Novo Aliancismo

A Teologia da Nova Aliança (New Covenant Theology – NCT) ou Novo Aliancismo é uma estrutura teológica que surgiu principalmente em círculos Batista Reformados no final do século XX. Abordar e criticar a Teologia da Aliança ou do Pacto, rejeitando doutrinas centrais como diferentes alianças para a redenção, as obras e a graça. O movimento foi moldado por John Reisinger, Tom Wells, Fred Zaspel, John Zens e Steve Lehrer.

As origens da NCT estão vinculadas a igrejas locais e redes informais, em vez de instituições acadêmicas. Organizações-chave que promoveram a NCT incluem o Providence Theological Seminary, Sound of Grace Ministries, a John Bunyan Conference e o In-Depth Studies.

A NCT afirma que as leis do Antigo Testamento foram abolidas ou canceladas com a crucificação de Jesus, sendo substituídas pela Lei de Cristo na Nova Aliança. Embora compartilhe semelhanças com o dispensacionalismo e a teologia da aliança, a NCT é um arcabouço teológico distinto.

Nessa doutrina, a Lei Mosaica, incluindo seus aspectos morais, cerimoniais e civis, foi cumprida em Cristo e não se aplica mais aos cristãos. A ênfase recai sobre a ética do Novo Testamento, expressa nos ensinamentos de Jesus e dos apóstolos. Essa posição gera debate sobre a continuidade e descontinuidade entre as alianças bíblicas.

Escola de Princeton

A Escola de Princeton, princetonianismo ou a teologia de Princeton foi uma vertente teológica reformada e presbiteriana centrada no Seminário Teológico de Princeton, desde a sua fundação em 1812 até a década de 1920. Os princetonianos apresentavam-se como os guardiões da ortodoxia reformada, embora fossem frutos da modernidade do século XIX.

Os teólogos de Princeton, como Archibald Alexander, Charles Hodge e B. B. Warfield, aderiram a uma mistura de confessionalismo calvinista presbiteriano, um evangelicalismo conversionista e uma retórica de erudição. Possuíam um apreço pelo contexto americano, uma combatividade contra pensamentos e movimentos concorrentes, métodos positivistas e pressupostos da filosofia do senso comum escocês.

As origens de Princeton remontam ao Log College (1735) , uma escola durante o Primeiro Grande Despertar liderada por William Tennent, Sr. O College of New Jersey surgiu do Log College em 1746.

O Seminário foi fundado em 1812 com o lema “Piedade do coração e aprendizado sólido”. O corpo docente inicial incluía Archibald Alexander , Samuel Miller e Charles Hodge. Archibald Alexander (1772-1851) era originário da Virgínia. Tinha experiência como presidente do Hampden-Sydney College e pastor antes de se tornar o primeiro professor do Seminário de Princeton. Samuel Miller (1769-1850) ingressou no corpo docente depois de servir como pastor na cidade de Nova York. Charles Hodge (1797-1878) ingressou no corpo docente em 1820, depois de estar entre os primeiros formandos do Seminário de Princeton.

Enraizados na tradição protestante reformada, os teólogos de Princeton viam-se como herdeiros do legado teológico de João Calvino. Antes de publicarem suas próprias teologias, como a Teologia Sistemática de Hodge, empregavam a dogmática de Francis Turretin como obra didática. A sua preferência pelos sistemas teológicos dos séculos XVI e XVII auxiliava no discurso de mantenedores das doutrinas tradicionais. Apesar de abraçarem a investigação científica, os teólogos mantiveram uma postura crítica em questões como o darwinismo, mesmo que seus expoentes, como B. B. Warfield, admitia um teísmo evolucionista.

Charles Hodge, estudou na Europa com Friedrich Schleiermacher e pautou a Escola de Princeton contra o que consideravam o liberalismo teológico e a “alta crítica” (crítica das fontes, no caso). Warfield articulou a doutrina da inspiração plenária verbal das Escrituras, defendendo sua inerrância.

A bibliologia de Princeton foi moldada através de embates polêmicos com exegetas crítico-históricos, pregadores revivalistas, teólogos arminianos-wesleyanos e quakers crentes no continuísmo. Os teólogos de Princeton formularam e propuseram firmemente uma versão de doutrinas para a inspiração verbal e a inerrância da Bíblia, afirmando que todas as referências nas Escrituras estavam isentas de erros em quaisquer matérias, de história a ciência. Pressupondo uma doutrina de inspiração mecânica, equiparavam as Escrituras à revelação divina, argumentando que a verdade poderia ser deduzida ou induzida diretamente da Bíblia. Depois, Warfield refinou seu conceito de inspiração, dando maior nuances para a agência dos autores em concurso do Espírito Santo. As doutrinas, consideradas absolutas, poderiam ser racionalmente destiladas das Escrituras, devido sua clareza e perspicuidade. A linguagem das Escrituras era considerada inequívoca, representando fielmente a realidade. A Revelação, vista como estática, era apreensível pelo senso comum. Os princetonianos viam a Bíblia como a fonte de princípios revelados, com versículos atomizados servindo como proposições a serem reorganizadas para transmitir verdades doutrinárias. Notavelmente, insistiram que nenhuma outra forma de discurso inspirado era necessária para a vida da igreja além das Escrituras canônicas.

A sua abordagem à apologética, exemplificada por Warfield, procurou demonstrar a crenças do calvinismo princetoniano através de argumentos racionais, ao mesmo tempo que reconhecia a necessidade da obra do Espírito Santo.

Os teólogos de Princeton, embora combatessem movimentos como os de Finney, Moody, Holiness e Pentecostal, também valorizavam a experiência religiosa. Viam a teologia e a piedade como correlatas, em equilíbrio entre os elementos intelectuais e afetivos da fé cristã. Apesar disso, foram os fundadores do cessacionismo moderno como doutrina.

Os pincetonianos, embora cautelosos em relação a avivamentos, engajaram-se ativamente no evangelismo. Archibald Alexander e J. W. Alexander promoveram reuniões de eavivamentos, e a Sociedade Estudantil de Investigação sobre Missões de Princeton contribuiu significativamente para o atividades missionárias. O próprio presbiterianismo no Brasil chegou via missionários e pastores influenciados ou aderentes à teologia de Princeton.

As ideias dos princetonianos foram difundidas por periódicos, incluindo o Biblical Repertory e The Princeton Theological Review (1825-1929). As “Stone Lectures” de Abraham Kuyper em 1898 integraram as agendas do princetonianismo com muitos aspectos do neocalvinismo kuyperiano holandês, especialmente sobre uma interação informada com a cultura ampla.

Marcante para o método de produção teológica dos princetonianos era a polêmica. Constantemente estavam em controvérsia com pensamentos divergentes. No início, atacavam os movimentos da região de fronteira — os presbiterianos cumberland, metodistas, os batistas, o movimento restauracionista Campbell-Stone e o avivalismo de Finney. Direcionavam também suas polêmicas mesmo contra reformados, como a teologia de Mercerburg e a teologia de New Haven, bem como preferiam ignorar posições reformadas que discordavam de suas doutrinas, principalmente a 2a Confissão Helvética e o Catecismo de Heildeberg. Mais tarde, atacariam o evangelho social, os irmãos, o movimento de Moody, os acadêmicos bíblicos, o movimento de santidade, o movimento pentecostal, dentre outros.

Nos anos 1920, o Seminário Teológico de Princeton estava envolvido na controvérsia fundamentalismo-liberalismo. Como consequência, nas décadas seguintes os que se consideravam representantes da ala conservadora acabaram saíndo e formando o Westminter Theological Seminary.

BIBLIOGRAFIA

DeBie, Linden J. Speculative Theology and Common-Sense Religion: Mercersburg and the Conservative Roots of American Religion. Vol. 92. Wipf and Stock Publishers, 2008.

Mikoski, Gordon S., and Richard Robert Osmer. With piety and learning: The history of practical theology at Princeton Theological Seminary 1812-2012. Vol. 11. LIT Verlag Münster, 2011.

Nelson, John Oliver. The rise of the Princeton theology: a genetic study of American Presbyterianism until 1850. Yale University, 1935.

Osterhaven, M. Eugene”The Experientialism of the Heidelberg Catechism and Orthodoxy,” in Controversy and Conciliation, ed. Derk Visser (Allison Park, Penn.: Pickwick Publications, 1986, 197-203.

Quebedeaux, Richard. The Worldly Evangelicals. San Francisco: Harper & Row Publishers, 1978.

Sandeen, Ernest “Princeton Theology: One Source of Biblical Literalism in American Protestantism,” Church History 31 (September
1962):319 n. 6.

Stewart, John William. The tethered theology: biblical criticism, common sense philosophy, and the Princeton theologians, 1812-1860. University of Michigan, 1990.

Reformados

O Protestantismo Reformado é uma das principais ramificações do cristianismo protestante, caracterizada por suas tradições teológicas e práticas baseadas nos ensinamentos de João Calvino e outros teólogos magisteriais não-luteranos da Reforma. Sua ênfase está na soberania absoluta de Deus em todas as coisas, na autoridade das Escrituras e na salvação exclusivamente pela graça divina mediante a fé em Jesus Cristo.

A teologia reformada apresenta diferenças significativas em suas tradições confessionais, especialmente entre as igrejas reformadas continentais e as igrejas influenciadas pelos padrões de Westminster. Denominações reformadas continentais da região do Reno, como as da Alemanha, dos Países Baixos e da Bélgica, frequentemente se baseiam nos Três Formulários de Unidade: a Confissão Belga, o Catecismo de Heidelberg e os Cânones de Dort. Essas confissões formam a base teológica e litúrgica de muitas igrejas reformadas na Europa e em outros lugares.

As práticas de culto no Protestantismo Reformado refletem sua ênfase na simplicidade. Os serviços são geralmente centrados na pregação da Palavra, na oração e nos sacramentos, que incluem apenas o batismo e a Ceia do Senhor. A pregação ocupa um lugar central, buscando interpretar e aplicar as Escrituras à vida dos fiéis. A governança das igrejas reformadas costuma ser presbiteriana ou congregacional, com destaque para a autoridade dos presbíteros e a participação ativa da congregação.

A família de igrejas reformadas é ampla e inclui denominações como igrejas presbiterianas, igrejas reformadas, igrejas congregacionais, algumas igrejas batistas e, em menor medida, certas igrejas anglicanas. Essa diversidade reflete a disseminação global do pensamento reformado, que influenciou não apenas a esfera religiosa, mas também a cultura e a educação.

A tradição reformada valoriza a leitura e o estudo das Escrituras. A educação cristã, tanto em ambientes formais quanto no contexto familiar, é uma prioridade, assim como práticas espirituais como a oração, a meditação e o estudo da Bíblia. A comunidade reformada também incentiva o envolvimento ativo na vida da igreja e no serviço ao próximo.

Matias Flácio

Matias Flácio ou Matthias Flacius Illyricus (1520-1575) foi um teólogo, reformador e biblista nascido em Albona, Croácia.

Flácio estudou na Universidade de Wittenberg, onde se tornou um colaborador próximo de Martin Luther e Philipp Melanchthon. Mais tarde, ele se tornou professor de teologia na Universidade de Jena.

Publicou a Centúrias de Magdeburg, uma obra monumental da história da igreja que cobre os primeiros treze séculos do cristianismo. Nesta obra, Flacius e seus colegas procuraram contrariar a visão católica romana da história e defender a Reforma Protestante.

Flácio desenvolveu a doutrina luterana do pecado original. Para ele, o pecado original não é apenas uma tendência ao pecado, mas uma completa corrupção da natureza humana que torna todas as ações humanas pecaminosas. Essa visão foi controversa até mesmo entre outros teólogos protestantes, mas teve um impacto profundo no desenvolvimento da teologia calvinista da depravação total. Entre os luteranos, seus adeptos ficaram conhecidos como flacianos. Centrados em Magdeburg e Jena, moveram uma controvérsia contra os filipistas, os seguidores de Melanchton. Eventualmente, foi um partido perdedor, visto que a Fórmula de Concórdia rejeitou sua visão de depravação total.

Além de suas contribuições teológicas, Flácio também foi um estudioso das línguas clássicas e publicou vários trabalhos sobre gramática e filologia. Lançou bases para a hermenêutica como disciplina acadêmica com princípios fundamentados.

Harry M. Kuitert

Harry M. Kuitert (1924 -2017) foi um teólogo das Igrejas Reformadas na Holanda (GKN).

Em 1967, Kuitert sucedeu ao teólogo G.C. Berkouwer como professor de teologia sistemática na Universidade Livre (Vrjje Universitert) de Amsterdã.

Inicialmente um teólogo conservador e crítico de Karl Barth, Kuitert rompeu a ortodoxia protestante. Concluiu que Jesus sustentava uma visão judaica de Deus, sem nunca se considerar como divino. Com sua cristologia unitária, passou a criticar tanto os protestantes ortodoxos quanto os fundamentalistas, articulando uma teologia liberal. Criticava as incoerências da teologia calvinista tradicional.

BIBLIOGRAFIA

Kuitert, Harry M. “Is belief a condition for understanding?.” Religious Studies 17.2 (1981): 233-243.

Kuitert, Harry; Van Leeuwen, E. “A Religious Argument in Favor of Euthanasia and Assisted Suicide.” Asking to Die: Inside the Dutch Debate about Euthanasia (1998): 221-226.