Livro de Eldade e Medade

Eldade e Medade foram escolhido com outros sessenta e oito anciãos do povo de Israel para receber o espírito de Deus ao redor da tenda de congregação. Entretanto, ambos ficaram no acampamento e começaram aprofetizar. Quando Josué tentou contê-los, Moisés rejeitou a reclamação, dizendo: “Quem dera todo o povo do Senhor fosse profeta!” (Nm 11:16; 26-30:16).

A profecia de ambos gerou várias especulações na Antiguidade Tardia. Teria sido fonte para um livro, ora perdido.

Livro de Eldade e Medade teria sido um livro tido como inspirado, porém não mencionado como Escrituras canônicas durante o primeiro milênio d.C.

Segundo uma esticometria do século IX, seria um livro curto de 400 linhas, mais longo que Efésios (312 linhas), menor que 2 Coríntios (590). Dele temos um certo fragmento. No Pastor de Hermas, na visão 3. 5 diz: “Perto está o Senhor daqueles que se voltam para Ele, como está escrito em Eldade e Medade, que profetizaram ao povo no deserto.”

Já uma tradição rabínica fala que na verdade são sete livros da Torá. A passagem Números 10:35–36, cercado no hebraico pelo sigma e antessigma (colchetes), constituiria o Livro de Eldade e Medade. ( B. Talmud Shabat fólio 116a).

O mistério dos manuscritos valdenses

Os Valdenses praticavam sua religião em segredo, escondidos nas montanhas e grutas para cultuar a Deus de acordo com as Escrituras. Pregadores itinerantes, conhecidos como barbas, memorizavam partes da Bíblia no inverno e viajavam disfarçados de mercadores para edificar as famílias valdenses espalhadas pela Europa.

Em 1530, quando a Reforma Protestante começou a surgir na Europa, os Valdenses ficaram apreensivos. Anteriormente, haviam se aliado aos hussitas que desafiavam o poder papal, mas a repressão foi dura e a consequência desastrosa. Com medo de sofrerem novamente decidiram investigar a Reforma

Prudentemente, os barbas valdenses se reuniram em um sínodo em Méridol em 1530 e enviaram dois representantes, George Morel de Freissinières e Pierre Masson de Burgogne, inquirir sobre esse movimento protestante entre os suíços. Os dois entraram em contato com os reformadores Guillaume Farel, Oecolampadio e Bucer. Pierre Masson acabou preso e Morel escreveu um longo relato aos seus irmãos.

Depois de uma visita de Farel e Olivetan (que traduziria a Bíblia ao francês) aos Alpes, os valdenses se reuniram em um sínodo sob os castanhais de Chanforans (hoje em Angrogna, Itália). Por seis dias discutiram os temas da reforma, principalmente sobre assumir publicamente a fé reformada. Em 12 de setembro de 1532 concluíram o sínodo com uma declaração de fé que resumia as seguintes crenças:

  • Que o culto divino deva ser realizado em espírito e verdade.
  • Que todos os salvos do passado e presente foram eleitos por Deus antes da fundação do mundo.
  • Que os cristãos não deveriam jurar.
  • Que a confissão auricular não tem base nas Escrituras.
  • Que o cristão não deva fazer vinganças.
  • Que o cristão pode exercer o ofício de magistrado sobre outros cristãos
  • Que as Escrituras não ordena tempos para jejuns.
  • Que o matrimônio [dos ministros] não é proibido.
  • Que não é incompatível para os ministros terem bens para sustentar suas famílias.
  • Que os sacramentos das Escrituras são o batismo e a santa ceia.

E, principalmente, os valdenses unir-se-iam à Reforma. Em razão disso, depois do sínodo, Daniel de Valence e Jean de Molines, dois barbas que discordaram dos resultados foram consultar os valdenses que viviam no Reino da Boêmia.

Visando manter a união, os valdenses boêmios recomendaram que fizessem um novo sínodo. No verão de 1533 foi realizado outro sínodo, em Prali. Para desgosto de Daniel de Valence e Jean de Molines o sínodo de Prali confirmou as decisões de Chafforan e uniria o movimento valdense definitivamente com a Reforma.

Desapontados, Daniel de Valence e Jean de Molines recolheram os manuscritos valdenses. Saíram dos vales e nunca mais se ouviu falar deles.

BIBLIOGRAFIA

Gay, Jules. “Equisses d’Histoire Vaudoises.” Bulletin de la Société de l’Histoire du Protestantisme Français (BSHPF) (1907): 16.

Muston, Alexis. A Complete History of the Waldenses and Their Colonies, Vol. I. London: Religious Tract Society, 1838, 131.

Perrin, J. N. History of the Waldenses. Philadelphia: Griffith and Simon, 1847, 102.

Livros desaparecidos

Livros com títulos distintos citados no Antigo Testamento, mas que desapareceram:

  • Livro do Concerto (Ex 24:7)
  • Livro das Guerras do Senhor (Nm 21:14)
  • Livro de Jaser ou do Justo (Js 10:13, 2 Sm 1:18)
  • Livro dos Cânticos (1 Re 8:12-13 LXX)
  • Crônicas dos Reis de Judá e Israel (1 Re 14:19, 14:29, 16:20)
  • Livro de Semaías e (midrash) visões de Ido (2 Cr 9:29, 12:15, 13:22)
  • Direito do Reino (1 Sm 10:25)
  • Atos de Salomão (1 Re 11:41)
  • Anais de Davi (1 Cr 27:24)
  • Crônicas de Samuel, o vidente (1 Cr 29:29)
  • Crônicas de Natã, o profeta (1 Cr 29:29; 2 Cr 9;29)
  • Crônicas de Gade, o vidente (1 Cr 29:29)
  • Profecia de Aías (2 Cro 9:29)
  • Livro dos Reis de Judá e Israel (2 Cr 16:11, 2 Cr 27:7, 2 Cr 32:32)
  • Livros (midrash) dos Reis (2 Cr 24:27)
  • Crônicas de Jeú (2 Cr 20:34)
  • Atos de Uzias (2 Cr 26:22)
  • Visão de Isaias (2 Cr 32:32)
  • Atos dos Reis de Israel (2 Cr 33:18)
  • Livros dos Videntes (2 Cr 33:19)
  • Lamentos por Josias (2 Cr 35:25)
  • Crônicas de Assuero (Et 2:23. 6:1, 10:2, Ne 12:23)

Um livro que não era copiado simplesmente se deteriorava. Um papiro durava em média 30 anos de uso e um pergaminho quase um século. Textos que não foram canonizados para o uso no culto e na vida religiosa, mesmo que fossem fontes, eram demasiados custosos para serem copiados e mantidos.

Guerras também contribuíram para as perdas. Há tradições de que as coleções de livros sagrados foram destruídos na Queda de Jerusalém (século VI a.C.), na Guerra dos Macabeus (c.164 a.C.) e nas revoltas judaicas de 68-70 d.C. e dos meados do século II d.C.

Provavelmente muito do conteúdo desses livros sobreviveu incorporado aos textos bíblicos, especialmente nos livros que referiram sobre eles.

No Novo Testamento há alusões a obras desaparecidas:

  • 3 Coríntios (1 Co 5:9; 7:1)
  • Epístola prévia aos Efésios (Ef 3:3)
  • Epístola aos Laodicenses (Cl 4:16)
  • Obra desconhecida (Mt 2:23)
  • Obra desconhecida sobre o Gênesis (1 Co 15:45)
  • Obra desconhecida (1 Co 2:9)
  • Obra desconhecida (Lc 24:46)
  • Obra desconhecida (Mc 9:12)