Discípulo Amado

O discípulo anônimo e idealizado mencionado no Evangelho de João (por exemplo, 13:23) é comumente referido como o Discípulo Amado.

Ao longo do Evangelho, essa figura ocupa uma posição de destaque como confidente próximo de Jesus. Embora a identidade do Discípulo Amado permaneça incerta, a tradição associa esse discípulo a João, o Apóstolo. Essa conexão decorre da proximidade do discípulo com Jesus durante eventos significativos, como a Última Ceia e a crucificação.

Além de João, o Apóstolo, vários outros indivíduos foram sugeridos como candidatos potenciais para o Discípulo Amado anônimo no Evangelho de João.

Lázaro: o Discípulo Amado poderia ser Lázaro, a quem Jesus ressuscitou dos mortos. Essa teoria decorre do relacionamento próximo que Lázaro teve com Jesus e suas irmãs, Maria e Marta.

Maria Madalena: Outra candidata proposta é Maria Madalena, uma figura proeminente nos Evangelhos. Alguns estudiosos argumentam que o Discípulo Amado poderia ser uma representação simbólica de Maria Madalena, destacando sua profunda conexão espiritual com Jesus.

Tiago, o irmão de Jesus: Tiago, o irmão de Jesus, que desempenhou um papel significativo na comunidade cristã primitiva. Esta hipótese sugere um vínculo familiar e status de próximo com Jesus.

Um discípulo idealizado: Há também um ponto de vista que sugere que o Discípulo Amado representa um discípulo idealizado ou um símbolo coletivo dos fiéis seguidores de Jesus. Esta interpretação vê o personagem como um dispositivo literário ao invés de um indivíduo histórico específico.

BIBLIOGRAFIA

Lindenlaub, Julia Danielle. Beloved Disciple as Interpreter and Author of Scripture in the Gospel of John, 2021.

Tiago

Várias pessoas no Novo Testamento são chamadas de Tiago, a forma aportuguesada de Iago, derivada de Jacó, suplantador.

(1) Tiago, pai do apóstolo Judas: não o Judas Iscariotes. (Lc 6:16; At 1:13).

(2) Tiago, filho de Zebedeu: irmão de João e um dos doze apóstolos de Jesus Cristo. (Mt 10:2). Possivelmente sua mãe era Salomé. Tiago e seu irmão João deixaram a pesca para seguir a Jesus Cristo (Mt 4:18-22; Mc 1:19, 20; Lc 5:7-10), sendo Tiago geralmente mencionado primeiro (Mt 4:21; 10:2; 17:1; Mc 1:19, 29; 3:17; 5:37; 9:2; 10:35, 41; 13:3; 14:33; Lu 5:10; 6:14; 8:51; 9:28, 54; At 1:13). Receberam a alcunha de Boanerges“Filhos do Trovão” (Mc 3:17).

Pedro, Tiago e João são mencionados em íntima comunhão com Cristo. O três estiveram com Cristo no monte da transfiguração (Mt 17:1, 2), na ressurreição da filha de Jairo (Lc 8:51) e no Getsêmani, enquanto ele orava (Mc 14:32-34). Os três junto e André perguntaram a Jesus quando ocorreria o fim do templo de Jerusalém. (Mc 13:3, 4). Teria sido martirizado por Herodes Agripa I (At 12:1-3).

(3) Tiago filho de Alfeu, outro apóstolo, tradicionalmente chamado de Tiago, o menor. (Mt 10:2, 3; Mc 3:18; Lc 6:15; At 1:13). Se Alfeu for o mesmo que Clopas, caso em que a mãe de Tiago era Maria, a mesma Maria que era “a mãe de Tiago, o Menor, e de Josés”. (Jo 19:25; Mc 15:40; Mt 27:56).

(4) Tiago, irmão do Senhor (Mc 6:3; Gl 1:19). Não aparece seguindo a Jesus Cristo durante seu ministério terreno, mas depois aparece como líder da igreja em Jerusalém (At 12:17) e o provável autor da epístola com seu nome (Tg 1:1) Aparece mencionado dentre os quatro irmãos de Jesus: Tiago, José, Simão e Judas. (Mt 13:55). É provável que fosse casado (1Co 9:5). Seria a ele que Cristo ressuscitado apareceu (1 Co 15:7).

A tradição deu-lhe a alcunha de “Tiago, o Justo” e teria sido um nazireu. Josefo, relata que o sumo sacerdote Ananias “convocou os juízes do Sinédrio e levou perante eles um homem chamado Tiago, irmão de Jesus, que era chamado o Cristo, e alguns outros. Ele os acusou de terem transgredido a lei e os entregou para serem apedrejados” Antiguidades Judaicas, 20:200 (9, 1).

Epístola de Tiago

A fé no evangelho ocorre de modo embutido nas boas obras para com o próximo.

Epístola destinada a um público cristão geral, sua autoria é creditada a Tiago, o qual é interpretado como o irmão do Senhor e líder da Igreja em Jerusalém.

O historiador Eusébio observou que esta epístola teve lenta aceitação no cânon cristão, apesar do fato de ter um uso regular em muitas igrejas (Hist. Ec. 2.23; 3.25). O Cânon Muratoriano (final do século II) não menciona Tiago, mas a carta foi incluída nos cânones do bispo Atanásio (c. 367 d.C.). Sua canonicidade manteve-se então amplamente estável até a Reforma Protestante, quando Martinho Lutero a moveu (junto com Hebreus, Judas, e Apocalipse) até o final do Novo Testamento na seção chamada de Antilegômena. Segundo Lutero, faltavam elementos essenciais do evangelho e sua mensagem contrastava com outros escritos do Novo Testamento. Contudo, a epístola de Tiago continuou no cânon luterano.

A homília chamada de Primeiro Clemente (c. 95 d.C) é o primeiro documento a utilizar extensivamente esta epístola. Essas alusões são visíveis ao comparar 1 Clem 30.3; 31.2 e Tg 2:14–26; 1 Clem 29.1; 30.1–5 e Tg 4:1–10.

Seu gênero epistolar segue o padrão de outras cartas do Novo Testamento. A introdução é seguida por vários temas específicos: consistência da palavra e ação (1:22-2:13); fé e obras (2:14-26); moderação no falar (3:1-18); relações com os outros e com Deus (4:1–12); e o julgamento vindouro (4:13-5:9). Conclui (5:10-20) com breves exortações sobre as responsabilidades dos destinatários para com outros membros da congregação.

A epístola de Tiago é recepcionada de forma que não faz jus ao seu valor. Frequentemente é contrastada com Paulo em um debate sobre a justificação ou como reação do cristianismo judaico contra a igreja gentia. Na realidade, há poucos paralelos entre Tg 2:14-26 e os ensinos de Paulo sobre os temas da justificação “pela fé sem as obras” (cf. Rm 3.28). Em comum há o uso de Abraão como exemplo em Rm 4:1-25 e Tg 2:20-24. Ambos veem a fé principalmente como confiança em Deus (Rm 4:5; Tg 1,5-6). Ambos concordam que a fé deva produzir obras na vida de uma pessoa (Rm 2,13; Fp 2,12-13; Tg 2,18). No entanto, nem as questões de justificação, nem as relações entre judeus e gentios dentro da igreja são temas do conteúdo desta epístola como um todo.