Vito Nicola Moles

Vito Nicola Moles (também grafado Nicholas Moles) (1867-1944) foi um dos pioneiros do avivamento pentecostal de Chicago e Los Angeles, onde congregou em Azusa Street.

Nascido em Albano di Lucania, na Basilicata, Itália imigrou para Chicago. Algumas fontes inferem que já era evangélico antes de imigrar. É algo plausível, pois na sua região havia atividades da Igreja Livre, dos metodistas wesleyanos, batistas e da Igreja dos Irmãos ao menos desde a década de 1870. Em Chicago, tornou-se membro da First Italian Presbyterian Church, sendo apontado diácono em 14 de abril de 1901. Enquanto membro, Moles questionava a prática de batismo infantil, filiação formal (registrar o nome em um livro de membros) e a necessidade de ministério treinado em seminário, pois cria que bastava a guia do Espírito Santo (Yuasa, 2001, pp. 113-114).

Casou-se com Angelica DeGrazia, também originária da Basilicata, da aldeia de Calvello, com quem teve as filhas Carmela, Helen e Ruth. Mais tarde, já em Los Angeles, teriam os filhos John e Joshua.

O casal Moles acompanhou Francescon e outros crentes italianos ao batismo presidido por Giuseppe Beretta no Lake Front de Chicago em 1903. Teriam se batizado e participado das reuniões de culto domésticas, cuja primeira foi em seu lar.

Quando houve a cisão com o grupo de Beretta por causa da guarda do domingo, junto das famílias Francescon e DiCicco os Moles passaram a se reunir semanalmente para culto e santa ceia. No entanto, poucos meses depois os Moles se mudariam para Los Angeles em busca de melhores oportunidades.

Em Los Angeles Nicola Moles trabalhou como padeiro e depois abriu uma barbearia.

Quando em 1906 houve o avivamento de Azusa Street, suas filhas souberam e foram visitar a Missão de Azusa. Após alguns dias receberam os dons com sinais de falar em novas línguas. Seus pais passaram a acompanhá-las.

Carmela, Hellen e Ruth

Em Azusa encontraram outras crentes italianas: Annie Vienna Holmgren, Rosina Tanzola e suas filhas Angie e Jeannie.

Depois da conversão de mais crentes italianos, o grupo organizou cultos domésticos no verão de 1907. O lar dos Moles na Mozart Street, no coração da Little Italy de Los Angeles, tornou-se uma casa de oração.

Um ano depois, quanto ocorreu o avivamento entre os italianos de Chicago, certamente os Moles se comunicaram com eles. Assim, nos finais de 1907 Rosina Moles veio a Los Angeles e no começo do ano seguinte vieram Louis Francescon e Giacomo Lombardi. Em suas memórias, então escritas em avançada idade, Francescon relembra essa passagem:

Em fins de Outubro [de 1907], o Senhor enviou minha esposa a Los Angeles, Cal., a fim de dar o testemunho da promessa à família do irmão N. Moles, que residia naquela cidade há cerca de um ano antes da manifestação do Espírito Santo, resultando assim, que também alguns deles foram selados e então se uniram com os irmãos Americanos que ali habitavam. (…) Em 15 de Julho, me veio encontrar em St. Louis, Mo, o irmão Lombardi e de lá partimos para a Califórnia, em princípios de Setembro. Ele voltou a Chicago para depois partir para Roma (Itália) onde diversos foram pelo Senhor chamados e eleitos para serem Suas testemunhas naquela nação. Eu fiquei em Los Angeles, e acolhi em casa do irmão N. Moles algumas irmãs italianas já salvas e batizadas com o Espírito Santo, nas Igrejas Americanas daquela cidade. Naquele tempo, o Senhor salvou o irmão Serafino Arena e família, além de outros e após tempos, o irmão S. Arena sentiu-se levar o testemunho na Sicília (Itália), onde foi bem sucedido. Em 3 de Março de 1909, voltei a Chicago.

Nessa época, com a bênção de William Seymour (conforme um antigo membro da Christian Assembly, C.G.) foi formada a Italian Pentecostal Mission, mais tarde renomeada Italian Christian Assembly. Inicialmente a casa de oração localizava-sa na esquina da 15th e San Pedro Streets. Depois mudaram para várias localizações até assegurar um local na 22nd Street.

Dada a ausência de outras igrejas pentecostais italianas na cidade, os crentes ocasionalmente congregavam e mantiveram comunhão com outros crentes americanos na Victoria Hall Assembly, pastoreada por Warren Fisher. Lá, mantiveram comunhão com outros expoentes do movimento, como William Seymour e Aimee McPherson.

A igreja italiana propagou-se organicamente. Depois da assistência de Francescon veio John Perrou para servir como ancião. Os Moles foram membros ativos dessa congregação e a viram crescer.

BIBIOGRAFIA

Arnold, Eric E. A History of the Christian Assembly Foursquare Church. 1979.

C. G.- Contato pessoal. Brasileiro membro da CCB que migrou a Los Angeles nos anos 1950 e foi por algum tempo membro da Christian Assembly.

Francescon, Louis. Fedele testimonianza. Chicago, 1954.

O derramar do Espírito Santo: 15 de setembro de 1907

“O inesquecível 15 de setembro”– Louis Francescon
“Dia de sagrada memória” – Peter Ottolini

Local da “Igreja dos Toscanos” na W. Grand Avenue, cenário do avivamento de 1907.

Em uma manhã de domingo no final do viçoso verão de Chicago, o jovem Jean Etienne Perrou caminhou pela agitada e populosa colônia italiana no melhor de seus trajes domingueiros até uma porta comercial localizada na 1139 W. Grand Avenue. Entre mercearias, lojas e moradias apertadas aquele estabelecimento parecia deslocado. As duas vidraças tapadas com cortinas não revelavam muito do que se passava no interior daquele endereço. Na vidraça, a única indicação do propósito desse lugar aparecia pintada em letras brancas em italiano: “Reunidos em Nome do Senhor Jesus”.

Nascido em Marselha, na Côte D’azur, filho de pais italianos francófonos, Jean era chamado Giovanni para seus compatriotas e John para os americanos. O garçom magro e alto que há pouco migrara para a América teve acolhida entre seus correligionários valdenses em Chicago, mas não ficou muito tempo entre eles. O rapaz de vinte anos preferia a ordem de culto com mais liberdade daquele ajuntamento sem denominação da Grand Avenue. Ali se tinha liberdade para chamar cânticos, orar, testemunhar, ler e exortar pela Bíblia conforme o crente sentisse movido pelo Espírito Santo.

Perrou chegou e ajoelhou-se para sua oração privada. Súbito e inesperadamente foi tomado pelo Espírito Santo e manifestava em novas línguas. Os membros da igreja, espantados e maravilhados, não compreendiam o que se passava. Outros presentes também manifestavam da mesma forma. Um dos dois anciãos daquela igreja, Ottolini narra o que se seguiu:

Vendo essa manifestação, senti de chamar a Francescon. Encarreguei G. Marin de ir dizer a Francescon que o Senhor o queria no meio de nós. Quando Marin chegou em casa, não encontrou ninguém e escreveu um bilhete que dizia: ‘o Senhor está manifestando o seu poder na nossa igreja de Grand Avenue, a gente gostaria que fosse lá.’ E passou o bilhete por baixo da porta. Quando Francescon retornou à casa leu o aviso, foi a DiCicco, que morava na vizinhança, mostrou-lhe o bilhete ajuntando: ‘Pois que o Senhor está manifestando seu poder na igreja dos toscanos e nos tem pedido nossa presença, seria bom irmos.’ Francescon chegou cerca das 14:00 e encontrou um grande número dos presentes revestidos do poder de Deus. Nesse dia o Senhor batizou Pietro Menconi, Esterina Giometti e Caterina Gardella. Durante a terceira reunião daquele dia, o Espírito do Senhor me ordenou dizer: ‘o Senhor enviou o irmão Francescon aqui para que por meio dele possamos escutar a palavra de Deus, até que perdure as circunstâncias de agora.’ O irmão Francescon hesitava a aceitar o convite, mas o Senhor revestiu-o de um poder sobrenatural. Se levantou e disse: ‘agora estou seguro que o Senhor falou por meio do irmão Ottolini’, então deu uma mensagem poderosa. As bênçãos daquele dia foram inúmeras, não é possível contar cronologicamente os batizados (no Espírito Santo). Uma coisa pode ser dita, parecia que o dia de Pentecoste reapareceu e Chicago se tornara o centro dessa obra divina a qual estava destinada a distribuir bênçãos especiais ao povo italiano. (Ottolini. Storia della Opera Italiana. 1945).


Francescon narra os eventos desse dia com algumas variações de detalhes:

No inesquecível dia 15 de setembro do mesmo ano, na casa de oração da W. Grand Av. 1139, o Senhor se manifestou no irmão A. Lencioni, e muitos dos presentes, julgando que ele não se encontrasse em si, formaram um ambiente confuso, por não discernirem a Obra de Deus. Dois dos presentes (P. Menconi e Luigi Garrou) vendo isto, vieram me chamar, dizendo-me que fosse depressa onde eles se encontravam reunidos; antes de sair, orei ao Senhor que me determinou ir. Ao entrar naquele local, o Senhor me abriu a boca para falar-lhes do poder do sangue do concerto eterno e que só por ele se pode permanecer em pé na presença de Deus e obter as suas fiéis promessas. Imediatamente, o Senhor se manifestou com sua presença, selando os irmãos P. Menconi, A. Andreoni, A. Lencioni e outros, e as maravilhas de nosso Senhor e de seu grande poder foram conhecidas e manifestadas a todos quantos vinham para vê-las e o Senhor convencia e os selava, jovens e velhos (na fé) e entre esses os irmãos G. Marin e Umberto Gazzari. Quando voltei à Congregação da W. Grand Ave, o irmão P. Ottolini abria o serviço e P. Menconi presidia. No terceiro serviço que tivemos, sucedeu que enquanto o irmão P. Menconi subia ao púlpito, o irmão P. Ottolini (guiado pelo Espírito Santo), deu um salto e falou em alta voz: “Irmão Menconi! Pare; o Senhor me disse que enviou em nosso meio o irmão Louis Francescon para nos exortar”. E o irmão P. Menconi foi confirmado pelo Senhor para ficar sentado no momento, depois também Deus servir-se-ia dele. E foi assim, que, novamente, ocupei o lugar de ancião nessa igreja até 29 de junho de 1909 (Francescon. Fedele Testimonianza. 1952).


A congregação toda fora tomada e transformada pelo poder do alto. Vários crentes foram confirmados pelo Espírito Santo com seus dons, com falar de novas línguas e profecias que viriam em breve se cumprirem. Aquela glória continuou por todo o dia até à tarde da noite. Anos mais tarde, Francescon relembrava “o inesquecível 15 de setembro” e Ottolini o “dia de sagrada memória” tendo-o como a data inicial dessa Obra. Em um documento estatutário escrito anos mais tarde, Francescon reflete sobre o impacto do derramar do Espírito Santo:

Cremos nos dons de Deus pelos quais essa obra começou entre o povo italiano em Chicago. Essa obra começou no ano de 1907. Depois de poucos meses, alguns do povo guiados pelo Espírito Santo levaram o testemunho desta obra de Deus a diversas localidades da América do Norte, Itália e América do Sul. Deus acompanhou-os com suas maravilhas e a obra cresceu e esparramou miraculosamente. Isso se cumpriu no espaço de três anos, o que serviu para confirmar-nos que devíamos deixar o Senhor realizar Sua Obra e que devíamos tão somente escutá-Lo e segui-Lo. Essa é a única razão que nunca consentimos usar outro método humano de fazer a obra de Deus, métodos os quais são contrários aos pensamentos e caminhos do Senhor (Isa 55:8) e ao testemunho do Novo Testamento. (Francescon. Fede e Regola Congregação Cristã de Chicago, agosto de 1955).

FONTE

ALVES, Leonardo Marcondes. Congregação Cristã na América do Norte: sua origem e culto. 2011. pp. 4-5

Susanna Colantonio

Susanna Maria Antonietta Colantonio Lewen (1891-1980), também chamada Susie Colantonio, foi evangelista e pregadora ítalo-americana. Foi uma das primeiras pessoas após o avivamento de Chicago partir para a Itália e formar um núcleo de crentes batizados pelo Espírito Santo.

Nascida em Chicago do casal de abruzzenses Michele Colantonio (1857 – 1949) e Fiorangela “Florence” Balzano (1872-1917). Sua família converteu-se a Cristo e participava da Primeira Igreja Presbiteriana Italiana de Chicago, da qual sua tia Rosina Balzano Francescon, irmã de Fiorangela, ocupava funções de liderança.

A família retornou para a Itália, quando Susanna tinha 15 ano. Duas vilas, Castel San Vincezo e Castellone al Volturno, província de Isérnia, Molise, no sul da Itália, foram evangelizadas pela família. Na região foi formada uma igreja ligada aos valdenses.

Após seu retorno a Chicago, Susanna estranhou as mudanças em sua igreja e começou a frequentar a escola dominical na missão North Avenue de William Durham e a Congregação Italiana então sem nome reunida na West Grand Avenue. Depois de experimentar a efusão no Espírito Santo com diversos sinais, seus pais presbiterianos proibiram-na de congregar.

Em casa, continuou a buscar os dons do Espírito Santo, quando teve seu batismo com sinal de falar em novas línguas. A partir disso, seus pais decidiram voltar para a Itália, o que aconteceu por volta do início de 1908.

No sítio da família em Castellone al Volturno ela começou a pregar Atos 2 sobre o derramamento do Espírito Santo nos últimos dias. Depois de alguma resistência paterna, toda a família aceitou seu testemunho e começaram a realizar cultos. Alguns dias depois Susanna batizou várias pessoas em um riacho do sítio.

Susie permaneceu por quatro anos pastoreando ovelhas na fazenda da família. Mantinha sua fé pela leitura da Bíblia e cânticos. Testemunhou vários milagres de atendimento de necessidade de alimentos e curas.

Tendo já esquecido a língua inglesa e rejeitado seu repatriamento  aos EUA por razões médicas, compareceu ao consulado americano. Nessa ocasião, teve sua habilidade de falar inglês fluentemente renovada.

Retornou sozinha aos Estados Unidos e conheceu um ex-monge franciscano. Após conduzi-lo a Cristo, casaram-se em 1914 no Michigan. Seu marido John Dean Lewen (Lewan ou Lewandowski) (1895-1951) trabalhava como gráfico e depois tornou-se ministro do evangelho. O casal viajou muito pelo Estados Unidos dando testemunho e exortando as congregações pentecostais.

BIBLIOGRAFIA

FamilySearch
Colantonio Lewen, Susanna M., The Story of My Life, Chicago: s.d.

Charles Parham

Charles Parham (1873-1929) foi um ministro pentecostal americano e o fundador do movimento pentecostal.

Originalmente um pastor metodista influenciado pelo movimento de santidade, identificou o “batismo no Espírito Santo” como uma experiência distinta e separada da conversão e manifestado com o falar em línguas e outros dons sobrenaturais do Espírito Santo.

As igrejas diretamente influenciada por ele levaram o nome de Apostolic Faith.

Suas obras incluem “A Voice Crying in the Wilderness” (1902) e “The Everlasting Gospel” (1924).

Louis Francescon

Louis (originalmente Luigi) Francescon (1866-1964), ancião, pioneiro pentecostal e missionário ítalo-americano.

Nascido em Cavasso Nuovo. A aldeia então em território austro-húngaro, mas que seria incorporado ao Reino da Itália nesse mesmo ano. Sua família era de etnia furlana.

Acompanhou o irmão mais velho a Budapeste para aprender o ofício de mosaísta. Após servir o exército italiano, migrou aos Estados Unidos, estebelecendo-se em Chicago.

Foi evangelizado na Missão Nardi, onde esse evangelista ensinava inglês utilizando a Bíblia, quando se converteu. Junto com os evangelizados e algumas famílias valdenses, integrou a Primeira Igreja Presbiteriana Italiana de Chicago, na qual ocupou cargos de secretário, diácono e ancião. Nessa igreja conheceu e casou-se com Rosina Balzano, a superintendente da escola musical.

Questionava sua admissão à fé evangélica sem ter sido voluntariamente batizado e por imersão. Em 1903, junto com outros de mesmo entendimento, foi batizado por Giuseppe Beretta. Em seguida, deixou a Igreja Presbiteriana e o grupo constituiu uma congregação livre adenominacional. No entanto, Francescon deixaria esse mesmo grupo por sua convição na guarda do domingo.

Informado sobre o movimento pentecostal, passou a frequentar a Missão do Evangelho Pleno (Full Gospel Mission), liderada por William Durham. Ele e mais alguns italianos que o acompanhavam receberam os dons do batismo no Espírito Santo, com o sinal de falar em novas línguas.

Em 15 de setembro de 1907, a congregação italiana livre da qual ele tinha feito parte passou por uma avivamento. No terceiro serviço de culto naquele dia, Francescon foi reinstalado como ancião.

Vocacionado para levar o evangelho com o poder do Espírito Santo aos italianos, Francescon viajou pelas colônias italianas na América do Norte. Viajaria ainda à Itália, Argentina, Brasil, Panamá e Cairo.

O Brasil seria o local onde desenvolveria mais intensamente seu ministério fora de casa. Viria dez vezes ao país, a primeira em 1910 e a última em 1948. Presidiu a segunda reunião geral da Congregazione Cristiana Pentecostale em Roma em 1929.

Entre 1925-1929, Francescon esteve meio a uma controvérsia quanto a atualidade da vedação do consumo de sangue. Essa controvérsia gerou a uma cisão na Assemblea Cristiana, nome assumido pela congregação livre italiana de Chicago quando iniciou os procedimentos para adquirir um imóvel próprio. Assim, junto com outros de igual entendimento, formaram uma congregação separada sob o nome de Congregazione Cristiana (Christian Congregation) em Chicago.

Na segunda fase desse avivamento, quando a consolidação das igrejas locais levou à formação de denominações, de suas missões formaram a Congregação Cristã no Brasil, as Asambleas Cristianas na Argentina, a Congregazione Cristiana Pentecostale na Itália, a Igreja Cristã Italiana Inorganizada na América do Norte. Mais tarde, desse movimentos emergeriam a Assemblee di Dio in Italia, a International Fellowship of Christian Assemblies, a Asamblea Cristiana de Villa Lynch (hoje Congregação Cristã na Argentina), a Iglesia Cristiana Biblica na Argentina, dentre outras denominações. No entanto, Francescon opô-se à formação de uma burocracia denominacional com autoridade acima da igreja local. Desse modo, em 1949 ele se retirou nas assembleias anuais da Igreja Cristã (Italiana) da América do Norte, passando a manter comunhão com indivíduos e congregações que aceitavam seu posicionamento. Sua congregação local em Chicago, a Christian Congregation Church, acompanhou-o nessa decisão, bem como uma dezena de igrejas na América do Norte.

A partir da década de 1950, viúvo e cego, foi morar com a filha Hellen Carrieri. Apesar de ativo em seu ministério, gradualmente passou as reponsabilidades a outros anciãos, principalmente a Nicola de Gregório, na Christian Congregation de Chicago. Um correspondente ávido, continuou a orientar indivíduos e as denominações em comunhão com ele até a sua morte.

Elder Lucy Smith

Lucy Turner Smith (1875-1952), também conhecido como Elder Lucy Smith (anciã Lucy Smith), foi uma ministra pentecostal, a primeira pessoa a liderar uma megaigreja pentecostal em Chicago, aAll Nations Pentecostal Church.

Nascida em um casebre pobre em Woodstock, Georgia, descendente de escravizados, foi criada sozinha por sua mãe junto de seus cinco irmãos. Converteu-se aos doze anos de idade e depois começou a estudar. Casou-se, teve nove filhos, mas foi abandonada pelo marido.

Smith mudou-se para Chicago em 1910, onde frequentou a Stone Church. Depois de alguns anos, começou a fazer reuniões de oração em sua casa com duas pessoas. Aos poucos, começaram a correr notícias dos milagres ocorridos em suas reuniões, sobretudo de cura e batismo no Espírito Santo. Em três anos o grupo cresceu e alugaram um local. Já em 1926 Smith conseguiu construir um prédio próprio no preço de $65,000 (o equivalente a 1 milhão em 2020). Em 1930 cerca 5 mil pessoas congregavam com ela na All Nation Pentecostal Church.

Em 1933 iniciou a pregar no rádio e a viajar especialmente pelo interior de Illiniois. Sua igreja atraiu especialmente a população pobre e negra que migrava do Sul para Chicago. Sua neta Lucy Smith Collier (1925-2010) tornou-se uma das mais famosas cantoras e compositoras do gospel.

Seu funeral reuniu 60 mil pessoas, o maior da história de Chicago.

Annie Vienna Holmgren

Nascida Annie Vienna (1877-1969) em Piana degli Albanesi, na província de Palermo, Sicília, Itália, após imigrar aos Estados Unidos se estabeleceu em Los Angeles.

Annie se casou com o sueco Theodore Leonard Holmgren em 1892 e tiveram seis filhos.

Em 1897 foi salva, convertendo-se na Igreja do Nazareno, convidada por uma vizinha. Annie levava duas meninas, filhas de Rosina Tanzola para a escola dominical, e após alguns anos Rosina também se converteu.

Quando houve o avivamento da Rua Azusa em Los Angeles em 1906, Annie, as Tanzola e os novos conhecidos a família Moles, italianos vindos de Chicago, frequentaram a missão de Azusa.

Este grupo experimentou os dons do Espírito Santo e no final de 1907 recebeu a visita de Rosina Francescon, uma crente italiana de Chicago que também tinha recebido a efusão do Espírito.

Entre os finais de 1907 e início de 1908 o grupo cresceu. Logo vieram outros dirigentes da igreja italiana de Chicago, entre eles o esposo de Rosina, Louis Francescon, e organizaram uma igreja própria para os italianos, com a bênção do dirigente de Azusa, William Seymour.

A Italian Pentecostal Mission de Los Angeles cresceu e foi atendida por John Perrou, mas logo morreria devido à gripe espanhola. Annie Holmgren acompanhou o crescimento da igreja, então chamada de Italian Christian Assembly, localizada na Rua 22 em Los Angeles.

Lucy Leatherman

Lucy Leatherman (1870–1925), missionária e pioneira pentecostal.

Nascida perto de Greencastle, Indiana, frequentou a Escola de Treinamento Missionário de A. B. Simpson em Nyack, Nova Yorque. Teria também tido uma educação superior.

Após se tornar viúva de um médico frequentou a Escola Bíblica de Topeka, Kansas, dirigida por Charles Parham. Em 1901 Lucy Farrow impôs-lhe as mãos para que recebesse os dons do Espírito Santo.

Durante o avivamento da Rua Azusa, Leatherman frequentou os cultos. Lá, teria falado em línguas que ela acreditou que fosse o árabe e sentiu um chamado para ir à Palestina. Logo partiria em sua primeira viagem missionária, totalmente pela fé e sem o apoio financeiro ou denominacional. Em agosto de 1906 partiu junta de Louisa Condit e do sueco Andrew Johnson. No trecho dessa viagem através dos Estados Unidos o grupo conduziu várias reuniões de busca dos dons.

Em Colorando Springs, CO, encontraram-se com William Durham, pastor de uma missão de santidade independente em Chicago. O grupo introduziu-lhe a mensagem da efusão dos dons e o do batismo no Espírito Santo.

Em Nova Iorque se hospedaram na Alliance House, mantida por A. B. Simpson. Lá encontraram e oraram juntos com T. B. Barratt, pioneiro pentecostal na Escandinávia. Vários receberam o batismo do Espírito Santo na cidade e o grupo estabeleceram um missão com vários congregando. Então, Leatherman convidou a Marie Burgess e seu marido Robert Brown para assumirem as responsabilidades da missão, a Glad Tidings Tabernacle. Esta seria umas maiores congregação pentecostais da cidade de Nova Yorque e um entreposto para missionários em viagem.

O grupo chegou a Jerusalém no final de 1906, onde ajuntou um pequeno grupo de crentes batizados pelo Espírito Santo. Leatherman visitou várias cidades do Oriente Médio e iniciou a igreja em Assiout, aonde depois viria Lillian Trasher para fundar seu famoso orfanato.

Em 1909 Leatherman partiu para a Arábia, depois Índia, Hong Kong, Xangai e Yokohama, onde adoeceu. Poucos meses depois foi às Filipinas e aos EUA.

Em 1911 iniciaria sua segunda viagem missionária. Visitou os crentes pentecostais da Grã-Bretanha e se estabeleceu em Jerusalém em fevereiro de 1912. Nessa época, Giacomo Lombardi teria visitado sua igreja em Jerusalém. No ano seguinte, esteve em Beirute e no Egito.

Com o início da Primeira Guerra Mundial em 1914, Leatherman retornou aos Estados Unidos.

Sua terceira viagem missionária foi em 1917. Nessa época, filiou-se à Igreja de Deus (Cleveland). Esteve no Panamá a caminho de Valparaíso, Chile. No Chile visitou e pregou nas igrejas dirigidas por Willis Hoover. Em 1920-1921, esteve em Buenos Aires, onde congregou na Asamblea Cristiana de Villa Devoto. Enferma, retornou aos EUA em 1921 (ou em 1923).

Com a saúde deteriorada, morreu em 1925. Era talvez a pessoa que mais tinha viajado em missões dentro do movimento pentecostal. Foi também o elo que conectou pioneiros e congregações em vários continentes.

BIBLIOGRAFIA
Alexander, Estrelda. The Women of Azusa Street. Cleveland: The Pilgrim Press, 2005.

Anderson, Allan. Spreading Fires: The Missionary Nature of Early Pentecostalism. Londres: SCM, 2007.

Newberg, Eric N. The Pentecostal Mission in Palestine. Eugene, OR: Pickwick, 2012.