Agostino Lencioni (1869-1945) foi um pioneiro no nascente movimento petecostal italiano, atuando como missionário na Itália, Brasil e Canadá, além de servir como ancião em Chicago.
Lencioni nasceu em Colognora, na Toscana, Itália, em 1869. Aos 21 anos, em 1890, Lencioni emigrou via Gênova para os Estados Unidos. Ele se estabeleceu em Chicago e pouco tempo depois obteve sua naturalização como cidadão americano.
Em 5 de fevereiro de 1893, Lencioni se casou com Rosa Giovannetto, e juntos criaram uma família de seis filhos. Como outros membros da sua comunidade, Lencioni trabalhava na construção civil como pintor.
Entre 1903 e 1907, Lencioni juntou-se a seus companheiros crentes toscanos em Chicago, estabelecendo uma igreja livre antes do reavivamento pentecostal de setembro de 1907. Foi nessa época que ele se tornou um ancião na congregação pentecostal italiana de Chicago, assumindo as funções anteriormente ocupadas por Francescon e Lombardi enquanto eles estavam em suas viagens missionárias. Em 1908, Lencioni assumiu as responsabilidades de liderança dentro da igreja, embora tenha embarcado em sua própria missão evangelística para visitar seu irmão em Lucca, Itália, no mesmo ano, mas provavelmente sem o sucesso esperado.
Lencioni embarcou em duas jornadas significativas. Em 1913, 1918, 1922 e em 1928, aventurou-se no Brasil, dedicando seus esforços à evangelização e fortalecimento das igrejas de São Paulo. Em 1912, ele viajou para Hamilton, Ontário, no Canadá, continuando sua missão de apoiar e nutrir igrejas emergentes em novos territórios. Depois dessas viagens, Lencioni voltou para Chicago, onde permaneceu como ancião até sua morte.
BIBLIOGRAFIA
Fernandes, Lucas. Notas sobre A. Lencioni. s.l. s.d.
Aimee Semple McPherson (1890 – 1944) foi uma evangelista canadense-americana e fundadora da Igreja internacional do Evangelho Quadrangular.
Nascida Aimee Elizabeth Kennedy em 1890, cresceu em um lar participante do Exército de Salvação. Casou-se com o presbiteriano récem-aderido ao pentecostalismo Robert Semple em 1908.
Em janeiro de 1909, Robert e Aimée Semple se mudaram para Chicago para trabalhar ao lado do pioneiro pentecostal William Durham. Foi durante sua estada em Chicago que Aimée recebeu o dom de interpretar línguas. Ela e Robert evangelizavam nos distritos operários, muitas vezes acompanhados por membros da Assembleia Cristã italiana. O casal viajou muito com Durham e, a certa altura, ele orou pela cura da torção no tornozelo de Aimée. Com o tempo, Durham ordenaria Robert e Aimée. Em 6 de janeiro de 1910, os três partiram de Chicago para o Canadá antes de seguirem para a China. Antes da partida, a Assembleia Cristã fez uma coleta para arrecadar fundos para a viagem.
Em 1910, eles foram para Hong Kong, onde Robert Semple adoeceu e faleceu. Aimee então voltou para os Estados Unidos, onde se casou novamente e começou seu trabalho evangelístico no Canadá e nos Estados Unidos.
Em 1912, enquanto trabalhava com sua mãe e o Exército de Salvação na cidade de Nova York, ela se casou com Harold S. McPherson; o casamento acabou mais tarde.
Em 1918, McPherson mudou-se para a Califórnia onde teve, por um tempo, credenciais das Assembleias de Deus, dos metodistas e dos batistas. Em Los Angeles abriu o Angelus Temple, uma igreja pentecostal de 5.300 lugares e uma escola bíblica, o Lighthouse of Foursquare Evangelism (L.I.F.E.). Ela se tornou conhecida por seus sermões ilustrados habilidosos e foi uma pioneira no ministério de rádio. No entanto, sua reputação foi manchada em 1926, quando ela desapareceu misteriosamente por seis semanas, levando a especulações e escândalos.
McPherson pregava com naturalidade quase todas as noites, não hesitava de lançar mão de perfomances publicitárias.
“O inesquecível 15 de setembro”– Louis Francescon “Dia de sagrada memória” – Peter Ottolini
Local da “Igreja dos Toscanos” na W. Grand Avenue, cenário do avivamento de 1907.
Em uma manhã de domingo no final do viçoso verão de Chicago, o jovem Jean Etienne Perrou caminhou pela agitada e populosa colônia italiana no melhor de seus trajes domingueiros até uma porta comercial localizada na 1139 W. Grand Avenue. Entre mercearias, lojas e moradias apertadas aquele estabelecimento parecia deslocado. As duas vidraças tapadas com cortinas não revelavam muito do que se passava no interior daquele endereço. Na vidraça, a única indicação do propósito desse lugar aparecia pintada em letras brancas em italiano: “Reunidos em Nome do Senhor Jesus”.
Nascido em Marselha, na Côte D’azur, filho de pais italianos francófonos, Jean era chamado Giovanni para seus compatriotas e John para os americanos. O garçom magro e alto que há pouco migrara para a América teve acolhida entre seus correligionários valdenses em Chicago, mas não ficou muito tempo entre eles. O rapaz de vinte anos preferia a ordem de culto com mais liberdade daquele ajuntamento sem denominação da Grand Avenue. Ali se tinha liberdade para chamar cânticos, orar, testemunhar, ler e exortar pela Bíblia conforme o crente sentisse movido pelo Espírito Santo.
Perrou chegou e ajoelhou-se para sua oração privada. Súbito e inesperadamente foi tomado pelo Espírito Santo e manifestava em novas línguas. Os membros da igreja, espantados e maravilhados, não compreendiam o que se passava. Outros presentes também manifestavam da mesma forma. Um dos dois anciãos daquela igreja, Ottolini narra o que se seguiu:
Vendo essa manifestação, senti de chamar a Francescon. Encarreguei G. Marin de ir dizer a Francescon que o Senhor o queria no meio de nós. Quando Marin chegou em casa, não encontrou ninguém e escreveu um bilhete que dizia: ‘o Senhor está manifestando o seu poder na nossa igreja de Grand Avenue, a gente gostaria que fosse lá.’ E passou o bilhete por baixo da porta. Quando Francescon retornou à casa leu o aviso, foi a DiCicco, que morava na vizinhança, mostrou-lhe o bilhete ajuntando: ‘Pois que o Senhor está manifestando seu poder na igreja dos toscanos e nos tem pedido nossa presença, seria bom irmos.’ Francescon chegou cerca das 14:00 e encontrou um grande número dos presentes revestidos do poder de Deus. Nesse dia o Senhor batizou Pietro Menconi, Esterina Giometti e Caterina Gardella. Durante a terceira reunião daquele dia, o Espírito do Senhor me ordenou dizer: ‘o Senhor enviou o irmão Francescon aqui para que por meio dele possamos escutar a palavra de Deus, até que perdure as circunstâncias de agora.’ O irmão Francescon hesitava a aceitar o convite, mas o Senhor revestiu-o de um poder sobrenatural. Se levantou e disse: ‘agora estou seguro que o Senhor falou por meio do irmão Ottolini’, então deu uma mensagem poderosa. As bênçãos daquele dia foram inúmeras, não é possível contar cronologicamente os batizados (no Espírito Santo). Uma coisa pode ser dita, parecia que o dia de Pentecoste reapareceu e Chicago se tornara o centro dessa obra divina a qual estava destinada a distribuir bênçãos especiais ao povo italiano. (Ottolini. Storia della Opera Italiana. 1945).
Francescon narra os eventos desse dia com algumas variações de detalhes:
No inesquecível dia 15 de setembro do mesmo ano, na casa de oração da W. Grand Av. 1139, o Senhor se manifestou no irmão A. Lencioni, e muitos dos presentes, julgando que ele não se encontrasse em si, formaram um ambiente confuso, por não discernirem a Obra de Deus. Dois dos presentes (P. Menconi e Luigi Garrou) vendo isto, vieram me chamar, dizendo-me que fosse depressa onde eles se encontravam reunidos; antes de sair, orei ao Senhor que me determinou ir. Ao entrar naquele local, o Senhor me abriu a boca para falar-lhes do poder do sangue do concerto eterno e que só por ele se pode permanecer em pé na presença de Deus e obter as suas fiéis promessas. Imediatamente, o Senhor se manifestou com sua presença, selando os irmãos P. Menconi, A. Andreoni, A. Lencioni e outros, e as maravilhas de nosso Senhor e de seu grande poder foram conhecidas e manifestadas a todos quantos vinham para vê-las e o Senhor convencia e os selava, jovens e velhos (na fé) e entre esses os irmãos G. Marin e Umberto Gazzari. Quando voltei à Congregação da W. Grand Ave, o irmão P. Ottolini abria o serviço e P. Menconi presidia. No terceiro serviço que tivemos, sucedeu que enquanto o irmão P. Menconi subia ao púlpito, o irmão P. Ottolini (guiado pelo Espírito Santo), deu um salto e falou em alta voz: “Irmão Menconi! Pare; o Senhor me disse que enviou em nosso meio o irmão Louis Francescon para nos exortar”. E o irmão P. Menconi foi confirmado pelo Senhor para ficar sentado no momento, depois também Deus servir-se-ia dele. E foi assim, que, novamente, ocupei o lugar de ancião nessa igreja até 29 de junho de 1909 (Francescon. Fedele Testimonianza. 1952).
A congregação toda fora tomada e transformada pelo poder do alto. Vários crentes foram confirmados pelo Espírito Santo com seus dons, com falar de novas línguas e profecias que viriam em breve se cumprirem. Aquela glória continuou por todo o dia até à tarde da noite. Anos mais tarde, Francescon relembrava “o inesquecível 15 de setembro” e Ottolini o “dia de sagrada memória” tendo-o como a data inicial dessa Obra. Em um documento estatutário escrito anos mais tarde, Francescon reflete sobre o impacto do derramar do Espírito Santo:
Cremos nos dons de Deus pelos quais essa obra começou entre o povo italiano em Chicago. Essa obra começou no ano de 1907. Depois de poucos meses, alguns do povo guiados pelo Espírito Santo levaram o testemunho desta obra de Deus a diversas localidades da América do Norte, Itália e América do Sul. Deus acompanhou-os com suas maravilhas e a obra cresceu e esparramou miraculosamente. Isso se cumpriu no espaço de três anos, o que serviu para confirmar-nos que devíamos deixar o Senhor realizar Sua Obra e que devíamos tão somente escutá-Lo e segui-Lo. Essa é a única razão que nunca consentimos usar outro método humano de fazer a obra de Deus, métodos os quais são contrários aos pensamentos e caminhos do Senhor (Isa 55:8) e ao testemunho do Novo Testamento. (Francescon. Fede e Regola Congregação Cristã de Chicago, agosto de 1955).
Susanna Maria Antonietta Colantonio Lewen (1891-1980), também chamada Susie Colantonio, foi evangelista e pregadora ítalo-americana. Foi uma das primeiras pessoas após o avivamento de Chicago partir para a Itália e formar um núcleo de crentes batizados pelo Espírito Santo.
Nascida em Chicago do casal de abruzzenses Michele Colantonio (1857 – 1949) e Fiorangela “Florence” Balzano (1872-1917). Sua família converteu-se a Cristo e participava da Primeira Igreja Presbiteriana Italiana de Chicago, da qual sua tia Rosina Balzano Francescon, irmã de Fiorangela, ocupava funções de liderança.
A família retornou para a Itália, quando Susanna tinha 15 ano. Duas vilas, Castel San Vincezo e Castellone al Volturno, província de Isérnia, Molise, no sul da Itália, foram evangelizadas pela família. Na região foi formada uma igreja ligada aos valdenses.
Após seu retorno a Chicago, Susanna estranhou as mudanças em sua igreja e começou a frequentar a escola dominical na missão North Avenue de William Durham e a Congregação Italiana então sem nome reunida na West Grand Avenue. Depois de experimentar a efusão no Espírito Santo com diversos sinais, seus pais presbiterianos proibiram-na de congregar.
Em casa, continuou a buscar os dons do Espírito Santo, quando teve seu batismo com sinal de falar em novas línguas. A partir disso, seus pais decidiram voltar para a Itália, o que aconteceu por volta do início de 1908.
No sítio da família em Castellone al Volturno ela começou a pregar Atos 2 sobre o derramamento do Espírito Santo nos últimos dias. Depois de alguma resistência paterna, toda a família aceitou seu testemunho e começaram a realizar cultos. Alguns dias depois Susanna batizou várias pessoas em um riacho do sítio.
Susie permaneceu por quatro anos pastoreando ovelhas na fazenda da família. Mantinha sua fé pela leitura da Bíblia e cânticos. Testemunhou vários milagres de atendimento de necessidade de alimentos e curas.
Tendo já esquecido a língua inglesa e rejeitado seu repatriamento aos EUA por razões médicas, compareceu ao consulado americano. Nessa ocasião, teve sua habilidade de falar inglês fluentemente renovada.
Retornou sozinha aos Estados Unidos e conheceu um ex-monge franciscano. Após conduzi-lo a Cristo, casaram-se em 1914 no Michigan. Seu marido John Dean Lewen (Lewan ou Lewandowski) (1895-1951) trabalhava como gráfico e depois tornou-se ministro do evangelho. O casal viajou muito pelo Estados Unidos dando testemunho e exortando as congregações pentecostais.
BIBLIOGRAFIA
FamilySearch Colantonio Lewen, Susanna M., The Story of My Life, Chicago: s.d.
Compilação de profecias para a edificação dos crentes, dada nas congregações pentecostais em Chicago, por duas pessoas anônimas, em 1908 e 1909. Teriam sido dadas em línguas e interpretadas. A identidade dessas pessoas se mantém um mistério, mas podem ser apontadas como possíveis profetas: Cora Harris MacIlravy, Aimée Semple McPherson ou “sister Bethany”.
Foram compiladas e publicadas por W. H. Durham, originalmente com 43 mensagens e 30.000 exemplares, e distribuídas na América do Norte, Austrália e Escandinávia como literatura devocional.