Aimee Semple McPherson

Aimee Semple McPherson (1890 – 1944) foi uma evangelista canadense-americana e fundadora da Igreja internacional do Evangelho Quadrangular.

Nascida Aimee Elizabeth Kennedy em 1890, cresceu em um lar participante do Exército de Salvação. Casou-se com o presbiteriano récem-aderido ao pentecostalismo Robert Semple em 1908.

Em janeiro de 1909, Robert e Aimée Semple se mudaram para Chicago para trabalhar ao lado do pioneiro pentecostal William Durham. Foi durante sua estada em Chicago que Aimée recebeu o dom de interpretar línguas. Ela e Robert evangelizavam nos distritos operários, muitas vezes acompanhados por membros da Assembleia Cristã italiana. O casal viajou muito com Durham e, a certa altura, ele orou pela cura da torção no tornozelo de Aimée. Com o tempo, Durham ordenaria Robert e Aimée. Em 6 de janeiro de 1910, os três partiram de Chicago para o Canadá antes de seguirem para a China. Antes da partida, a Assembleia Cristã fez uma coleta para arrecadar fundos para a viagem.

Em 1910, eles foram para Hong Kong, onde Robert Semple adoeceu e faleceu. Aimee então voltou para os Estados Unidos, onde se casou novamente e começou seu trabalho evangelístico no Canadá e nos Estados Unidos.

Em 1912, enquanto trabalhava com sua mãe e o Exército de Salvação na cidade de Nova York, ela se casou com Harold S. McPherson; o casamento acabou mais tarde.

Em 1918, McPherson mudou-se para a Califórnia onde teve, por um tempo, credenciais das Assembleias de Deus, dos metodistas e dos batistas. Em Los Angeles abriu o Angelus Temple, uma igreja pentecostal de 5.300 lugares e uma escola bíblica, o Lighthouse of Foursquare Evangelism (L.I.F.E.). Ela se tornou conhecida por seus sermões ilustrados habilidosos e foi uma pioneira no ministério de rádio. No entanto, sua reputação foi manchada em 1926, quando ela desapareceu misteriosamente por seis semanas, levando a especulações e escândalos.

McPherson pregava com naturalidade quase todas as noites, não hesitava de lançar mão de perfomances publicitárias.

BIBLIOGRAFIA

Blumhofer, Edith. Aimee Semple McPherson: Everybody’s Sister.

McPherson, Aimee Semple. “The Personal Testimony and Life of Aimee Semple McPherson” .Chicago: The Pentecostal Herald [1915?].

McPherson, Aimee Semple. This Is That, 1923.

McPherson, Aimee Semple. In the Service of the King, 1927.

McPherson, Aimee Semple. Give Me My Own God, 1936.

O derramar do Espírito Santo: 15 de setembro de 1907

“O inesquecível 15 de setembro”– Louis Francescon
“Dia de sagrada memória” – Peter Ottolini

Local da “Igreja dos Toscanos” na W. Grand Avenue, cenário do avivamento de 1907.

Em uma manhã de domingo no final do viçoso verão de Chicago, o jovem Jean Etienne Perrou caminhou pela agitada e populosa colônia italiana no melhor de seus trajes domingueiros até uma porta comercial localizada na 1139 W. Grand Avenue. Entre mercearias, lojas e moradias apertadas aquele estabelecimento parecia deslocado. As duas vidraças tapadas com cortinas não revelavam muito do que se passava no interior daquele endereço. Na vidraça, a única indicação do propósito desse lugar aparecia pintada em letras brancas em italiano: “Reunidos em Nome do Senhor Jesus”.

Nascido em Marselha, na Côte D’azur, filho de pais italianos francófonos, Jean era chamado Giovanni para seus compatriotas e John para os americanos. O garçom magro e alto que há pouco migrara para a América teve acolhida entre seus correligionários valdenses em Chicago, mas não ficou muito tempo entre eles. O rapaz de vinte anos preferia a ordem de culto com mais liberdade daquele ajuntamento sem denominação da Grand Avenue. Ali se tinha liberdade para chamar cânticos, orar, testemunhar, ler e exortar pela Bíblia conforme o crente sentisse movido pelo Espírito Santo.

Perrou chegou e ajoelhou-se para sua oração privada. Súbito e inesperadamente foi tomado pelo Espírito Santo e manifestava em novas línguas. Os membros da igreja, espantados e maravilhados, não compreendiam o que se passava. Outros presentes também manifestavam da mesma forma. Um dos dois anciãos daquela igreja, Ottolini narra o que se seguiu:

Vendo essa manifestação, senti de chamar a Francescon. Encarreguei G. Marin de ir dizer a Francescon que o Senhor o queria no meio de nós. Quando Marin chegou em casa, não encontrou ninguém e escreveu um bilhete que dizia: ‘o Senhor está manifestando o seu poder na nossa igreja de Grand Avenue, a gente gostaria que fosse lá.’ E passou o bilhete por baixo da porta. Quando Francescon retornou à casa leu o aviso, foi a DiCicco, que morava na vizinhança, mostrou-lhe o bilhete ajuntando: ‘Pois que o Senhor está manifestando seu poder na igreja dos toscanos e nos tem pedido nossa presença, seria bom irmos.’ Francescon chegou cerca das 14:00 e encontrou um grande número dos presentes revestidos do poder de Deus. Nesse dia o Senhor batizou Pietro Menconi, Esterina Giometti e Caterina Gardella. Durante a terceira reunião daquele dia, o Espírito do Senhor me ordenou dizer: ‘o Senhor enviou o irmão Francescon aqui para que por meio dele possamos escutar a palavra de Deus, até que perdure as circunstâncias de agora.’ O irmão Francescon hesitava a aceitar o convite, mas o Senhor revestiu-o de um poder sobrenatural. Se levantou e disse: ‘agora estou seguro que o Senhor falou por meio do irmão Ottolini’, então deu uma mensagem poderosa. As bênçãos daquele dia foram inúmeras, não é possível contar cronologicamente os batizados (no Espírito Santo). Uma coisa pode ser dita, parecia que o dia de Pentecoste reapareceu e Chicago se tornara o centro dessa obra divina a qual estava destinada a distribuir bênçãos especiais ao povo italiano. (Ottolini. Storia della Opera Italiana. 1945).


Francescon narra os eventos desse dia com algumas variações de detalhes:

No inesquecível dia 15 de setembro do mesmo ano, na casa de oração da W. Grand Av. 1139, o Senhor se manifestou no irmão A. Lencioni, e muitos dos presentes, julgando que ele não se encontrasse em si, formaram um ambiente confuso, por não discernirem a Obra de Deus. Dois dos presentes (P. Menconi e Luigi Garrou) vendo isto, vieram me chamar, dizendo-me que fosse depressa onde eles se encontravam reunidos; antes de sair, orei ao Senhor que me determinou ir. Ao entrar naquele local, o Senhor me abriu a boca para falar-lhes do poder do sangue do concerto eterno e que só por ele se pode permanecer em pé na presença de Deus e obter as suas fiéis promessas. Imediatamente, o Senhor se manifestou com sua presença, selando os irmãos P. Menconi, A. Andreoni, A. Lencioni e outros, e as maravilhas de nosso Senhor e de seu grande poder foram conhecidas e manifestadas a todos quantos vinham para vê-las e o Senhor convencia e os selava, jovens e velhos (na fé) e entre esses os irmãos G. Marin e Umberto Gazzari. Quando voltei à Congregação da W. Grand Ave, o irmão P. Ottolini abria o serviço e P. Menconi presidia. No terceiro serviço que tivemos, sucedeu que enquanto o irmão P. Menconi subia ao púlpito, o irmão P. Ottolini (guiado pelo Espírito Santo), deu um salto e falou em alta voz: “Irmão Menconi! Pare; o Senhor me disse que enviou em nosso meio o irmão Louis Francescon para nos exortar”. E o irmão P. Menconi foi confirmado pelo Senhor para ficar sentado no momento, depois também Deus servir-se-ia dele. E foi assim, que, novamente, ocupei o lugar de ancião nessa igreja até 29 de junho de 1909 (Francescon. Fedele Testimonianza. 1952).


A congregação toda fora tomada e transformada pelo poder do alto. Vários crentes foram confirmados pelo Espírito Santo com seus dons, com falar de novas línguas e profecias que viriam em breve se cumprirem. Aquela glória continuou por todo o dia até à tarde da noite. Anos mais tarde, Francescon relembrava “o inesquecível 15 de setembro” e Ottolini o “dia de sagrada memória” tendo-o como a data inicial dessa Obra. Em um documento estatutário escrito anos mais tarde, Francescon reflete sobre o impacto do derramar do Espírito Santo:

Cremos nos dons de Deus pelos quais essa obra começou entre o povo italiano em Chicago. Essa obra começou no ano de 1907. Depois de poucos meses, alguns do povo guiados pelo Espírito Santo levaram o testemunho desta obra de Deus a diversas localidades da América do Norte, Itália e América do Sul. Deus acompanhou-os com suas maravilhas e a obra cresceu e esparramou miraculosamente. Isso se cumpriu no espaço de três anos, o que serviu para confirmar-nos que devíamos deixar o Senhor realizar Sua Obra e que devíamos tão somente escutá-Lo e segui-Lo. Essa é a única razão que nunca consentimos usar outro método humano de fazer a obra de Deus, métodos os quais são contrários aos pensamentos e caminhos do Senhor (Isa 55:8) e ao testemunho do Novo Testamento. (Francescon. Fede e Regola Congregação Cristã de Chicago, agosto de 1955).

FONTE

ALVES, Leonardo Marcondes. Congregação Cristã na América do Norte: sua origem e culto. 2011. pp. 4-5

Susanna Colantonio

Susanna Maria Antonietta Colantonio Lewen (1891-1980), também chamada Susie Colantonio, foi evangelista e pregadora ítalo-americana. Foi uma das primeiras pessoas após o avivamento de Chicago partir para a Itália e formar um núcleo de crentes batizados pelo Espírito Santo.

Nascida em Chicago do casal de abruzzenses Michele Colantonio (1857 – 1949) e Fiorangela “Florence” Balzano (1872-1917). Sua família converteu-se a Cristo e participava da Primeira Igreja Presbiteriana Italiana de Chicago, da qual sua tia Rosina Balzano Francescon, irmã de Fiorangela, ocupava funções de liderança.

A família retornou para a Itália, quando Susanna tinha 15 ano. Duas vilas, Castel San Vincezo e Castellone al Volturno, província de Isérnia, Molise, no sul da Itália, foram evangelizadas pela família. Na região foi formada uma igreja ligada aos valdenses.

Após seu retorno a Chicago, Susanna estranhou as mudanças em sua igreja e começou a frequentar a escola dominical na missão North Avenue de William Durham e a Congregação Italiana então sem nome reunida na West Grand Avenue. Depois de experimentar a efusão no Espírito Santo com diversos sinais, seus pais presbiterianos proibiram-na de congregar.

Em casa, continuou a buscar os dons do Espírito Santo, quando teve seu batismo com sinal de falar em novas línguas. A partir disso, seus pais decidiram voltar para a Itália, o que aconteceu por volta do início de 1908.

No sítio da família em Castellone al Volturno ela começou a pregar Atos 2 sobre o derramamento do Espírito Santo nos últimos dias. Depois de alguma resistência paterna, toda a família aceitou seu testemunho e começaram a realizar cultos. Alguns dias depois Susanna batizou várias pessoas em um riacho do sítio.

Susie permaneceu por quatro anos pastoreando ovelhas na fazenda da família. Mantinha sua fé pela leitura da Bíblia e cânticos. Testemunhou vários milagres de atendimento de necessidade de alimentos e curas.

Tendo já esquecido a língua inglesa e rejeitado seu repatriamento  aos EUA por razões médicas, compareceu ao consulado americano. Nessa ocasião, teve sua habilidade de falar inglês fluentemente renovada.

Retornou sozinha aos Estados Unidos e conheceu um ex-monge franciscano. Após conduzi-lo a Cristo, casaram-se em 1914 no Michigan. Seu marido John Dean Lewen (Lewan ou Lewandowski) (1895-1951) trabalhava como gráfico e depois tornou-se ministro do evangelho. O casal viajou muito pelo Estados Unidos dando testemunho e exortando as congregações pentecostais.

BIBLIOGRAFIA

FamilySearch
Colantonio Lewen, Susanna M., The Story of My Life, Chicago: s.d.

Mensagens

Compilação de profecias para a edificação dos crentes, dada nas congregações pentecostais em Chicago, por duas pessoas anônimas, em 1908 e 1909. Teriam sido dadas em línguas e interpretadas. A identidade dessas pessoas se mantém um mistério, mas podem ser apontadas como possíveis profetas: Cora Harris MacIlravy, Aimée Semple McPherson ou “sister Bethany”.

Foram compiladas e publicadas por W. H. Durham, originalmente com 43 mensagens e 30.000 exemplares, e distribuídas na América do Norte, Austrália e Escandinávia como literatura devocional.

O título original era “Heavenly Messages”. Para o português foram traduzidas originalmente oito mensagens, das quais somente duas aparecem em livretos atuais, correspondentes a uma edição italiana.

Lucia Menna

Lucia De Francesco Menna (1875-1961) diaconisa, missionária e pioneira pentecostal ítalo-americana.

Nasceu em uma família de agricultores em Casalanguida na província de Chieti, na região de Abruzzo, na Itália. Casou-se com Giovanni Menna em 1890, cuja família também originária de Chieti emigrara à Argentina.

Em 1892 emigrou aos Estados Unidos e em 1896 Lucia juntou-se a ele. O casal veio a viver em Chicago. Não tiveram filhos.

Em 1907 recebeu a mensagem da obra do Espírito Santo e foi curada milagrosamente.

No final de 1909 partiu com Louis Francescon e Giacomo Lombardi para a Argentina. Evangelizaram seus parentes em Tres Arroyos e San Cayetano, no sul da província de Buenos Aires.

No ano seguinte, em setembro, Lucia Menna partiu para Itália, onde evangelizou em Gissi, uma cidadezinha próxima a sua área nativa. Depois de um ano, Menna retornou à Chicago.

No final dos anos 1920 esteve em missão na Argentina e no Brasil. Retornaria à Argentina em 1933 e à Itália em 1937. Foi uma das únicas pessoas do ministério da Igreja Cristã Italiana da América do Norte a visitar a obra durante o período de perseguição contra os crentes na Itália. Voltaria à Itália em 1946, logo após a guerra.

Morreu em Chicago, onde exerceu seu ministério tanto na Assemblea Cristiana quanto na Congregazione Cristiana.

BIBLIOGRAFIA

Menna Targosz, Anna. “Letter from Anna Menna Targosz to Alfred Perna,” 1972.

Toppi, Francesco. Madri in Israele. Roma: ADI-Media, 2003.

Dwight L. Moody

Dwight L. Moody (1837-1899) foi um evangelista em Chicago. Deixou uma influência doutrinária no avivamento pentecostal italiano.

Moody era um vendendor de uma loja em Boston antes mudar-se para Chicago. Em 1856, após sua conversão, abriu uma escola dominical em Chicago. Como das muitas crianças educadas por ele no evangelho depois de adultas continuavam a frequentar suas reuniões, Moody começou a fazer cultos não denominacionais. Multidões se reuníam para as cultos de avivamento para vê-lo pregar.

Moody começou a viajar pelos Estados Unidos e Grã-Bretanha fazendo reuniões de evangelização em auditórios, acompanhado pelo músico Ira David Sankey.

Com mensagem simples e propondo uma leitura intensiva e tópica da Bíblia, Moody levou o evangelho a milhares de almas. Apesar de ser bem popular, recusava o culto de personalidade. Por vezes, pedia para que os convertidos não viessem às suas reuniões para dar lugar aos não crentes.

Moody fundou o North Side Tabernacle (renomeado depois de sua morte como “The Moody Memorial Church”), o Moody Bible Institute (fundado em 1886, como Chicago Evangelization Society), além outras escolas pelo país.

Suas reuniões livres de treinamento bíblico atraíam vários pioneiros como Rosina Francescon e seu trabalho na Associação Cristã nos Moços permitiu que essa organização apoiasse o trabalho de evangelização entre os italianos da cidade.

Com um de seus colaboradores, o britânico Henry Moorhouse (1840-1880), Moody aprendeu o Método de Leitura Bíblica. Moorhouse, influenciado por Spurgeon e pelos Irmãos de Plymouth, valorizava uma leitura imediata (isto é, sem mediação de comentaristas ou teólogos) da Bíblia. Assim, Moody adotou esse método, estimulando a memorização e uma leitura tópica com auxílio de concordâncias.

Moody era proponente da chamada Soteriologia de Keswick, no qual enfatizava o revestimento do poder do Espírito Santo subsequente à salvação. Moody sumarizava a mensagem do evangelho em “Três Erres”: ruína, redenção e regeneração. A ruína pelo pecado afetava a vida espiritual, social e material do ser humano enquanto a redenção pelo poder do sangue de Jesus permitia regeneração pela obra do Espírito Santo.

Seu princípio de “unidade sobre credo”, “comunhão sobre confissão”, a centralidade do sangue de Cristo para a salvação em Moody e seus métodos evangelísticos geram dificuldades de interpretar sua teologia. Por exemplo, sobre a expiação há interpretações divergentes de qual seia sua teologia. A centralidade da mensagem de Moody era a oferta universal do perdão divino. Como na parábola do filho pródigo, o pecado humano não afetou o amor do pai; assim, Deus amava tanto o pecador quanto o redimido de igual modo e ofereceria salvação a todos. Alguns biógrafos enxergam nele a adesão uma teoria de influência moral (Findlay 2007, pp. 232-234). A obra de Jesus Cristo na cruz visaria principalmente alterar a atitude da humanidade para com Deus, em vez da inclinação de Deus para a humanidade (Findlay, 2007, pp. 232–234). Outros biógrafos afirmam que os temas de lei, punição consequente, ira divina, dívida, substituição e satisfação possuiriam um arcabouço da teoria de substituição (Gundry, 1999, pp. 103-109, 116). Por sua vez, o avivalismo de Moody entre luteranos e igrejas livres escandinavas produziu uma rejeição da doutrina da substituição penal, pois passou a ser entendido que em termos de reconciliação foi o sangue dos sacrifícios do Antigo Testamento que efetuava a expiação em vez da própria morte do animal. Essa posição de influência moral foi abraçada por P.P. Waldenström e pelas igrejas livres da aliança sueca e escandinavo-americana que, por sua vez, influenciaram Moody (Gustafson, 1999). Entretanto, a teoria de Waldenström foi veementemente condenada por R.A. Torrey, sucessor de Moody. Por dar igual ênfase no amor de Deus e no sangue sacrificial de Cristo, talvez seja razoável a afirmação de que havia aspectos da influência moral (Deus disposto a perdoar) e substituição (o sangue de Cristo derramado) em sua soteriologia (Bebbington, 2005, pp. 47–48).

Suas campanhas evangelísticas eram acompanhadas de vários músicos. Consequentemente, houve um florescimento na hinódia avivalista, especialmente por músicos como Ira D. Sankey. A contribuição desses músicos ligados a Moody foi indelével nos hinários que vieram a ser adotados pelas igrejas pentecostais italianas e na Congregação Cristã no Brasil.

BIBLIOGRAFIA

Bebbington, David W. The Dominance of Evangelicalism: The Age of Spurgeon and Moody. Downers Grove, Ill.: 2005.

Curtis, Richard K. They Called Him Mister Moody. Grand Rapids: Eerdmans, 1962.

Evensen, Bruce J. God’s Man For the Gilded Age: D. L. Moody and the Rise of Modern Mass Evangelism. Oxford: Oxford University Press, 2003.

Findlay, James F. Dwight L. Moody: American Evangelist, 1837-1899. Wipf and Stock Publishers, 2007.

George, Timothy (ed.). Mr. Moody and the Evangelical Tradition. London/New York: T & T Clark, 2004.

Gundry, Stanley N. Love Them In: The Life and Theology of D. L. Moody. Chicago: Moody Press, 1999.

Gustafson, David M. “J.G. Princell and the Waldenströmian View of the Atonement,” Trinity Journal, 20, No. 2, (Fall, 1999) 191–214.

Quiggle, Gregg William. An analysis of Dwight Moody’s Urban Social Vision. PhD thesis The Open University, 2010.

Jean Perrou

Giovanni ou Jean Perrou (também grafa-se Peru, Perou, Peron) (1887-1918) pioneiro e missionário pentecostal, ancião em Los Angeles.

Nascido em Marselha, na França, onde seus pais valdenses eram trabalhadores sanzonais. Perrou cresceu nos vales valdenses, onde seu pai era agricultor, mestre-escola e ocasionalmente prefeito de Prali.

Emigrou aos Estados Unidos em 1904, onde em Nova York entusiasmou-se com o evangelismo do Exército de Salvação. Em 1906 muda-se para Chicago e lá frequentava, provavelmente, a First Italian Presbyterian Church, além da missão adenominacional italiana da W. Grand Avenue, a chamada “Igreja dos Toscanos”.

Em setembro de 1907 teve uma participação no avivamento que ocorreu naquela missão de Grand Avenue.

Em dezembro daquele ano, Perrou e Pietro Ottolini iniciaram um circuito missionário. Foram a Holley-Hulberton, NY onde G. Beretta tinha iniciado um núcleo evangélico italiano. Lá conheceria sua futura esposa Maria Maddalena “Margaret” Germeo. A dupla ainda passaria por Buffalo, sem muito sucesso, Hamilton (Canadá), Brooklyn, onde deram início a uma grande obra. Dentre os crentes italianos que receberam a mensagem da obra do Espírito Santo em Nova York estava um antigo membro do Exército de Salvação, Silvio Margadonna.

Baseado em Chicago, Perrou fazia várias viagens missionárias ao redor. Traduziu o hino “Hidden peace” de J. Brown e música de L.O. Brown para o italiano, depois incorporado nos hinários em português (atual 352 HLSD “Sinto viva esperança”). Nessa época, em 1913, cuidava da missão italiana no Brooklyn, quando a sala de oração sofreu um atentado com bomba, mas ninguém ficou ferido.

Em 1914 Perrou, já casado e com filhos, mudou-se para Los Angeles. Assumiu os cuidados pastorais da Assemblea Cristiana iniciada entre os italianos na cidade desde o avivamento da Rua Azusa. Seu fervor evangelístico levou-o à diversas cidades na Califórnia. Foi responsável pela conversão dos irmãos Mario e Joseph Bongiorno, os quais iniciariam a igreja italian em Erie, Pennsilvânia, e San José, Califórnia. Em 1916 assegurou um lugar de culto para a congregação italiana de Los Angeles, mas morreria em menos de dois anos, provavelmnete de gripe espanhola, aos 31 anos.

Giacomo Lombardi

Giacomo Lombardi (alternativamente James Joseph Lombardi), foi um missionário do início do avivamento italiano. Ordenado ancião em Chicago, esteve em missões em várias localidades da América do Norte, Argentina, Brasil, Itália, Eritreia e Oriente Médio.

Cronologia extraída de diversos documentos e fontes primárias.

1862- Nasce a 3 de outubro no povoado de Prezza, L’Aquila, Itália com o nome Giacomo Giuseppe Lombardi.

Começa a trabalhar jovem como jornaleiro (trabalhador braçal no campo).

1870s – Mais tarde se torna ferroviário especializado. Talvez foi nesa época que teve educação formal como geômetra (topógrafo) ou técnico de engenharia ferroviária.

1888 – Casa-se com Annunziata Colella.
1892 – Emigra para os Estados Unidos, onde acha trabalho braçal.
1894 – Chega a Chicago. Evangelizado provavelmente por Alberto diCicco e M. Nardi, torna-se membro da First Italian Presbyterian Church.
1907- Final do ano: participa dos cultos da congregação italiana de W. Grand Avenue e é curado milagrosamente.
1907- 8 de dezembro: batizado no Espírito Santo.
1908 – Janeiro: batizado nas águas, provavelmente por William H. Durham.
1908 – Fevereiro: ordenado ancião em Chicago.

1908  – Com seis filhos, deixa seu trabalho para realizar atividades missionárias.
1908 – 15 de julho. Primeira viagem missionária com Louis Francescon a St. Louis e Los Angeles.
1908 – Setembro: deixa a Califórnia para ir em missão à Itália.
1908 – Dezembro: inicia a igreja em Roma.
1909 – Janeiro: Inicia outra igreja na Itália em La Spezia, Ligúria. Nesta cidade Umberto Gazzari já tinha evangelizado alguns parentes e encaminhando-os à Igreja dos Irmãos. Lombardi acha-os por revelação divina e eles recebem o batismo do Espírito Santo. Retorna à Chicago.
1909 –  Setembro: viagem com Francescon e Lucia Menna à Argentina.
1909 – 9 de Outubro. Chegam a Buenos Aires.
1909 –  Novembro:  vão a Tres Arroyo e San Cayetano, província de Buenos Aires.
1909 – 28 de novembro:  Batismo do Espírito Santo entre os crentes em Tres Arroyos
1909 – Dezembro: Francescon e Lombardi presos e expulsos de Tres Arroyos, vão para o Tigre e evangelizam a família Pietrini.
1910 – 8 de março: deixam a Argentina.
1910 – 10 de março: Francescon e Lombardi chegam a São Paulo.
1910 – 18 de abril: Lombardi deixa Francescon no Brasil, enquanto faz uma breve estada em Buenos Aires [não há registro migratório desta viagem] e depois retorna aos Estados Unidos.
1912– 11 de abril: parte com Francescon e Terragnoli para a Europa no navio Carpathia, mas ocorre o naufrágio do Titanic e o navio  no qual viajavam presta socorro.
1912 – Final de abril: Lombardi vai sozinho à Eritreia, então colônia italiana no nordeste da África.
1912 – Maio: Lombardi tenta pregar a mensagem do Espírito Santo na missão valdense e em uma missão adventista escandinava em Asmara. Sem sucesso.
1912 – 26 de maio:  Lombardi batiza um certo barão Amedeo Sarli em Asmara. Um adventista norueguês [Anol Grundsent? E.J. Lorentz?] também aceita o batismo do Espírito Santo.
1912 –7 de junho: Lombardi deixa Asmara.
1912 – 17 de junho: Lombardi chega a Gênova. Visita os crentes em Roma.
1913– Outono: Lombardi parte para Acre. Evangeliza em vários pontos da Palestina.
1913 – Dezembro: por um mês visita e prega a uma dúzia de crentes já batizados pelo Espírito Santo que viviam em Jerusalém, provavelmente a missão iniciada em 1908 por Lucy Leatherman, Charles Leonard e Anna Elizabeth Brown.
1914 – Fevereiro: Lombardi retorna à Itália.
1914 – Março: chega a Milão onde atende a igreja até novembro.
1914 – Novembro: retorno aos Estados Unidos e passa a ocupar o ministério de ancião na congregação que assume o nome de Assemblea Christiana ao inaugurar o prédio na 1350-52 West Erie Street em Chicago.
1917– Verão: visita todas as congregações da Itália.
1919 – Lombardi passa o ano todo na Itália evangelizado e atendendo as igrejas. Evangeliza e inicia igrejas principalmente na Calábria. Aluga e reforma a sala que seria a primeira casa de oração aberta ao público em Roma, na via Principe Amedeo.
1923 – Última viagem missionária. Lombardi passa quase dois anos na Itália. Visita todas as igrejas da época.
1924 – Final do ano: Lombardi retorna a Chicago.
1925 – Lombardi alinha-se com Francescon na questão do sague. Assim, torna-se ancião na igreja que assume o nome de Congregazione Cristiana di Chicago quando essa é formada.
1927– Lombardi participa da primeira convenção das igrejas italianas da América do Norte em Niagara Falls, NY.

1932 – Por um breve período ocorre um desentendimento entre Lombardi e os anciãos da Unorganized Italian Christian Churches of North America, mas logo há uma reconciliação.
1934 – 24 de julho. Lombardi morre em Chicago.

Apesar de descrito como um “un popolano senza istruzione”, um homem simples e sem instrução, na verdade possuía formação técnica de ferroviário. Mantinha jeitos rústicos de camponês e uma franqueza, principalmente para evangelizar e proclamar mensagens intuídas pelo Espírito Santo. Era amigável e brincalhão com as crianças.

Revestido de poder do alto, passou por curas miraculosas e pregava com uma assertividade conforme autorizado pelo Espírito Santo.

Anciãos ordenados por Lombardi:

Foi casado com com Annunziata Colello Lombardi, com a qual teve seis(?) filhos: Giovanni, Enrico, Antonio, Alfredo, Vito e [desconhecido?].

1908-Roma. Michele di Napoli.

1919-Bruzzano Zeffirio. Antonino Praticò.
1919-Badia di Samo. Luigi Maisano.
1919-Gissi. Domenico Pagano.
1923-Roma. Ettore Stappaveccia.
1924-Messina. Carmelo Crisafulli.

BIBLIOGRAFIA

Fontes primárias, publicadas:

(Francescon 1952; Ottolini 1945; Bracco 1956)

Fontes secundárias, publicadas:

(Toppi 1998; Celenta 2011)


COMO REFERENCIAR

ALVES, Leonardo Marcondes. Giacomo Lombardi. Círculo de Cultura Bíblica, 2021. Disponível em: https://circulodeculturabiblica.org/2021/07/21/giacomo-lombardi/. Acesso em: 04 jul. 2021.


Louis Francescon

Louis (originalmente Luigi) Francescon (1866-1964), ancião, pioneiro pentecostal e missionário ítalo-americano.

Nascido em Cavasso Nuovo. A aldeia então em território austro-húngaro, mas que seria incorporado ao Reino da Itália nesse mesmo ano. Sua família era de etnia furlana.

Acompanhou o irmão mais velho a Budapeste para aprender o ofício de mosaísta. Após servir o exército italiano, migrou aos Estados Unidos, estebelecendo-se em Chicago.

Foi evangelizado na Missão Nardi, onde esse evangelista ensinava inglês utilizando a Bíblia, quando se converteu. Junto com os evangelizados e algumas famílias valdenses, integrou a Primeira Igreja Presbiteriana Italiana de Chicago, na qual ocupou cargos de secretário, diácono e ancião. Nessa igreja conheceu e casou-se com Rosina Balzano, a superintendente da escola musical.

Questionava sua admissão à fé evangélica sem ter sido voluntariamente batizado e por imersão. Em 1903, junto com outros de mesmo entendimento, foi batizado por Giuseppe Beretta. Em seguida, deixou a Igreja Presbiteriana e o grupo constituiu uma congregação livre adenominacional. No entanto, Francescon deixaria esse mesmo grupo por sua convição na guarda do domingo.

Informado sobre o movimento pentecostal, passou a frequentar a Missão do Evangelho Pleno (Full Gospel Mission), liderada por William Durham. Ele e mais alguns italianos que o acompanhavam receberam os dons do batismo no Espírito Santo, com o sinal de falar em novas línguas.

Em 15 de setembro de 1907, a congregação italiana livre da qual ele tinha feito parte passou por uma avivamento. No terceiro serviço de culto naquele dia, Francescon foi reinstalado como ancião.

Vocacionado para levar o evangelho com o poder do Espírito Santo aos italianos, Francescon viajou pelas colônias italianas na América do Norte. Viajaria ainda à Itália, Argentina, Brasil, Panamá e Cairo.

O Brasil seria o local onde desenvolveria mais intensamente seu ministério fora de casa. Viria dez vezes ao país, a primeira em 1910 e a última em 1948. Presidiu a segunda reunião geral da Congregazione Cristiana Pentecostale em Roma em 1929.

Entre 1925-1929, Francescon esteve meio a uma controvérsia quanto a atualidade da vedação do consumo de sangue. Essa controvérsia gerou a uma cisão na Assemblea Cristiana, nome assumido pela congregação livre italiana de Chicago quando iniciou os procedimentos para adquirir um imóvel próprio. Assim, junto com outros de igual entendimento, formaram uma congregação separada sob o nome de Congregazione Cristiana (Christian Congregation) em Chicago.

Na segunda fase desse avivamento, quando a consolidação das igrejas locais levou à formação de denominações, de suas missões formaram a Congregação Cristã no Brasil, as Asambleas Cristianas na Argentina, a Congregazione Cristiana Pentecostale na Itália, a Igreja Cristã Italiana Inorganizada na América do Norte. Mais tarde, desse movimentos emergeriam a Assemblee di Dio in Italia, a International Fellowship of Christian Assemblies, a Asamblea Cristiana de Villa Lynch (hoje Congregação Cristã na Argentina), a Iglesia Cristiana Biblica na Argentina, dentre outras denominações. No entanto, Francescon opô-se à formação de uma burocracia denominacional com autoridade acima da igreja local. Desse modo, em 1949 ele se retirou nas assembleias anuais da Igreja Cristã (Italiana) da América do Norte, passando a manter comunhão com indivíduos e congregações que aceitavam seu posicionamento. Sua congregação local em Chicago, a Christian Congregation Church, acompanhou-o nessa decisão, bem como uma dezena de igrejas na América do Norte.

A partir da década de 1950, viúvo e cego, foi morar com a filha Hellen Carrieri. Apesar de ativo em seu ministério, gradualmente passou as reponsabilidades a outros anciãos, principalmente a Nicola de Gregório, na Christian Congregation de Chicago. Um correspondente ávido, continuou a orientar indivíduos e as denominações em comunhão com ele até a sua morte.

Elder Lucy Smith

Lucy Turner Smith (1875-1952), também conhecido como Elder Lucy Smith (anciã Lucy Smith), foi uma ministra pentecostal, a primeira pessoa a liderar uma megaigreja pentecostal em Chicago, aAll Nations Pentecostal Church.

Nascida em um casebre pobre em Woodstock, Georgia, descendente de escravizados, foi criada sozinha por sua mãe junto de seus cinco irmãos. Converteu-se aos doze anos de idade e depois começou a estudar. Casou-se, teve nove filhos, mas foi abandonada pelo marido.

Smith mudou-se para Chicago em 1910, onde frequentou a Stone Church. Depois de alguns anos, começou a fazer reuniões de oração em sua casa com duas pessoas. Aos poucos, começaram a correr notícias dos milagres ocorridos em suas reuniões, sobretudo de cura e batismo no Espírito Santo. Em três anos o grupo cresceu e alugaram um local. Já em 1926 Smith conseguiu construir um prédio próprio no preço de $65,000 (o equivalente a 1 milhão em 2020). Em 1930 cerca 5 mil pessoas congregavam com ela na All Nation Pentecostal Church.

Em 1933 iniciou a pregar no rádio e a viajar especialmente pelo interior de Illiniois. Sua igreja atraiu especialmente a população pobre e negra que migrava do Sul para Chicago. Sua neta Lucy Smith Collier (1925-2010) tornou-se uma das mais famosas cantoras e compositoras do gospel.

Seu funeral reuniu 60 mil pessoas, o maior da história de Chicago.