Mortalismo

O mortalismo ou oblívio eterno é uma perspectiva do estado pós-vida de que a morte é o fim da existência e que não existe céu, inferno ou outra forma de vida após a morte.

Esta posição é rejeitada pelas principais religiões abraâmicas, que ensinam alguma forma de vida após a morte. No entanto, o mortalismo tem uma longa história dentro destas tradições e tem sido defendido por vários teólogos e filósofos proeminentes.

Os saduceus eram uma seita judaica ativa durante o período do Segundo Templo. Eles também negaram a existência de vida após a morte, de anjos e da ressurreição dos mortos.

Uriel Acosta foi um filósofo e teólogo português nascido em uma família judia, mas posteriormente convertido ao cristianismo. Mais tarde, foi excomungado da Igreja Católica por suas crenças pouco ortodoxas, incluindo sua negação da imortalidade da alma. Acosta finalmente retornou ao judaísmo, mas foi novamente excomungado por suas crenças. Acosta acabou cometendo suicídio, deixando uma nota na qual defendia seus pontos de vista e expressava sua esperança de que simplesmente deixaria de existir após a morte.

O bispo Sinésio de Cirene foi um bispo cristão do século V. Influenciado pelo neoplatonismo, era um defensor ferrenho do livre arbítrio e negou a existência de uma vida após a morte, que considerava incompatível com o livre arbítrio. Sinésio argumentou que se houvesse vida após a morte, então Deus seria capaz de forçar as pessoas a escolhê-lo, o que violaria seu livre arbítrio.

Durante o iluminismo o mortalismo foi adotado por deistas como Thomas Hobbes, John Locke e David Hume. É uma perspectiva amplamente difundida entre adeptos de uma visão materialista de universo.

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Líbia

A costa do norte da África no Mar Mediterrâneo, a oeste do Egito. Mais tarde, os gregos chamaram de Líbia toda a África. O atual país corresponde a três regiões históricas: a Cirenaica, a Tripolitânia e a Fazânia.

A região é habitada historicamente por povos bérberes. A região costeira de Pentápolis ou Cirene era uma região rica e em intenso contato com os mercadores gregos e fenícios, os quais fundaram colônias na região. No interior, formou-se o império de Garamantes na Fazânia.

Os líbios participaram da invasão de Judá liderada pelo Faraó Sisaque do Egito (2Cr 2:12) contra Roboão por volta de 918 a.C. Forças semelhantes foram posteriormente derrotadas por Asa de Judá (2 Cr 16:8). Guerreiros de Pute (possivelmente na Líbia) lutaram ao lado dos etíopes e egípcios quando os assírios capturaram No-amon (Tebas) em 663 aC (Na 3:9;Ez 30:5). Nessa ocasião, Ezequiel esperava a destruição da Líbia (Ez 30:5) juntamente com a do Egito e seus vizinhos. Naum relembrou sua aliança com o Egito contra a invasão da Assíria (Na 3:9). Daniel (Dan 11:43) viu líbios servindo ao “rei do norte” junto com egípcios e etíopes.

Ptolomeu I enviou grande uma considerável quantidade de colonos judeus para viver na região de Cirene, na Líbia. A comunidade era tanta que, de acordo com Estrabão, nos tempos de Sulla (c. 85 a.C.) a sociedade era dividida entre cidadãos, camponeses, estrangeiros e judeus. Uma revolta dos judeus durante o reinado de Trajano (117 d.C.) resultou em uma guerra civil e massacre que deixou a região relativamente despovoada.

Simão Cirineu, ou seja, originário de Cirene, carregou a cruz de Jesus (Marcos 15:21). 

A língua da Líbia foi ouvida no Pentecostes (At 2:10), tendo os cirineus sua própria sinagoga em Jerusalém (At 6:9). Paulo navegou pela costa de Sirte (At 27:17). Os cristãos cirineus destacavam-se em Antioquia (At 11:20; 13:1), de onde veio Lúcio de Cirene, tradicionalmente dito ser seu primeiro bispo.

Uma tradição posterior diz que o evangelista Marcos era nativo de Cirene.

O bispo Sinésio de Cirene (410-414) foi um intelectual que correspondia com Hipátia de Alexandria. A presença cristã é atestada até o início do século VII, sendo Leôncio seu último bispo registrado na época da chegada do islã.

A Líbia passou por séculos de dominação árabe e otomana, além da invasão italiana. Ganhou a independência no século XX para tornar-se uma nação rica. Contudo, a guerra civil no início do século XXI levou o país à ruína.