Perichoresis

O termo grego perichoresis ou o latino circumincessio, ainda em português pericorese, reflete o conceito teológico de interpenetração mútua das pessoas da Trindade. Também pode ser traduzido como co-inerência ou comunhão divina. Denota algo estar-um-no-outro ou circunincessão das três Pessoas divinas da Trindade por causa da única essência divina, a eterno processão do Filho do Pai e do Espírito do Pai e (através do) Filho, e o fato de que as três Pessoas se distinguem apenas pelas relações de oposição entre elas. (Randall 2001). A perichoresis ilustra a unidade na diversidade.

O termo vem da palavra grega “perichoreo”, que significa “dançar” ou “interpenetrar”. O conceito de pericorese sugere que as três pessoas da Trindade compartilham uma habitação ou interpenetração mútua, de modo que cada uma está totalmente presente na outra. É uma relação dinâmica, harmoniosa e sem hierarquia.

O conceito de pericorese ganha saliência em Gregório de Nazianzo e João de Damasco. Neles o termo descreve a interpenetração das naturezas divina e humana em Cristo. Mais tarde, na Idade Média, teólogos como Tomás de Aquino usaram o termo para descrever a habitação mútua das três pessoas da Trindade.

O conceito de pericorese foi revisitado por teólogos como Jürgen Moltmann e John Zizioulas, que enfatizaram a importância do conceito para a compreensão da natureza de Deus e das relações humanas. Argumentam que o conceito de pericorese destaca a importância da unidade e da diversidade nas relações e pode servir de modelo para as relações humanas que buscam equilibrar individualidade e comunidade.

BIBLIOGRAFIA

Crisp, Oliver D.‘Problems with Perichoresis’ Tyndale Bulletin 56.1 (2005) 119-140.

Kasper, Walter. The God of Jesus Christ: New Edition. Bloomsbury Publishing, 2012.

Otto, Randall E. “The use and abuse of perichoresis in recent theology.” Scottish Journal of Theology 54.3 (2001): 366-384.

Rohr, Richard, and Mike Morrell. The divine dance: The trinity and your transformation. Whitaker House, 2016.

Jürgen Moltmann

Jürgen Moltmann (nascido em 1926) é um teólogo reformado alemão

Moltmann serviu o exército alemão durante a 2a Guerra Mundial, sendo feito prisioneiro, quando experimentou uma forma revitalização espiritual. Decidiu seguir carreira teológica e foi professor de Teologia Sistemática na Universidade de Tübingen.

Moltmann propôs uma teologia da esperança, em termos e quase contemporâneo a Rubem Alves e emergência da teologia da libertação latino-americana. Fundado nas experiências de sofrimento, sua teologia é baseada na visão de que Deus sofre com a humanidade, ao mesmo tempo em que promete à humanidade um futuro melhor por meio da esperança da ressurreição. A morte e ressurreição de Cristo são os meios pelos quais a humanidade pode participar do vindouro reino de Deus.

Também é proponente de um modelo trinitarianismo social. A ação de Deus no mundo seria funcionalmente trintária.

Moltmann oferece uma teoria de recapitulação redentiva. Deus em Cristo morreu na cruz, levantando assim a questão da impassibilidade de Deus – o conceito de que Deus não pode sofrer. O abandono de Jesus por Deus seria uma degradação à situação de pecado, com o propósito de recriar e aperfeiçoar a vontade humana no triunfo sobre o pecado.

Suas principais obras são Theology of Hope (1964), The Crucified God (1972) e The Church in the Power of the Spirit (1975).

BIBLIOGRAFIA

Ed. L. Miller and Stanley J. Grenz ‘Hope in the Midst of Suffering’ in Fortress Introduction to Contemporary Theologies, Minneapolis: Fortress Press, 1998, pp.103-123.