Howard Thurman

Howard Thurman (1899-1981) foi um teólogo, educador e ativista dos direitos civis americano,

A obra Thurman foi permeada por uma interpretação da Bíblia centrada na experiência dos marginalizados. Thurman, formado em teologia, utilizou a Bíblia como fonte de esperança e resistência, especialmente para a comunidade afro-americana. Seus livros, como “Jesus and the Disinherited” (1949), discorrem sobre os ensinamentos de Jesus para aqueles que sofrem opressão, conectando a fé cristã com a luta pela justiça social.

A teologia de Thurman enfatiza a dignidade intrínseca de cada ser humano e a necessidade de uma espiritualidade que impulsione a ação social. Seus escritos têm sido objeto de estudo em diversas áreas, incluindo teologia, ética e estudos afro-americanos.

A influência de Thurman transcende o contexto acadêmico, impactando líderes do movimento dos direitos civis, como Martin Luther King Jr., que o considerava um mentor. A sua abordagem bíblica, que destaca a relevância da mensagem de Jesus para os oprimidos, continua a inspirar debates sobre fé, justiça e transformação social.

Donald W. Dayton

Donald W. Dayton (1943–2020) foi um teólogo, historiador e líder ecumênico norte-americano, conhecido por sua análise crítica da história do evangelicalismo e suas contribuições para o diálogo entre diferentes tradições cristãs. Sua obra explorou as interseções entre teologia, justiça social e as raízes do pentecostalismo.

Nascido em 1943 em um ambiente evangélico, Dayton estudou no Asbury Theological Seminary e na Universidade de Chicago, onde seus interesses teológicos se expandiram. Ele passou de uma perspectiva teológica fundamentalista para uma abordagem mais progressista, buscando integrar a fé evangélica com a justiça social e o compromisso com a paz. Dayton tornou-se uma voz importante na “Evangelical Left”, um movimento que enfatizava a conexão entre espiritualidade e ação social.

Sua contribuição acadêmica foi marcada pela releitura da história evangélica. No livro Discovering an Evangelical Heritage (1976), Dayton desafiou narrativas dominantes, destacando as raízes sociais e ecumênicas do movimento. Ele também desempenhou papéis de liderança em organizações como o Conselho Nacional de Igrejas e o Conselho Mundial de Igrejas, promovendo o diálogo interdenominacional e a reconciliação entre diferentes tradições cristãs.

Entre suas obras mais notáveis está Theological Roots of Pentecostalism (1987), que explora as bases teológicas do pentecostalismo, detalhando a evolução de suas crenças e práticas centrais. Nesse estudo, Dayton articula como o pentecostalismo emergiu de tradições como o avivalismo conversionista e o movimento de santidade wesleyano. Ele também destaca a relação entre temas de poder espiritual e santificação, a prática de cura divina e a expectativa escatológica do retorno de Cristo.

A análise de Dayton no livro é estruturada em torno do “gestalt pentecostal”, que apresenta Cristo como Salvador, Batizador no Espírito Santo, Curador e Rei que Virá. Ele traça as conexões históricas e doutrinárias desses temas, abrangendo desde o avivamento wesleyano até influências de figuras como Charles Finney, Dwight Moody e A.B. Simpson. A obra é reconhecida como um marco na compreensão do desenvolvimento teológico do pentecostalismo.

Sally McFague

Sallie McFague (1933–2019) foi uma teóloga cristã feminista norte-americana, proponente da teologia metafórica, explorando como metáforas moldam nossa compreensão e discurso sobre Deus.

McFague questionou imagens patriarcais de Deus, propondo a metáfora de “Deus como Mãe,” que enfatiza aspectos de nutrição, cuidado e relacionalidade divinas. Ampliando essa abordagem, sugeriu que o mundo pode ser entendido como o corpo de Deus, destacando a interconexão de toda a criação e defendendo uma ética ecológica de cuidado com a Terra. Essa perspectiva buscava responder aos desafios contemporâneos de degradação ambiental, promovendo uma visão de responsabilidade mútua entre humanidade e natureza.

A teologia deve ser ancorada na experiência humana e engajar a imaginação, incentivando novos modos de pensar e falar sobre Deus que reflitam preocupações e desafios modernos. Suas ideias tiveram impacto significativo na teologia feminista, oferecendo modelos alternativos para a compreensão de Deus e questionando papéis de gênero tradicionais na religião. Seu trabalho também contribuiu para o desenvolvimento da teologia ecológica, sublinhando a importância do cuidado com a criação.

Entre suas principais obras estão Metaphorical Theology: Models of God in Religious Language (1982), Models of God: Theology for an Ecological, Nuclear Age (1987), The Body of God: An Ecological Theology (1993), Super, Natural Christians: How We Should Love Nature (1997) e A New Climate for Theology: God, the World, and Global Warming (2008).

Sallie McFague abordou temas centrais da teologia cristã com uma perspectiva que buscava conciliar fé, relevância cultural e ética ambiental. Seu trabalho continua a influenciar debates teológicos sobre a relação entre Deus, humanidade e o mundo.

Aristotle Papanikolaou

Aristotle Papanikolaou é teólogo e acadêmico especializado em cristianismo ortodoxo contemporâneo. Atua como Professor de Teologia e ocupa a Cátedra Arquidiocesana Demetrios em Teologia e Cultura Ortodoxa na Fordham University. É também cofundador e diretor do Orthodox Christian Studies Center da mesma instituição, que promove estudos sobre o cristianismo ortodoxo.

Nascido em Chicago, Illinois, Papanikolaou graduou-se em Artes pela Fordham University em 1988. Continuou sua formação teológica na Holy Cross Greek Orthodox School of Theology, onde concluiu um Master of Divinity em 1991. Em 1998, obteve o doutorado pela University of Chicago, com foco em teologia ortodoxa contemporânea.

A pesquisa de Papanikolaou examina as relações entre a teologia ocidental e as tradições ortodoxas. Entre suas principais obras estão: Being with God: Trinity, Apophaticism, and Divine-Human Communion (2006) e The Mystical as Political: Democracy and Non-Radical Orthodoxy (2012), ambas publicadas pela Notre Dame University Press. Sua produção acadêmica aborda temas como teologia política, a relação entre ortodoxia e democracia liberal, e os impactos da modernidade no pensamento ortodoxo.

Em 2012, recebeu o Award for Excellence in Undergraduate Teaching in the Humanities da Fordham University. Além de suas atividades docentes, atua como mentor e participa de iniciativas educacionais e projetos de extensão promovidos pelo Orthodox Christian Studies Center.

Papanikolaou propõe uma abordagem não radical à teologia política ortodoxa, explorando possibilidades de compatibilizar crenças tradicionais com princípios democráticos contemporâneos. Argumenta que o apoio da ortodoxia à democracia liberal pode ser sustentado dentro de seus próprios marcos teológicos, questionando interpretações que apresentam essas ideias como incompatíveis.

Sob sua liderança, o Orthodox Christian Studies Center desenvolveu projetos que abordam questões relevantes à comunidade ortodoxa, como direitos humanos e diversidade sexual. O centro também colabora em iniciativas internacionais, incluindo o Bridging Voices Project, promovido pelo British Council, que discute a identidade ortodoxa frente às transformações sociais.

Em 2024, Papanikolaou foi nomeado Alum of the Year pela Divinity School da University of Chicago, em reconhecimento por suas contribuições à teologia e ao estudo do cristianismo ortodoxo.

Elisabeth Schüssler Fiorenza

Elizabeth Schüssler Fiorenza (1938-) é uma teóloga e biblista católica, proponente de exame crítico da Bíblia e suas interpretações sob uma perspectiva feminista.

Nascida em Viena, Áustria, Schüssler Fiorenzase mudou para os Estados Unidos, após seu doutorado pela Universidade de Würzburg, na Alemanha. Ocupou cargos acadêmicos em instituições como a Harvard Divinity School e a Universidade de Notre Dame. Seu trabalho influenciou profundamente os debates contemporâneos sobre gênero, poder e a interpretação de textos sagrados. Entre suas publicações, destaca-se “In Memory of Her: A Feminist Theological Reconstruction of Christian Origins”, obra na qual ela critica interpretações tradicionais dos textos cristãos que historicamente marginalizaram as vozes femininas.

Schüssler Fiorenza defende uma hermenêutica feminista, buscando revelar e amplificar as experiências e perspectivas das mulheres nas Escrituras. Argumenta que as interpretações dominantes geralmente refletem preconceitos patriarcais que distorcem ou obscurecem o papel das mulheres no cristianismo primitivo. Para descrever as hierarquias de poder complexas que vão além do gênero, incluindo questões de raça, classe, sexualidade e outras formas de estratificação social, Schüssler Fiorenza introduziu o termo “kiriarquia.” Esse conceito busca mostrar a natureza multifacetada das opressões e chama a atenção para uma compreensão das dinâmicas de poder nos textos religiosos.

Salienta o peso da interpretação comunitária e contextual dos textos bíblicos, defendendo que a leitura e análise das Escrituras devem estar enraizadas nas experiências vividas por comunidades, especialmente aquelas marginalizadas pelas abordagens teológicas dominantes. Um aspecto do trabalho de Schüssler Fiorenza é a recuperação das vozes e histórias de mulheres na Bíblia.

Sua teologia política integra justiça social e libertação como componentes essenciais da prática da fé. Através dessa abordagem, Schüssler Fiorenza propõe uma teologia que não apenas interpreta as Escrituras, mas que também atua em prol de uma sociedade mais justa e inclusiva.

As contribuições de Elizabeth Schüssler Fiorenza foram fundamentais para a teologia feminista, influenciando tanto o discurso acadêmico quanto a prática em comunidades de fé.