios:

1:1: Os provérbios de Salomão, filho de Davi, rei de Israel
10:1: Os provérbios de Salomão
22:17: As palavras dos sábios
24:23: Estas palavras também dos sábios
25:1: Estes também são provérbios de Salomão, que os homens do rei Ezequias de Judá copiaram
30:1: As palavras de Agur, filho de Jaqué; um oráculo
31:1: As palavras do rei Lemuel, um oráculo que sua mãe lhe ensinou.

TEXTO GREGO

O Antigo Texto Grego (Septuaginta) contém uma recensão distinta, com uma ordem diferente. A versão massorética contém 4:7; 8:33; 16:1, 3; 20:14-19, os quais estão ausentes no grego. Porções presentes no grego que não estão no hebraico aparece no final de várias coleções, em 9:12, 18; 15:27, 29, 33; 16:1-9; 24:22; 27:24-27.

Na versão grega, Provérbios está dividido na seguinte forma:

1:1–24:1-22
30:1-14 Agur A
24:23-34 Palavras do Sábio
30:15-33 Agur B
31:1-9 Instruções da Mãe do Rei Lemuel
25-29 Compilações da época de Ezequias
31:10-31 Acróstico da Mulher Virtuosa

BIBLIOGRAFIA

Brueggemann, Walter. Solomon: Israel’s Ironic Icon of Human Achievement. Columbia: University of South Carolina Press, 2005.

Camp, C. V. Wisdom and the Feminine in the Book of Proverbs. Sheffield, U.K.: Almond Press, 1985.

Clifford, Richard J. Proverbs: A Commentary. Old Testament Library. Louisville: Westminster John Knox, 1999.

Cook, J. E. The Septuagint of Proverbs—Jewish and/or Hellenistic Proverbs?: Concerning the Hellenistic Colouring of LXX Proverbs. Supplements to Vetus Testamentum 69. Leiden, Netherlands: Brill, 1997.

Crenshaw, James L. Old Testament Wisdom: An Introduction. 3d ed. Louisville: Westminster John Knox, 2010.

Dell, Katharine J. The Book of Proverbs in Social and Theological Context. Cambridge: Cambridge University Press, 2006.

Emerton, J. A. “The Teaching of Amenemope and Proverbs XXII 17–XXIV 22: Further reflections on a long-standing problem.” Vetus Testamentum 51 (2001): 431–465.

Garrett, Duane A. Proverbs, Ecclesiastes, Song of Songs. The New American Commentary 14. Nashville: Broadman & Holman, 1993.

Kidner, Derek. Proverbs: An Introduction and Commentary. Tyndale Old Testament Commentaries 17. Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 1964.

Lang, B. Wisdom and the Book of Proverbs: An Israelite Goddess Redefined. New York: Pilgrim, 1986.

Longman III, Tremper. Proverbs. Baker Commentary on the Old Testament Wisdom and Psalms. Grand Rapids, Michigan: Baker, 2006.

Murphy, Roland E. Proverbs. Word Biblical Commentary 22. Dallas: Thomas Nelson, 1998.

Waltke, Bruce K. The Book of Proverbs, Chapters 1-15. New International Commentary on the Old Testament. Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 2004.

Westermann, C. Roots of Wisdom: The Oldest Proverbs of Israel and Other Peoples. Louisville, Ky.: Westminster John Knox, 1995.

Wilson, Lindsay. Proverbs: An Introduction and Commentary. Tyndale Old Testament Commentaries 17. London: Inter-Varsity Press, 2017.

Whybray, R Norman. Proverbs: Based on the Revised Standard Version. New Century Bible Commentary. London: Marshall Pickering; Grand Rapids: Eerdmans, 1994.

Whybray, R. Norman. The Composition of the Book of Proverbs. Journal for the Study of the Old Testament: Supplement Series 168. Sheffield, U.K.: Sheffield Academic, 1994.

Whybray, R. Norman. Wealth and Poverty in the Book of Proverbs. Sheffield, U.K.: JSOT, 1990. Witherington, Ben. Jesus the Sage: The Pilgrimage of Wisdom. Minneapolis: Fortress, 1994.

Yoder, Christine Elizabeth. Wisdom as a Woman of Substance: A Socioeconomic Reading ofProverbs1–9and31:10–31. Beihefte zur Zeitschrift für die alttestamentliche Wissenschaft 304. Berlin: de Gruyter, 2001.

Rute

Livro e personagem bíblico, Rute é um romance do ponto de vista do quádruplo de vulnerabilidade: a pobre, a viúva, a estrangeira e a órfã. A viúva Rute deixa seu país, Moabe, acompanhando sua sogra para o país dos israelitas. Lá se casa com Boaz e o casal seria ancestrais do rei Davi.

O final feliz meio às adversidades prova a fidelidade do voto de Rute à sua sogra: “Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me afaste de ti; porque, aonde quer que tu fores, irei eu e, onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. Onde quer que morreres, morrerei eu e ali serei sepultada; me faça assim o Senhor e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti” (Rt 1:16-17).

No cânone da Septuaginta e cristão o Livro de Rute aparece entre o Livro de Juízes e o livro de 1 Samuel. Já no cânone hebraico Rute aparece entre os Escritos (Ketuvim ou Hagiógrafa), da mesma época de Esdras, Neemias e Crônicas. Essa classificação como Hagiógrafa indica ser uma composição tardia e oferece um interessante contraponto à política contra casamentos mistos desse período. Entretanto, a configuração do Livro de Rute em conjunto com outros livros da História Deuteronomística apresenta uma harmonia sem igual, pois se trata da aplicação prática da Torá tanto materialmente quanto processualmente.

Os cumprimentos das obrigações éticas, legais, morais e de justiça social instruídas aos israelitas servem como exemplo de como deveriam ser cumpridas a Torá, a instrução ou lei, de Deus.