Teoria do Representante Federal

A teoria do representante federal, doutrina que integra a teologia do pacto ou a teologia da aliança, para explicar o significado da morte de Cristo na expiação e reconciliação em termos de aliança ou pacto (foedus) com Deus.

Foi desenvolvida por teólogos reformados continentais como Johannes Cocceius e Francis Turretin, além de batistas britânicos de tendências calvinistas como John Gill.

As bases bíblicas geralmente apontadas são Rm 5:12-19; 8:29; 1 Co 15:22.

De acordo com essa teoria, Deus fez uma aliança com Adão como representante de toda a humanidade, na qual a desobediência de Adão resultou na Queda da humanidade e na introdução do pecado e da morte no mundo. Deus então estabeleceu uma nova aliança com a humanidade por meio de Jesus Cristo. Quando Adão pecou, todos os humanos herdaram sua culpa e natureza corrupta, levando-os à separação de Deus. Para restaurar esse relacionamento, Jesus Cristo, como o novo representante federal, cumpriu as obrigações da aliança que Adão falhou em cumprir. Por meio de Sua obediência, Cristo forneceu um meio para a humanidade se reconciliar com Deus.

Em contraste com a teoria da substituição penal, no qual Cristo foi o substituto na pena merecida pelo pecado, a teoria do representante federal é vicária, mas não substitutiva. Cristo morreu pela humanidade, mas para ser representante e mediador dea humanidade em um momento crucial da história de salvação.

Como na também vicária mas não substitutiva teoria governamental da expiação, a teoria do representante federal considera Cristo como cumpridor do ato da justiça que Deus deseja para o universo. Em ambas Cristo é o representante legal da humanidade. Em contraste, enquanto a teoria governamental busca restaurar a ordem de justiça, a teoria do representante federal busca restaurar a aliança corrompida pelo homem.

Cocceius enfatizou a continuidade das alianças de Deus ao longo da história e o papel de Cristo como mediador da nova aliança. Turretin expandiu isso destacando os aspectos legais das alianças e a importância da obediência de Cristo para cumprir os termos da aliança em nome da humanidade.

Novo Aliancismo

O Novo Aliancismo é uma arcabouço interpretativo, vertente de teologia bíblica e sistema teológico que enfatiza a continuidade entre o Antigo e o Novo Testamento, e a centralidade do conceito de pacto ou aliança na compreensão do relacionamento de Deus com a humanidade.

Difere do convencionalismo tradicional ao enfatizar a importância de Cristo como mediador da aliança, em vez da própria aliança. Também difere do dispensacionalismo ao rejeitar a ideia de um reino milenar futuro e literal de Cristo na terra.

Três teólogos associados ao Novo Pacto são Michael Horton, Meredith Kline e John Murray. Horton enfatiza a importância da aliança da graça na compreensão da salvação, enquanto Kline enfoca o conceito de “justiça pelas obras” na aliança mosaica. Murray enfatiza a continuidade entre o Antigo e o Novo Testamento e a centralidade de Cristo como mediador da aliança.

Cocceianismo

Sistema teológico de matriz reformada formulado pelo teólogo holandês Johannes Cocceius (1603 – 1669), caracterizado pelo aliancismo. Também é um arcabouço interpretativo para a teologia bíblica.

Cocceius propôs uma teologia bíblica em contraposição ao sistema tópico de teologia empregado por Voetius. Na abordagem cocceiana as Escrituras eram lidas orientadas por uma história redentiva prefigurada no Antigo Testamento em diferentes alianças ou pactos. Embora já presente de alguma forma no pensamento de Zwínglio e Bullinger (e notavelmente ausente em Calvino e Beza), seria formulado plenamente por Cocceius.

O conceito de “aliança” ou “pacto” (em latim foedus) como a ideia fundamental através da qual os ensinamentos da Bíblia deveriam ser compreendidos.

Sua teologia da aliança enfatizava o relacionamento entre Deus e a humanidade conforme definido por duas alianças: a aliança das obras, em vigor antes da queda de Adão, e a aliança da graça, que incluía a revelação da lei mosaica e alcançou sua expressão mais plena na morte de Cristo.

Deus quando fez uma aliança com Adão como representante federal da humanidade condicionou que se Adão obedecesse ele e seus
a posteridade receberia a vida eterna. No entanto, se Adão desobedecesse a depravação e a morte seria o destino de toda a humanidade.

Cocceius via a Bíblia como apresentando a história sagrada desse relacionamento, ou Heilsgeschichte, desde a criação até a revelação de Cristo. Ao destacar a natureza progressiva da revelação de Deus, Cocceius estabeleceu as bases para o desenvolvimento da moderna teologia do Antigo Testamento. A Bíblia não seriaa uma doutrina teológica sistemática ou tópica, mas um relato da relação de Deus com a humanidade, e a teologia da aliança de Cocceius forneceu uma estrutura para entender essa relação.

Em contraste com Agostinho, que acreditava que todos pecaram em Adão, para a teoria federal o pecado de Adão é imputado à sua posteridade.
Romanos 5:12 é entendido que a morte física, espiritual e eterna veio para todos porque todos foram tratados como pecadores; mas não houve uma coparticipação da humanidade na falha original de Adão.

BIBLIOGRAFIA

Coccejus, Johannes. Summa Doctrinae de Foedere et Testamento Dei. 1648 (1653, 1660).

McCoy, Charles S. “Johannes Cocceius: Federal Theologian.” Scottish Journal of Theology 16 (1963):352–370.

McCoy, Charles S.; Baker, J.Wayne . Fountainhead of Federalism: Heinrich Bullinger and the Covenantal Tradition. Louisville, KY: Westminster/John Knox Press, 1991.