Bernard Ramm

Bernard Ramm (1916-1992) foi um teólogo e apologista batista americano, aderente do evangelicalismo.

Um pioneiro em fundamentar o pensamento evangelical em bases racionais, discutiu a relação entre fé e razão. Ramm foi professor no California Baptist Theological Seminary e na Baylor University School of Theology.

Ramm fazia parte da mesma geração que no início da década de 1940 emergiu como novo-evangelicalismo, junto com muitos jovens intelectuais, como Charles F. H. Henry, Edward John Carnell e Harold J. Okenga, distinguindo-se dos fundamentalistas.

A teologia de Ramm enfatizou a importância do rigor intelectual na defesa da fé cristã. Criticou a tendência de priorizar a experiência religiosa subjetiva sobre a argumentação racional.

Nos estágios iniciais do envolvimento de Ramm com a ciência e as Escrituras (1946-1950), possuía uma visão crítica acerca da ciênca. Examinou as limitações do conhecimento científico e criticou a teoria evolucionista, afirmando que as hipóteses científicas devem estar alinhadas com a consistência lógica e as implicações materiais. Ramm defendeu uma perspectiva que permitia lacunas no registro geológico, enfatizando uma forma de criação onde Deus interveio de forma intermitente, contrastando com os processos evolutivos.

Mais tarde, passou para uma fase concordante (1950-1957). Ramm buscou uma relação harmoniosa entre o cristianismo e a ciência. Ele reconheceu a importância de interpretar a Bíblia à luz do seu contexto cultural e pré-científico. O “concordismo moderado” de Ramm propôs uma interpretação não literal do relato da criação em Gênesis, enfatizando a compatibilidade entre registros geológicos e amplas narrativas bíblicas.

Seu trabalho seminal, “A Visão Cristã da Ciência e das Escrituras” (1954), apresentou seu pensamento crítico e marcou um afastamento de uma interpretação literalista do Gênesis. Ramm, influenciado por Karl Barth, fez a transição do evidencialismo para a apologética pressuposicional, compartilhando semelhanças com Edward John Carnell.

O envolvimento de Ramm com a ciência foi notável por sua rejeição da “geologia da inundação” e do criacionismo da terra jovem, em vez disso, defendendo uma perspectiva criacionista progressiva. Sua abordagem concordante buscava a harmonia entre o cristianismo e a ciência, enfatizando que a Bíblia não pretendia ensinar teorias científicas definitivas. O concordismo moderado de Ramm sugeria que o Gênesis e a geologia poderiam contar uma história semelhante sem uma adesão estrita a uma criação literal de seis dias.

Considerava que a criação foi revelada em seis dias, não realizada em seis dias. Os seis dias seriam dias de revelação da intervenção cosmogônica de Deus, não dias literais nem dias de eras. Os dias em Gênesis comunicam ao ser humano o grande fato de que Deus é o Criador e de que Ele é o Criador de tudo.

Mais tarde em sua carreira, já nos fins dos anos 1950s, Ramm abraçou uma visão contextual das Escrituras, enfatizando a importância de compreender as passagens bíblicas dentro de seu contexto cultural. Esta abordagem visava reconciliar os aparentes conflitos entre a ciência e as Escrituras, permitindo diversas interpretações, mantendo ao mesmo tempo a essência teológica da mensagem bíblica.

Nessa fase madur, argumentou que a revelação e a ciência, quando compreendidas dentro de suas estruturas distintas, não precisam estar em conflito. Ramm enfatizou que a Bíblia não pretendia ensinar ciência, mas sim comunicar verdades teológicas dentro das perspectivas culturais de seus autores.

A jornada intelectual de Ramm, do engajamento crítico ao concordismo e depois a uma visão contextual, refletiu seu compromisso com estudos rigorosos e uma compreensão diferenciada da intersecção entre fé e ciência. A sua influência estendeu-se para além dos círculos teológicos, impactando os cientistas evangélicos e encorajando uma resposta cristã ponderada aos avanços científicos.

BIBLIOGRAFIA
Ramm, Bernard. “Protestant Biblical Interpretation: A Textbook of Hermeneutics” (1956)

Ramm, Bernard. “The Christian View of Science and Scripture” (1954).

Teilhard de Chardin

Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955) foi um padre católico, paleontólogo e teólogo francês, pioneiro da ecoteologia.

Nascido em uma família nobre e parente distante de Voltaire, tornou-se jesuíta e estudou Bergson, física, química e geologia. Fez expedições de pesquisa à Espanha, à Etiópia, aos EUA, à Índia, a Java, à Birmânia e à África do Sul.

Devido suspeitas pelas autoridades católicas, nenhuma de suas obras teológicas foi publicada durante sua vida. Todavia, seu pensamento foi difundido por meio de palestras e textos mimeografados.

Sua teologia discorre acerca delação da matéria com o espírito. A teoria da evolução, a história geológica e a teodicéia cristã sintetizavam-se em uma visão holística do “fenômeno do homem”. Haveria um estágio de desenvolvimento que leva à “noosfera” (a camada consciência ou sentido, em analogia à biosfera). Essa “esfera”, por sua vez, prepara a chegada de um evento que chamava de “o Cristo cósmico”. A ponta extrema de toda evolução é o “ponto ômega ”.

Em sua escatologia, o Cristo cósmico aparecerá no momento em que toda a consciência estiver reunida de acordo com o princípio da convergência dos centros. Nisso, cada ponto central reunirá cada consciência pessoal em uma cooperação cada vez mais intensa com os outros centros de consciência que se comunicam entre si. Isso dará origem à noosfera. A multiplicidade de centros refletindo a totalidade dos centros harmonizados contribui para a ressurreição espiritual ou manifestação do Cristo cósmico.

Henry Drummond

Nome de dois líderes evangélicos britânicos no século XIX.

  1. Henry Drummond (1786 – 1860), banqueiro inglês, parlamentar e um dos fundadores da Igreja Católica Apostólica (irvingitas).

Nascido em uma família da nobreza rural anglicana, Drummond estudou, mas sem graduar-se, em Oxford. Entrou para o Parlamento em 1810. Em 1817 estava em viagem em Genebra quando se encontrou com Robert Haldane. Durante essa estada, contribuiu para o nascimento do réveil – o avivamento continental. Junto com Haldane fundou a Continental Society, uma organização missionária.

De volta à Inglaterra, Drummod envolveu-se com o movimento irvingita. Emtre 1826 e 1830 recebeu em sua propriedade as Conferências Albury Park sobre profecia bíblica. Cerca de 30 a 40 pessoas vinha a Albury Park para oração, cantar hinos, ler e discutir textos proféticos da Bíblia. Tais conferências ajudaram a propagar o pré-milenismo e o moderno sionismo cristão.

No outono de 1833, Drummond e outros do círculo de Irving fundaram a Igreja Católica Apóstolica. Essa denominação considerava-se a restauração da igreja primitiva, com seus dons e cargos. Drummond foi apontado apóstolo para a Escócia e Suíça. Construiu um magnífico templo em sua propriedade em Albury Park 1840, onde viveu até sua morte.

2. Henry Drummond (1851 – 1897) evangelista e biólogo escocês.

Nascido em uma família de classe média, estudou na Universidade de Edinburgh. Influenciado por D. L. Moody e Ira Sankey, entrou para o ministério da Igreja Livre da Escócia.

Como palestrante acadêmico e pregador itinerante viajou pelas Ilhas Britânicas, América do Norte e Austrália. Fez trabalho de campo na África Central.

Drummond conciliava o evolucionismo darwinista com as doutrinas evangélicas. Como biólogo, era um proponente do altruísmo (como Kropotkin) como um dos fatores na evolução das espécies.

Seu ministério evangelístico era voltado principalmente para as juventudes.

Escreveu Natural Law in the Spiritual World (1883) e The Ascent of
Man
(1894).