William Roscoe Estep

William Roscoe Estep (1920-2000) foi um historiador e teólogo batista que ensinou no Southwestern Baptist Theological Seminary.

Estep escreveu extensivamente sobre a história da teologia batista e enfatizou a importância da liberdade religiosa, a separação entre Estado e Religião, a liberdade de consciência e as raízes anabatistas. Seus trabalhos incluem “The Anabaptist Story” (1963) e “Whole Gospel Whole World: The Foreign Mission Board of the Southern Baptist Convention 1845–1995” (1994).

Nos anos 1990, Estep foi um dos líderes que tentou conter o avanço do Novo Calvinismo no seio da Convenção Batista Sulista nos Estados Unidos.

Bernard Ramm

Bernard Ramm (1916-1992) foi um teólogo e apologista batista americano, aderente do evangelicalismo.

Um pioneiro em fundamentar o pensamento evangelical em bases racionais, discutiu a relação entre fé e razão. Ramm foi professor no California Baptist Theological Seminary e na Baylor University School of Theology.

Ramm fazia parte da mesma geração que no início da década de 1940 emergiu como novo-evangelicalismo, junto com muitos jovens intelectuais, como Charles F. H. Henry, Edward John Carnell e Harold J. Okenga, distinguindo-se dos fundamentalistas.

A teologia de Ramm enfatizou a importância do rigor intelectual na defesa da fé cristã. Criticou a tendência de priorizar a experiência religiosa subjetiva sobre a argumentação racional.

Nos estágios iniciais do envolvimento de Ramm com a ciência e as Escrituras (1946-1950), possuía uma visão crítica acerca da ciênca. Examinou as limitações do conhecimento científico e criticou a teoria evolucionista, afirmando que as hipóteses científicas devem estar alinhadas com a consistência lógica e as implicações materiais. Ramm defendeu uma perspectiva que permitia lacunas no registro geológico, enfatizando uma forma de criação onde Deus interveio de forma intermitente, contrastando com os processos evolutivos.

Mais tarde, passou para uma fase concordante (1950-1957). Ramm buscou uma relação harmoniosa entre o cristianismo e a ciência. Ele reconheceu a importância de interpretar a Bíblia à luz do seu contexto cultural e pré-científico. O “concordismo moderado” de Ramm propôs uma interpretação não literal do relato da criação em Gênesis, enfatizando a compatibilidade entre registros geológicos e amplas narrativas bíblicas.

Seu trabalho seminal, “A Visão Cristã da Ciência e das Escrituras” (1954), apresentou seu pensamento crítico e marcou um afastamento de uma interpretação literalista do Gênesis. Ramm, influenciado por Karl Barth, fez a transição do evidencialismo para a apologética pressuposicional, compartilhando semelhanças com Edward John Carnell.

O envolvimento de Ramm com a ciência foi notável por sua rejeição da “geologia da inundação” e do criacionismo da terra jovem, em vez disso, defendendo uma perspectiva criacionista progressiva. Sua abordagem concordante buscava a harmonia entre o cristianismo e a ciência, enfatizando que a Bíblia não pretendia ensinar teorias científicas definitivas. O concordismo moderado de Ramm sugeria que o Gênesis e a geologia poderiam contar uma história semelhante sem uma adesão estrita a uma criação literal de seis dias.

Considerava que a criação foi revelada em seis dias, não realizada em seis dias. Os seis dias seriam dias de revelação da intervenção cosmogônica de Deus, não dias literais nem dias de eras. Os dias em Gênesis comunicam ao ser humano o grande fato de que Deus é o Criador e de que Ele é o Criador de tudo.

Mais tarde em sua carreira, já nos fins dos anos 1950s, Ramm abraçou uma visão contextual das Escrituras, enfatizando a importância de compreender as passagens bíblicas dentro de seu contexto cultural. Esta abordagem visava reconciliar os aparentes conflitos entre a ciência e as Escrituras, permitindo diversas interpretações, mantendo ao mesmo tempo a essência teológica da mensagem bíblica.

Nessa fase madur, argumentou que a revelação e a ciência, quando compreendidas dentro de suas estruturas distintas, não precisam estar em conflito. Ramm enfatizou que a Bíblia não pretendia ensinar ciência, mas sim comunicar verdades teológicas dentro das perspectivas culturais de seus autores.

A jornada intelectual de Ramm, do engajamento crítico ao concordismo e depois a uma visão contextual, refletiu seu compromisso com estudos rigorosos e uma compreensão diferenciada da intersecção entre fé e ciência. A sua influência estendeu-se para além dos círculos teológicos, impactando os cientistas evangélicos e encorajando uma resposta cristã ponderada aos avanços científicos.

BIBLIOGRAFIA
Ramm, Bernard. “Protestant Biblical Interpretation: A Textbook of Hermeneutics” (1956)

Ramm, Bernard. “The Christian View of Science and Scripture” (1954).

Harvey Cox

Harvey Cox (1929- ) é um teólogo batista americano e professor da Harvard Divinity School. Cox discute sobre a interseção entre religião e sociedade, incluindo seus livros “The Secular City” e “Fire From Heaven”.

“The Secular City””, publicado em 1965, tornou-se um clássico no campo dos estudos religiosos. Neste livro, Cox argumenta que a urbanização e a secularização da sociedade não são ameaças à religião, mas sim oportunidades para que ela se adapte e prospere de novas maneiras. Diante da tese então em voga que o mundo moderno seria cada vez mais secularizado, Cox via a cidade como um lugar onde diversas culturas e visões de mundo podem interagir e aprender umas com as outras, levando a uma sociedade mais pluralista e tolerante. Seria uma oportunidade de viver o evangelho plenamente em um novo contexto.

Em “Fire From Heaven” apresenta as três dimensões da espiritualidade elementares (primal) do pentecostalismo. Segundo Cox, essas três dimensões são fala primal, piedade primal e esperança primal. A fala primal diz respeito à comunicação, incluindo a glossolalia, conhecida como “falar em línguas”. A piedade primal também é sobre comunicação, mas não verbal. Isso aponta para o ressurgimento do Pentecostalismo em relação à transe, visão, cura, sonhos, dança e outras expressões religiosas arquetípicas. A esperança primal aponta para a perspectiva milenarista do Pentecostalismo – sua insistência em que uma nova era radicalmente nova está prestes a surgir. Isso significa para os pentecostais a plena restauração dessa nova vida e idade no próximo mundo, após a morte.

Ao longo de sua carreira, Cox tem sido um defensor do cristianismo liberal e um crítico do fundamentalismo religioso. É um defensor vocal da justiça social e do papel da religião na promoção da paz e da compreensão entre diferentes culturas e religiões.

BIBLIOGRAFIA.

Cox, Harvey. Fire from Heaven: The Rise of Pentecostal Spirituality and the Reshaping of Religion in the Twentieth-Century. London: Cassell, 2000.

J. Deotis Roberts

J. Deotis Roberts (1935-2015) foi um teólogo batista americano que enfatizou a importância da teologia contextual para as comunidades negras. Seu livro “The Prophethood of Black Believers: An African American Political Theology for Ministry” (1982) argumentou que os negros devem ser vistos como profetas que desafiam as estruturas sociais que perpetuam a opressão.

No cerne da teologia de Roberts estava sua crença na dignidade e no valor de todas as pessoas, independentemente de raça, etnia ou status social. Deus é um Deus de justiça e compaixão, profundamente preocupado com a situação dos oprimidos e marginalizados. Roberts argumentou que o propósito da teologia era ajudar as pessoas a entender e responder às realidades da injustiça no mundo e trabalhar para criar uma sociedade mais justa e equitativa.

Um dos temas-chave na teologia de Roberts era a libertação. O plano de salvação de Deus incluía libertar as pessoas de todas as formas de opressão, incluindo a opressão espiritual, econômica, política e social. A história do Êxodo na Bíblia hebraica exemplifica um símbolo poderoso da libertação de Deus, e que os cristãos poderiam recorrer a essa história para entender o significado de sua própria libertação em Cristo.

Roberts também enfatizou a importância da comunidade em sua teologia. Ele acreditava que os seres humanos foram criados para a comunidade e que era por meio de nossos relacionamentos com os outros que poderíamos experimentar a plenitude do amor de Deus. A Igreja é um local crucial de comunidade. Por isso, os cristãos tinham a responsabilidade de trabalhar juntos para criar um mundo mais justo e amoroso.

Roberts enfatizou o poder transformador do amor de Deus. Ele acreditava que o amor de Deus tinha o poder de curar e transformar indivíduos e comunidades, e que essa transformação era essencial para criar um mundo mais justo e igualitário. O trabalho da teologia como um convite para participar desse processo transformador e incentivou os cristãos a serem agentes ativos de mudança em suas comunidades e no mundo.

Junto de James H. Cone, Deotis Roberts é um dos propoentes da Black Theology, a teologia da libertação afroamericana. No entanto, era voz distinta na interlocução do pensamento de Cone e de Martin Luther King, bem como na práxis em justiça social.

Walter M. Horton

Walter Marshall Horton (1895-1966) teólogo batista, neoliberal e realista americano.

Estudou em Harvard, Union Theological Seminary, Columbia, além de passagens pela Sorbonne, Estrasburgo e Marburgo, nessa última recebeu seu doutorado. Foi professor de teologia em Oberlin.

Ele cunhou o termo de teologia neoliberal para discutir seu pensamento e de John C. Bennett e L. Harold DeWolf. Todavia, durante sua vida intelectual sua teologia combinou elementos liberais, neoliberais e pós-liberais.

Horton foi um dos primeiros teólogos a incorporar fundamentos da psicologia e sociologia na reflexão teológica. Sua abordagem ecumênica de se fazer teologia anteciparia as perspectivas globais e transdenominacionais que se tornariam padrão posteriormente. Argumentava pelo uso razão com ênfase na importância da revelação bíblica no método teológico.

Sua doutrina de Deus reconhece tanto o amor pessoal quanto a ira de Deus. Em sua doutrina do homem, busca um equilíbrio “titanismo” e “niilismo”, reconhecendo a pecaminosidade humana. Concebe a encarnação em termos liberais, mas tende para a neo-ortodoxia acerca da Expiação e na doutrina da Parousia.

A eclesiologia resulta de seu envolvimento no movimento ecumênico. Apreciou a teologia católica antes mesmo da abertura do concílio Vaticano II, desenvolvendo uma concepção de evangelicalismo católico para compreender o ecumenismo. Para Horton a doutrina do Reino de Deus inclui tanto o ativismo dos liberais quanto o foco ortodoxo na eternidade.

BIBLIOGRAFIA

Edwards, Mark. “” More Catholic Than Protestant”: Walter Marshall Horton and the Faith of Evangelical Catholicism.” Anglican and Episcopal History 78.3 (2009): 279-303.

Horton, Walter Marshall. Realistic Theology. New York : Harper, 1934.

Horton, Walter Marshall. “The Christian Community: Its Lord and Its Fellowship.” Interpretation (Richmond) 4, no. 4 (1950): 387-400.

Horton, Walter Marshall. Christian Theology: An Ecumenical Approach. New York : Harper, 1955.

Mountcastle, William W. Neo-liberal theology in the thought of Walter Marshall Horton. Diss. Boston University, 1958. https://hdl.handle.net/2144/6228