Kwok Pui-lan

Kwok Pui-lan, nascida em 1952 em Hong Kong, é uma teóloga feminista com atuação significativa na teologia feminista asiática e no pensamento pós-colonial. Formou-se em Artes pela Universidade Chinesa de Hong Kong em 1976 e prosseguiu seus estudos teológicos no Southeast Asia Graduate School of Theology, onde obteve o título de Bachelor of Divinity em 1978 e um Master of Theology em 1980. Em 1989, concluiu seu Doutorado em Teologia na Universidade de Harvard, com uma tese intitulada “Chinese Women and Christianity”.

Entre 1992 e 2017, Kwok ocupou o cargo de Professora William F. Cole de Teologia Cristã e Espiritualidade na Episcopal Divinity School, em Cambridge, Massachusetts. Posteriormente, assumiu o posto de Dean’s Professor de Teologia Sistemática na Candler School of Theology da Universidade de Emory. Sua pesquisa e ensino concentram-se em temas como teologia feminista asiática, interpretação bíblica e teologia pós-colonial.

Kwok desempenhou papéis relevantes em organizações acadêmicas e teológicas. Foi eleita presidente da American Academy of Religion em 2011 e cofundou a Pacific, Asian, North American Asian Women in Theology and Ministry (PANAAWTM), que busca promover o trabalho de teólogas asiáticas-americanas.

É autora e editora de mais de vinte livros e diversos artigos que exploram questões relacionadas à globalização, gênero, construção da paz e a interseção entre fé e cultura. Entre suas obras destacam-se Postcolonial Imagination and Feminist Theology (2005), Introducing Asian Feminist Theology e Discovering the Bible in the Non-Biblical World. Também organizou coletâneas como Off the Menu: Asian and Asian North American Women’s Religion and Theology e Transpacific Political Theology. Sua abordagem enfatiza a contextualização dos textos bíblicos em diversos contextos culturais, com atenção especial à Ásia, onde o diálogo inter-religioso ocupa um papel central. Kwok propõe o uso de histórias orais na teologia, considerando as tradições narrativas uma fonte enriquecedora para o discurso teológico.

Em 2021, Kwok recebeu o Lanfranc Award for Education and Scholarship do Arcebispo de Canterbury, em reconhecimento à sua liderança na teologia feminista asiática em diálogo com a eclesiologia anglicana. Também foi agraciada com o Gutenberg Research Award por sua contribuição à teologia feminista pós-colonial.

Sua relação com o cristianismo começou na adolescência, ao frequentar uma igreja anglicana em Hong Kong. Essa experiência moldou sua perspectiva teológica, marcada pela reflexão sobre gênero e representatividade cultural dentro do cristianismo. Sua obra se compromete com questões de desigualdade de gênero e diálogo cultural na prática e no pensamento cristão.

Kosuke Koyama

Kosuke Koyama (1929–2009) foi um missionário, missiólogo e teólogo contextual japonês, conhecido por sua teologia do búfalo d’água (waterbuffalo theology).

Koyama, nascido em Tóquio viveu os eventos tumultuosos do século XX, incluindo os devastadores bombardeios a Tóquio durante a Segunda Guerra Mundial. Em razão disso, discorreu sobre sofrimento e da compaixão.

Estudou teologia no em Tóquio e nos Estados Unidos, onde obteve um doutorado no Seminário Teológico de Princeton. Essa exposição às tradições teológicas orientais e ocidentais foi fundamental para moldar sua perspectiva distintiva.

Koyama atuou como missionário na Tailândia, imergindo-se na cultura local e enfrentando os desafios de contextualizar a fé cristã em um ambiente não ocidental. Essa experiência direta alimentou seu comprometimento com uma “teologia da cruz”, enfatizando a centralidade do sofrimento e da solidariedade com os marginalizados como valores cristãos essenciais.

Seu influente livro, Teologia do Búfalo-d’Água (1974), destaca-se como uma obra seminal na teologia contextual. Utilizando a imagem do búfalo-d’água como símbolo de força paciente e resiliência, Koyama metaforicamente o conectou às realidades de muitas comunidades asiáticas enfrentando adversidades. O livro utiliza o búfalo como um símbolo de força paciente e resiliência na agricultura asiática, torna-se uma metáfora para a compreensão da fé cristã no contexto das culturas asiáticas.

Koyama defende a necessidade de contextualizar a teologia, enfatizando que as reflexões teológicas devem estar enraizadas nas experiências vividas nas comunidades locais. O livro desafia uma abordagem da teologia centrada no Ocidente e destaca a necessidade de uma teologia que responda aos contextos culturais e históricos específicos das sociedades não-ocidentais. Koyama afirma que uma teologia contextual deve ser capaz de ressoar e abordar as lutas e desafios diários enfrentados pelas pessoas nestes contextos.

Além de suas contribuições teológicas, Koyama dedicou-se ao diálogo inter-religioso, especialmente entre o cristianismo e o budismo, buscando compreensão mútua e respeito entre tradições religiosas.

O legado de Kosuke Koyama perdura como uma influência profunda em teólogos, missiólogos e praticantes em todo o mundo. Seu comprometimento com uma teologia contextual, abordando as lutas das pessoas comuns diante da pobreza e opressão, continua sendo uma força orientadora.

A ênfase de Koyama no diálogo inter-religioso e sua crítica ao imperialismo cultural ocidental permanecem relevantes no mundo interconectado de hoje. Além de suas buscas acadêmicas, ele serviu como decano da Escola de Pós-Graduação em Teologia do Sudeste Asiático em Cingapura por 16 anos e recebeu a Medalha Henry Luce de Teologia em 1985.

Seu extenso conjunto de obras inclui publicações notáveis como Sobre a Vida Cristã (1979) e O Deus que Caminha Devagar (1993).

Kening

O kening é uma figura de linguagem, uma variação das metáforas, que consiste em uma frase com múltiplos substantivos para referir-se a algo notório.

Embora seja típico das literaturas germânicas, este recurso perifrástico aparece também na Bíblia. Ocorre em passagens como Gênesis 49:11, em que “sangue de uvas” é usado como termo para “vinho”. E em Jó 15:14, “nascido de mulher” refere-se a “homem”, bem como “qualquer um que mije contra a parede” . (1 Sm 25:22; 1 Re 16:11).

Kazoh Kitamori

Kazoh Kitamori (1916-1998) foi um teólogo japonês.

Foi professor no Tokyo Union Theological Seminary e ministro da
Kyodan Church (Igreja Unida de Cristo no Japão).

Kitamori discorreu sobre o conceito de “teologia da ferida”, enfatizando a importância do sofrimento de Cristo na compreensão da redenção. Seu livro “Theology of the pain of God” encontrou audiências mesmo entre não cristãos e fora do Japão.

No rescaldo da Segunda Guerra Mundial, Kazoh Kitamori, explorou o conceito de sofrimento divino. Kitamori enfatiza o conflito interno de Deus, dividido entre a natureza divina da justiça e da compaixão. Enquanto a justiça de Deus exige ira contra os pecadores, a compaixão de Deus anseia por sua redenção. A vontade eterna de Deus é criar e amar a humanidade, mesmo diante de seus pecados. No entanto, o santo amor de Deus também requer justiça e ira contra o pecado. Isso cria um conflito interno dentro de Deus entre justiça e amor, ira e graça. Por fim, o amor triunfa e Deus se sacrifica na cruz para estender a graça aos pecadores. Kitamori argumenta que a superação da ira e do amor por Deus envolve também a superação do sofrimento humano. Ao carregar os fardos dos outros e compartilhar a mensagem do amor divino, participamos da dor de Deus.

Este conceito é prefigurado no Antigo Testamento e plenamente realizado no sacrifício de Cristo na cruz, onde Deus vence a ira com amor. A ênfase está na vitória do amor em vez de satisfazer a ira. A cruz abre caminho para nossa reconciliação com Deus e a restauração da vida divina.

BIBLIOGRAFIA

Kitamori, Kazoh. Theology of the Pain of God. Eugene, OR: Wipf and Stock, 2005.

John Knox

John Knox (c. 1513-1572) foi um reformador e teólogo escocês que desempenhou um papel significativo na Reforma Escocesa.

Knox nasceu perto de Haddington, na Escócia, e foi educado na Universidade de St Andrews. Knox tornou-se padre católico na década de 1530, mas depois se converteu ao protestantismo.

Knox tornou-se um associado próximo do líder protestante escocês George Wishart. Após a execução de Wishart, Knox tornou-se um líder do movimento protestante na Escócia. Passou um tempo no exílio na Inglaterra e em Genebra, onde se tornou amigo de João Calvino, antes de retornar à Escócia em 1559.

Na Escócia, Knox tornou-se o líder da Reforma Escocesa e foi fundamental para estabelecer a Igreja Presbiteriana da Escócia, a Kirk. Ele pregou contra a Igreja Católica e suas práticas, e seus sermões e escritos tiveram um impacto significativo no povo escocês.

Knox também desempenhou um papel na política escocesa, aconselhando e criticando vários monarcas. Ele era um forte defensor de uma igreja nacional escocesa e dos direitos do povo de resistir a governantes injustos.