Frank Bartleman

Frank Bartleman (1871–1936) nasceu na zona rural da Pensilvânia, em uma família com raízes católicas e quakers.

Sua infância foi marcada por dificuldades financeiras e pela busca religiosa. Em 1893, ele teve uma experiência de conversão ao cristianismo que o levou a dedicar-se à pregação do Evangelho. Seu ministério inicial foi itinerante, centrado em comunidades marginalizadas. Atuou brevemente em diferentes denominações, como batistas, metodistas e o Exército de Salvação, mas encontrou sua verdadeira vocação no movimento pentecostal emergente.

Em 1906, Bartleman foi atraído a Los Angeles pelos relatos de um avivamento na Azusa Street. Participou e documentou os eventos, descrevendo a manifestação do Espírito Santo, os dons espirituais e a diversidade racial das reuniões. Suas obras, como Azusa Street, são registros importantes desse momento histórico para o pentecostalismo.

Bartleman continuou a viajar e pregar, enquanto escrevia artigos e livros, incluindo How Pentecost Came to Los Angeles. Ele defendia a justiça social, destacando a necessidade de cuidado com os pobres e marginalizados, e enfatizava a unidade racial e o impacto transformador do Evangelho. Sua vida e escritos refletiam sua crença no poder do Espírito Santo e em uma fé vivida com humildade e sacrifício.

G. B. Cashwell

Gaston Barnabas Cashwell (1862-1916) foi um líder pioneiro do movimento Pentecostal nos Estados Unidos, particularmente no sul do país. Nascido na Carolina do Norte, ele iniciou seu ministério como clérigo da Igreja Episcopal Metodista do Sul, mas posteriormente ingressou na Igreja da Santidade da Carolina do Norte em 1903. Cashwell buscava uma renovação espiritual que trouxesse pureza e capacitação para o trabalho evangelístico, algo que ele encontrou ao se envolver com o movimento Pentecostal.

Em 1906, Cashwell soube do avivamento na missão da Rua Azusa, liderado por William J. Seymour em Los Angeles, e decidiu viajar para lá. Durante a viagem de trem só com o bilhete de ida, que durou seis dias, ele dedicou-se a jejuns e orações. Ao chegar, foi confrontado por aspectos inesperados do avivamento, como seu caráter interracial e a liderança de pessoas de classes pobres, incluindo o próprio Seymour, um pastor afro-americano. Inicialmente desconfortável, Cashwell retirou-se para reflexão e oração. Após cinco dias, ele relatou ter superado suas reservas e buscou a imposição de mãos por líderes locais. Durante uma reunião liderada por uma mulher branca, jovens negros oraram por ele, e Cashwell afirmou ter recebido o batismo no Espírito Santo, acompanhado pelo dom de falar em línguas.

Retornando à Carolina do Norte no final de 1906, Cashwell organizou um avivamento em Dunn, utilizando um armazém de tabaco como espaço de culto. O evento atraiu grande público, incluindo pastores de diversas denominações da Santidade, como a Igreja Pentecostal da Santidade, a Igreja da Santidade do Fogo e a Igreja Batista Livre da Santidade. Durante um mês, reuniões intensas marcaram o início de um movimento Pentecostal na região.

Após o avivamento em Dunn, Cashwell viajou por vários estados do sul dos Estados Unidos, como Alabama, Flórida, Geórgia e Mississippi, promovendo a mensagem Pentecostal. Em 1907, ele pregou em Cleveland, Tennessee, onde o líder da Igreja de Deus, Ambrose J. Tomlinson, relatou ter recebido o batismo no Espírito Santo durante um de seus sermões. Cashwell também estabeleceu uma publicação chamada The Bridegroom’s Messenger em Atlanta, destinada à disseminação da mensagem Pentecostal, mas deixou a responsabilidade editorial após sete meses para se dedicar exclusivamente ao trabalho evangelístico.

Apesar de sua forte ligação inicial com o movimento Pentecostal, Cashwell se afastou da Igreja Pentecostal da Santidade em 1909. Posteriormente, ele se envolveu em causas sociais, como a criação de um abrigo para mulheres em situação de prostituição e um orfanato na Carolina do Norte. Seu trabalho teve impacto duradouro, com várias denominações Pentecostais encontrando nelas ecos de sua pregação e ações.


BIBLIOGRAFIA

Beacham, Doug. Azusa East: The Life and Times of G. B. Cashwell. LSR Publications, 2006.

George B. Studd

George Brown Studd (1859–1945) foi um líder cristão, missionário e pioneiro no movimento pentecostal americano no início do século XX.

Nascido na Inglaterra, George era o irmão mais novo de Charles T. Studd, um dos “Cambridge Seven” que renunciaram às carreiras promissoras para se dedicar ao trabalho missionário. George também foi um jogador de críquete de destaque na Inglaterra antes de direcionar sua vida para o ministério cristão.

Em seus primeiros anos de ministério, George associou-se ao evangelista Dwight L. Moody, colaborando com ele em diversas iniciativas evangelísticas. Posteriormente, serviu como missionário na China, seguindo os passos de seu irmão, antes de se estabelecer na Califórnia, onde desempenhou um papel significativo no movimento pentecostal. Introduziu o batismo do Espírito Santo a Cecil Polhill.

George foi um dos organizadores do Worldwide Camp Meeting em Arroyo Seco, Califórnia, em 1913. Este evento é lembrado por sua importância no desenvolvimento do movimento do batismo em Nome de Jesus. Durante sua estada na Califórnia, George atuou como assistente pastoral de Frank Ewart, outro pioneiro pentecostal, em Los Angeles.

Em 11 de junho de 1911, George casou-se com Mabel Preston em Los Angeles. Conhecido por seu compromisso com o trabalho missionário, ele doou grande parte de sua fortuna herdada para apoiar projetos missionários ao redor do mundo.

George B. Studd faleceu em Pasadena, Califórnia.

Anabatismo e pentecostalismo

As relações entre os diversos movimentos pentecostais e anabatistas são recorrentes. Ambos movimentos são formas populares de cristianismo, sustentam bases radicais, valorizam a vida comunitária, a ação direta do Espírito Santo e uma leitura direta das Escrituras.

Houve manifestações carismáticas nos eventos que deram origem aos anabatistas. Em 1525 um avivamento ocorreu em Zollikon e St. Gall, Suíça, com manifestações ecstáticas, profecias e falar em línguas, com várias pessoas sendo batizadas nas águas. A jovem Margret Hottinger em Zollikon pregava, proclamava o perdão dos pecados, citava a Bíblia e falava em línguas. Logo, o movimento foi perseguido.

Os chamados “Espirituais” ou “Pneumáticos” foram um ramo dos primórdios dos anabatistas que valorizavam manifestações do Espírito Santo e sua guia. No entanto, os anabatistas não desenvolveram uma teologia para explicar essas manifestações. Com o tempo, o movimento anabatista acomodou-se em expressões mais comedidas.

Nos anos 1860 houve um avivamento entre os mennonitas da Rússia, com algumas vertentes aderindo a manifestações carismáticas. Desse movimento surgiu a Igreja dos Irmãos Mennonitas.

Uma influência anabatista na origem do pentecostalismo aparece quando William Seymour foi morar em Indianápolis, onde frequentava a “Evening Light Saints”. Esse grupo anabatista de santidade, também chamado de Igrejas de Deus (Anderson) iniciada por Daniel S. Warner, possuía princípios igualitários e primitivistas, além de uma eclesiologia anti-organizacional.

Na região de Chicago, Daniel C. O. Opperman, oriundo de uma família dos Irmãos Alemães Dunkers, foi pioneiro do avivamento pentecostal.

Em 1908 um avivamento pentecostal ocorreu entre os mennonitas e Irmãos em Cristo Mennonitas em Ontário, Canadá. O canadense Solomon Eby, um dos fundadores da denominação dos Irmãos Mennonitas em Cristo (Igreja Missionária) era um mennonita influenciado pelo pietismo e pelo movimento de Santidade. Junto de outros crentes de extração anabatista, Eby deriu ao pentecostalismo em 1912, sendo ativo na Assembleia Pentecostal de Waterloo, Ontário. De forma independente, um segmento americano da Igreja Missionária formou a Pentecostal Brethren in Christ, a qual depois se fundiu com a Pilgrim Holiness Church em 1924. Vários dos crentes de origem mennonita estiveram entre os organizadores da Pentecostal Assemblies of Canada em 1919.

Nos anos 1920 aconteceu um avivamento entre os menonitas da Califórnia depois de contatos com Aimee Semple McPherson. A ocasião gerou várias controvérsias, com muitos deixando suas congregações para juntar-se às igrejas pentecostais.

Nos anos 1950 houve um avivamento pentecostal entre os jovens da igreja menonita, liderado por Gerald Derstine, pastor da Strawberry Lake Mennonite Church em Ogema, Minnesota. Nos anos 1970 apareceu a influência do movimento carismático na Igreja Menonita.

Durante o regime soviético, mennonitas, batistas e pentecostais foram forçados a se unirem na União dos Cristãos de Fé Evangélica. Dessa experiência, vários mennonitas adotaram práticas pentecostais.

No Brasil surgiram a Igreja dos Irmãos Mennonitas Renovada e a Igreja Anabatista Pentecostal, essa última sem ligações históricas diretas com os mennonitas.

Em tempos recentes, em 2013 pentecostais, carismáticos e mennonitas se uniram para formar a Mennonitischen Freikirche Österreich (MFÖ), a Igreja Livre Mennonita da Áustria.

BIBLIOGRAFIA

Bauman, Harold E. “Charismatic Movement,” Global Mennonite Encyclopedia Online(1990), http://gameo.org/index.php?title=Charismatic_Movement; the Mennonite Church.

Bauman, Harold Ernest. Presence & Power: Releasing the Holy Spirit in Your Life and Church. Herald Press, 1989.

Campos, Bernardo. La reforma radical y las raices del pentecostalismo: De la reforma protestante a la pentecostalidad de la Iglesia. Publicaciones Kerigma, 2017.

Byrd, Charles Hannon, “Sixteenth Century Anabaptism and the Manifestation of Glossolalia.”Conference paper, Society of Pentecostal Studies, Evangel University, Springfield, Missouri,2014.

Byrd, Charles Hannon. Pentecostal Aspects of Early Sixteenth-century Anabaptism. Wipf and Stock Publishers, 2019.

Manzullo-Thomas, Devin C. “Encounters with the Spirit among the Quiet in the Land: A Case Study of American Mennonites and Charismatic Renewal.” Transatlantic Charismatic Renewal, c. 1950-2000. Brill, 2021. 190-214.

Reimer, Johannes “The Spirit Says Go!: Mission and Early Charismatic Expressions among RussianMennonite Brethren,” Anabaptist Witness 4, no. 1 April 2017.

Williams, George Huntston.  The Radical Reformation, 3rd ed.. Penn State University Press, 2021.