Aará

Aará, em hebraico אַחֲרַח, foi um filho de Benjamim. É forma mencionada em 1 Crônicas 8:1. Talvez seja o mesmo Aer (em hebraico אחר) de 1 Crônicas 7:12; Eí (em hebraico אֵחִי) de Gênesis 46:21; Airão ou Airã (em hebraico אֲחִירָם) de Números 26:38, patriarca epônimo do clã ou família dos airamitas.

Marzeaḥ

Marzeaḥ (também escrito mazzeḥ, marzeach) refere-se a uma reunião social ou festa comumente realizada no antigo Levante, inclusive em Israel e Judá.

A palavra Marzeaḥ significa literalmente “banquete” ou “festa” em hebraico. O Marzeaḥ era tipicamente realizado em homenagem a uma divindade ou divindades e era frequentemente acompanhado por atividades rituais como canto, dança e bebida.

Como nos simpósios greco-romanos, os participantes sentavam-se em esteiras ou almofadas ao redor de mesas baixas e compartilhavam comida e bebida.

Embora o Marzeaḥ fosse uma atividade social comum no antigo Israel, é frequentemente mencionado na Bíblia em um contexto negativo, pois às vezes era associado ao culto idólatra e a práticas reprováveis.

Vemos, por exemplo, em Amós 6:4-7, o profeta condena aqueles que “se deitam em camas de marfim, e se estendem em seus leitos, e comem cordeiros do rebanho, e bezerros do meio do estábulo; que entoam canções ociosas para o som da harpa e, como Davi, inventam para si instrumentos de música; que bebem vinho em taças e se ungem com os melhores óleos, mas não se entristecem com a ruína de José!”

O Marzeaḥ também aparece em várias outras passagens da Bíblia Hebraica, incluindo Jeremias 16:5-9 e 1 Samuel 25:2-8. Nessas passagens, o Marzeaḥ é retratado como um tempo de excesso e indulgência, e como um símbolo do declínio moral e espiritual de Israel.

A festa Marzeaḥ é mencionada em Ugarit (KTU 1.114; 3.9). As taxas eram pagas, as pessoas reunia-se para consumir vinho e uma refeição, não um culto familiar aos mortos. Se havia atividade sexual (algo incerto), não deveria possuir caráter religioso. Geralmente um deus era o patrono a festa e recebia uma oferenda de vinho, mas esse gesto formal era o único elemento religioso do evento. Há um relato de Ugarit que menciona o deus El desmaiando em seu banquete Marzeah depois de beber demasiadamente (KTU 1.114).

Alguns estudiosos especularam se incidente de Baal-Peor (Números 26) teria sido uma Marzeaḥ, um culto aos mortos (cf. Salmo 106:28) e um rito sexual. No entanto, o texto não suporta essa conclusão, tampouco a passagem retrata o que é conhecido sobre o Marzeaḥ.

A natureza exata do Marzeach tem gerado interpretações variadas entre os estudiosos. Uma linha de pesquisa propõe que esses banquetes eram rituais para os mortos, possivelmente incluindo práticas como libações e até ritos sexuais, uma visão que se alinha a certas práticas funerárias do Oriente Próximo. Outros acadêmicos, contudo, interpretam Marzeach principalmente como um espaço de socialização para a elite, com foco em celebrações e banquetes, sem conotação religiosa substancial.

Associado com o ritual, o Marzeah Papyrus é um documento controverso que emergiu no mercado de antiguidades na década de 1990, gerando especulações por ser possivelmente a inscrição hebraica extra-bíblica mais antiga. Publicado por Pierre Bordreuil e Dennis Pardee, foi datado ao século VII a.C. com base em análises paleográficas, mencionando uma súplica por assistência divina e o enigmático local “Marzeach”. Contudo, devido à falta de contexto arqueológico, inconsistências paleográficas e conteúdo genérico, a autenticidade da inscrição foi amplamente contestada. Hoje, a maioria dos especialistas considera o papiro uma falsificação, embora o material possa ser genuinamente antigo.

BIBLIOGRAFIA

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Noll, Kurt L. “Canaanite religion.” Religion Compass 1.1 (2007): 61-92.

Schorch, Stefan. “Die Propheten und der Karneval: marzeach–maioumas–maimuna.” Vetus Testamentum 53.3 (2003): 397-415.

Será

Será era uma filha de Aser filho de Jacó.

Teria emigrado de Canaã para o Egito (Gênesis 46:17; 1 Crônicas 7:30), mas seu nome aparece no censo dos israelitas que deixaram o Egito feito por Moisés no deserto (Números 26). Sua longevidade resultou em várias lendas e midrashim.