Maria Tepedino 

Ana Maria de Azeredo Lopes Tepedino (1948–2018) foi uma teóloga católica brasileira, com contribuições à Teologia da Libertação, à eclesiologia e aos estudos sobre o feminino no contexto latino-americano.

Nascida no Estado do Rio de Janeiro, formou-se em Filosofia pela Universidade Católica de Petrópolis em 1963 e, posteriormente, em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) em 1981. Obteve o título de Mestre em 1986 e Doutora em 1993, também pela PUC-Rio, instituição onde passou grande parte de sua carreira acadêmica. Em 2013, recebeu o título de Professora Emérita em reconhecimento por sua contribuição intelectual e pedagógica.

Tepedino foi uma das pioneiras entre as teólogas leigas na América Latina. Integrou o Departamento de Teologia da PUC-Rio e trabalhou que fosse um espaço de diversidade teológica. Buscou novas perspectivas para compreender o papel da mulher na teologia e na Igreja. Como membro da Sociedade de Teologia e Ciências da Religião (SOTER), participou da construção de um pensamento teológico engajado com a justiça social e a igualdade de gênero.

Além de sua produção acadêmica, Tepedino contribuiu em comissões da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) e do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB).

Maria Pilar Aquino

Maria Pilar Aquino (nascida em 1956) é uma teóloga feminista católica associada à teologia da libertação latino-americana.

Nascida em Ixtlán del Río, Nayarit, México, cresceu em uma família de agricultores com recursos limitados. Sua trajetória acadêmica inclui o doutorado em Teologia Sagrada (S.T.D.) pela Pontifícia Universidade de Salamanca, na Espanha, e a licenciatura em Teologia Sagrada (S.T.L.) pelo Instituto Teológico de Estudos Superiores da Cidade do México.

Aquino é reconhecida por sua obra Our Cry for Life: Latin American Theology from the Perspective of Women, que desafiou paradigmas teológicos tradicionais ao centralizar as experiências e perspectivas das mulheres da América Latina. Sua contribuição no campo da teologia feminista é marcada pela defesa de uma “dimensão tripla” de libertação, que aborda questões socioeconômicas, de gênero e culturais. Esse enfoque busca dar visibilidade às vozes de mulheres marginalizadas, especialmente na América Latina, no discurso teológico.

Durante sua carreira, Aquino escreveu e palestrou amplamente sobre justiça social, igualdade de gênero e a interseção entre fé e libertação. Atuou como Professora de Teologia e Estudos Religiosos na Universidade de San Diego por 25 anos, aposentando-se em 2019 como Professora Emérita. Além de suas atividades acadêmicas, Aquino esteve envolvida em movimentos sociais e organizações dedicadas aos direitos das mulheres, dos pobres e de comunidades marginalizadas.

Seu trabalho articulou a teologia feminista na América Latina, contribuindo para a reinterpretação de temas teológicos a partir de perspectivas que incluem a experiência das mulheres e das populações historicamente desfavorecidas.

Catharina Halkes

Catharina Joanna Maria Halkes (1920–2011) foi uma teóloga holandesa pioneira, a fundadora da teologia feminista nos Países Baixos. Seu trabalho questionou interpretações patriarcais do cristianismo e contribuiu para a inclusão das mulheres no discurso teológico e na vida eclesiástica.

Nascida em Vlaardingen, Holanda, Halkes inicialmente formou-se em Língua e Literatura Holandesa antes de se dedicar aos estudos teológicos, motivada por sua fé e um desejo de abordar injustiças sociais. Ela tornou-se uma voz proeminente no movimento católico feminino no país e foi nomeada a primeira professora de Feminismo e Cristianismo na Europa, lecionando na Universidade Católica de Nijmegen (atualmente Universidade Radboud) entre 1983 e 1986.

Halkes defendeu a ordenação de mulheres e foi uma crítica aberta à exclusão feminina de papéis de liderança na igreja. Em 1985, durante a visita do Papa João Paulo II aos Países Baixos, foi impedida de se dirigir ao pontífice devido às suas visões sobre o papel das mulheres na igreja, um evento que destacou sua notoriedade como ativista.

Em sua teologia, Halkes examinou criticamente como as escrituras e tradições religiosas têm sido usadas para subordinar as mulheres. Ela desenvolveu uma hermenêutica feminista, defendendo a leitura da Bíblia a partir das perspectivas e experiências das mulheres e enfatizando histórias femininas frequentemente negligenciadas no texto sagrado. Halkes também explorou imagens alternativas de Deus, incluindo a metáfora de “Deus como Mãe,” destacando os aspectos nutritivos e compassivos da divindade.

Ela argumentava pela inclusão das experiências femininas na reflexão teológica como meio de tornar a fé mais inclusiva e relevante. Além disso, Halkes conectou questões de gênero a preocupações ecológicas, apontando paralelos entre as relações dualistas entre homem e mulher e entre homem e natureza. Em sua obra … e tudo será recriado (1989), refletiu sobre como superar essas divisões para promover a cura da criação.

Entre seus livros mais influentes estão Storm after the Silent (1964), Zoekend naar wat verloren ging (Searching for What Was Lost), e En alles zal worden herschapen (And Everything Will Be Recreated). Em 1974, Halkes introduziu formalmente a teologia feminista no meio acadêmico holandês e, dois anos depois, fundou o Grupo de Trabalho Interuniversitário para Feminismo e Teologia (IWFT). Em reconhecimento às suas contribuições, recebeu um doutorado honorário da Universidade de Yale em 1982.

Sally McFague

Sallie McFague (1933–2019) foi uma teóloga cristã feminista norte-americana, proponente da teologia metafórica, explorando como metáforas moldam nossa compreensão e discurso sobre Deus.

McFague questionou imagens patriarcais de Deus, propondo a metáfora de “Deus como Mãe,” que enfatiza aspectos de nutrição, cuidado e relacionalidade divinas. Ampliando essa abordagem, sugeriu que o mundo pode ser entendido como o corpo de Deus, destacando a interconexão de toda a criação e defendendo uma ética ecológica de cuidado com a Terra. Essa perspectiva buscava responder aos desafios contemporâneos de degradação ambiental, promovendo uma visão de responsabilidade mútua entre humanidade e natureza.

A teologia deve ser ancorada na experiência humana e engajar a imaginação, incentivando novos modos de pensar e falar sobre Deus que reflitam preocupações e desafios modernos. Suas ideias tiveram impacto significativo na teologia feminista, oferecendo modelos alternativos para a compreensão de Deus e questionando papéis de gênero tradicionais na religião. Seu trabalho também contribuiu para o desenvolvimento da teologia ecológica, sublinhando a importância do cuidado com a criação.

Entre suas principais obras estão Metaphorical Theology: Models of God in Religious Language (1982), Models of God: Theology for an Ecological, Nuclear Age (1987), The Body of God: An Ecological Theology (1993), Super, Natural Christians: How We Should Love Nature (1997) e A New Climate for Theology: God, the World, and Global Warming (2008).

Sallie McFague abordou temas centrais da teologia cristã com uma perspectiva que buscava conciliar fé, relevância cultural e ética ambiental. Seu trabalho continua a influenciar debates teológicos sobre a relação entre Deus, humanidade e o mundo.

Kwok Pui-lan

Kwok Pui-lan, nascida em 1952 em Hong Kong, é uma teóloga feminista com atuação significativa na teologia feminista asiática e no pensamento pós-colonial. Formou-se em Artes pela Universidade Chinesa de Hong Kong em 1976 e prosseguiu seus estudos teológicos no Southeast Asia Graduate School of Theology, onde obteve o título de Bachelor of Divinity em 1978 e um Master of Theology em 1980. Em 1989, concluiu seu Doutorado em Teologia na Universidade de Harvard, com uma tese intitulada “Chinese Women and Christianity”.

Entre 1992 e 2017, Kwok ocupou o cargo de Professora William F. Cole de Teologia Cristã e Espiritualidade na Episcopal Divinity School, em Cambridge, Massachusetts. Posteriormente, assumiu o posto de Dean’s Professor de Teologia Sistemática na Candler School of Theology da Universidade de Emory. Sua pesquisa e ensino concentram-se em temas como teologia feminista asiática, interpretação bíblica e teologia pós-colonial.

Kwok desempenhou papéis relevantes em organizações acadêmicas e teológicas. Foi eleita presidente da American Academy of Religion em 2011 e cofundou a Pacific, Asian, North American Asian Women in Theology and Ministry (PANAAWTM), que busca promover o trabalho de teólogas asiáticas-americanas.

É autora e editora de mais de vinte livros e diversos artigos que exploram questões relacionadas à globalização, gênero, construção da paz e a interseção entre fé e cultura. Entre suas obras destacam-se Postcolonial Imagination and Feminist Theology (2005), Introducing Asian Feminist Theology e Discovering the Bible in the Non-Biblical World. Também organizou coletâneas como Off the Menu: Asian and Asian North American Women’s Religion and Theology e Transpacific Political Theology. Sua abordagem enfatiza a contextualização dos textos bíblicos em diversos contextos culturais, com atenção especial à Ásia, onde o diálogo inter-religioso ocupa um papel central. Kwok propõe o uso de histórias orais na teologia, considerando as tradições narrativas uma fonte enriquecedora para o discurso teológico.

Em 2021, Kwok recebeu o Lanfranc Award for Education and Scholarship do Arcebispo de Canterbury, em reconhecimento à sua liderança na teologia feminista asiática em diálogo com a eclesiologia anglicana. Também foi agraciada com o Gutenberg Research Award por sua contribuição à teologia feminista pós-colonial.

Sua relação com o cristianismo começou na adolescência, ao frequentar uma igreja anglicana em Hong Kong. Essa experiência moldou sua perspectiva teológica, marcada pela reflexão sobre gênero e representatividade cultural dentro do cristianismo. Sua obra se compromete com questões de desigualdade de gênero e diálogo cultural na prática e no pensamento cristão.