Matias Flácio

Matias Flácio ou Matthias Flacius Illyricus (1520-1575) foi um teólogo, reformador e biblista nascido em Albona, Croácia.

Flácio estudou na Universidade de Wittenberg, onde se tornou um colaborador próximo de Martin Luther e Philipp Melanchthon. Mais tarde, ele se tornou professor de teologia na Universidade de Jena.

Publicou a Centúrias de Magdeburg, uma obra monumental da história da igreja que cobre os primeiros treze séculos do cristianismo. Nesta obra, Flacius e seus colegas procuraram contrariar a visão católica romana da história e defender a Reforma Protestante.

Flácio desenvolveu a doutrina luterana do pecado original. Para ele, o pecado original não é apenas uma tendência ao pecado, mas uma completa corrupção da natureza humana que torna todas as ações humanas pecaminosas. Essa visão foi controversa até mesmo entre outros teólogos protestantes, mas teve um impacto profundo no desenvolvimento da teologia calvinista da depravação total. Entre os luteranos, seus adeptos ficaram conhecidos como flacianos. Centrados em Magdeburg e Jena, moveram uma controvérsia contra os filipistas, os seguidores de Melanchton. Eventualmente, foi um partido perdedor, visto que a Fórmula de Concórdia rejeitou sua visão de depravação total.

Além de suas contribuições teológicas, Flácio também foi um estudioso das línguas clássicas e publicou vários trabalhos sobre gramática e filologia. Lançou bases para a hermenêutica como disciplina acadêmica com princípios fundamentados.

Controvérsia Majorística

A Controvérsia Majorística surgiu pelos ensinamentos do professor George Major (1502-74) da Universidade de Wittenberg. A afirmação de Major de que “boas obras são necessárias para a salvação” e que a salvação sem boas obras é impossível gerou intensos debates nos círculos luteranos. Major sustentou que embora as boas obras não tenham mérito na justificação, elas seriam necessárias como mandamentos divinos e evidência de fé.

Os gnésio luteranos, liderados por Matthias Flacius e Nickolaus von Amsdorf, se opuseram aos pontos de vista de Major em 1551. Seguiram-se disputas, centradas nas interpretações da teologia de Martinho Lutero. A abordagem conciliatória de Filipe Melâncton enfrentou resistência dos gnésio luteranos.

Os debates abrangeram a aceitação pelos luteranos de certas práticas católicas (adiaforismo), a natureza da Presença Real na Ceia do Senhor (cripto-calvinismo) e o papel das boas obras na justificação (solafideísmo). A polêmica surgiu durante as conferências provisórias, buscando a reconciliação com os católicos.

Em 1553, surgiu um consenso de que Major não havia errado na doutrina, mas apenas na expressão. Os luteranos concordaram em não insistir na frase “somente pela fé” entre si, mas mantiveram-na quando se envolveram com os católicos durante as conferências provisórias para evitar mal-entendidos. A Controvérsia Majorística destacou assim as nuances doutrinárias dentro do Luteranismo e os esforços de reconciliação interna.

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