Roland de Pury

Roland de Pury (1907-1979) foi um teólogo protestante suíço, cuja vida e obra enfocavam a fé cristã e a justiça social.

Sua trajetória teológica foi marcada por uma intensa busca por uma compreensão autêntica do Evangelho, livre das amarras das ortodoxias tradicionais e das ideologias seculares.

De Pury defendeu uma teologia da encarnação que enfatizava a presença real de Cristo no mundo e a necessidade de os cristãos se engajarem nas lutas por justiça e libertação. Criticava a separação entre fé e vida, entre o sagrado e o secular, argumentando que o Evangelho deveria permear todas as dimensões da existência humana.

Sua teologia social, inspirada no profetismo bíblico, o levou a se envolver ativamente em questões como a luta contra o racismo, a defesa dos direitos dos trabalhadores e a promoção da paz. Via a Igreja como uma comunidade de serviço ao mundo, chamada a ser sinal e instrumento do Reino de Deus.

Louis Gaussen

François Samuel Robert Louis Gaussen (1790-1863) foi um líder do réveil suíço do século XIX.

Nasceu em uma família de refugiados protestantes em Genebra. Foi um dos influenciados por Haldane durante sua estada em Genebra em 1817. Graduando-se na Universidade de Genebra em 1814, seguiu carreira ministerial, servindo como pastor em Satigny por doze anos, até que uma disputa com o consistório levou à sua suspensão. Em resposta, Gaussen co-fundou a Sociedade Evangélica, com foco na distribuição de Bíblias e no trabalho missionário.

Organizou uma congregação livre ligada ao movimento do réveil. Viajou como pregador à Itália e à Inglaterra, participando de atividades de renovação espiritual. Retornando a Genebra, assumiu docência na Escola de Teologia da Sociedade Evangélica, onde passou a lecionar com atenção especial ao segundo advento de Cristo e à interpretação profética.

Em 1819, publicou tradução francesa da Segunda Confissão Helvética. Seu compromisso confessional incluía afirmação da dupla predestinação, sem adesão ao supralapsarianismo, e defesa do sistema teológico reformado estruturado pela teologia federal. Lecionou, pregou e escreveu dentro desse marco, com ênfase na autoridade normativa da Escritura.

O principal eixo de sua contribuição teológica aparece na obra Théopneustie (1840). Nesse tratado, Gaussen defendeu a inspiração verbal e plenária da Bíblia. Afirmou que toda a Escritura procede de Deus e que o Espírito Santo supervisionou a redação das palavras que constituem o texto sagrado. A partir dessa origem divina, deduziu a infalibilidade da Bíblia, entendida como confiabilidade absoluta em tudo o que afirma sobre fé, prática, fatos e história. Seu alvo era a crítica racionalista do século XIX, que negava a natureza revelada da Escritura. Seu interesse não se concentrou em debates posteriores sobre inerrância técnica, mas na fundamentação da autoridade bíblica diante da teologia liberal.

Gaussen escreveu também Le Canon des Saintes Écritures, voltado à formação e reconhecimento do cânon bíblico. Produziu estudos e comentários sobre o livro de Daniel. Interpretou suas visões como representação da história humana e como testemunho profético de eventos futuros. Via o cumprimento das profecias como indicação da origem divina da Escritura e utilizou esse cumprimento como argumento apologético.

Sua escatologia pode ser definida como premilenismo histórico. Afirmou que Cristo retornará antes do milênio e que esse período terá existência futura e concreta. Adotou leitura futurista do Apocalipse, relacionando grande parte de suas visões ao segundo advento, e rejeitou propostas pós-milenistas que esperavam progresso geral da humanidade antes da volta de Cristo. Essa expectativa moldou sua prática pastoral e sua visão da missão cristã no contexto do réveil. Escreveu comentário e lições sobre o livro de Daniel, o qual lia como uma alegoria da história da humanidade, com prognósticos proféticos.

BIBLIOGRAFIA

Gaussen, L. Théopneustie ou, pleine inspiration des Saintes Écritures. Paris: Delay, 1840.

Gaussen, L. Theopneustia: The Plenary Inspiration of the Holy Scriptures. 1a edição em inglês. Londres, 1841.

Jean-Fréderéric Ostervald 

Jean-Frédéric Ostervald (1663-1747) foi um pastor e teólogo reformado suíço, nascido em Neuchâtel em 1663.

Ostervald estudou em Zurique, Saumur e Paris antes de se tornar pastor em vários locais. Sua abordagem ao cristianismo era moderada, enfatizando seus aspectos racionais e éticos.

Sua obra, Compendium Theologiae Christianae, foi um resumo sistemático e conciso da teologia cristã que visava tornar as complexidades da teologia acessíveis a um público mais amplo. A obra foi amplamente utilizada como livro-texto em seminários e universidades protestantes.

Ostervald defendia a tolerância religiosa e sua oposição à perseguição de minorias religiosas. Ele acreditava que a diversidade religiosa não era uma ameaça à unidade da Igreja, mas sim um sinal de sua força.

Ostervald morreu em Neuchâtel, deixando um legado como uma figura de destaque na vertente moderada e racionalista da teologia cristã. Suas obras continuam a ser estudadas e apreciadas por estudiosos no campo da teologia e estudos religiosos.

Oswald Glaidt

Oswald Glaidt (1490-1546) foi um reformador e mártir anabatista suíço.

Glaidt era sabatarista e que acreditava na importância de viver uma vida simples e pacífica. Ele rejeitou o uso da violência e acreditava na separação entre igreja e estado. Foi seguidor de Hubmeer, depois de Hans Hut. Por volta de 1530 publicou um panfleto na Silésia sobre a guarda do sábado.

Foi executado por afogamento em Viena.

Ulrich Zwingli

Ulrich Zwingli (1484-1531) foi um teólogo e reformador suíço, líder da Reforma de Zurique. Ele enfatizou a importância da Bíblia e rejeitou muitas das tradições da Igreja Católica.

Zwingli era um pároco de uma aldeia no cantão de Zurique quando passou a ler o Novo Testamento e chegou, de forma independente, às conclusões similares de Lutero.

Para Zwingli, o sacrifício e a morte de Cristo foram um evento, realizado totalmente no tempo, e são válidos e eficazes para sempre. Em consequência, o momento ou ato decisivo para restaurar a relação rompida entre Deus e os homens não reside na fé individual; ao contrário, a fé é uma espécie de reconhecimento e aceitação pessoal de uma reconciliação já realizada. Isso também tem consequências para a compreensão da Ceia do Senhor: é uma refeição simbólica para celebração de lembrança e gratidão do sacrifício de Cristo.

Nomeado pregador da mais prestigiosa igreja de Zurique, Zwingli implantou a Reforma na cidade, mas morreria quando enfrentou os exércitos católicos. Seu legado foi a vertente reformada da Reforma protestante.