Guerra contra os amorreus e Ogue

A Guerra contra os amorreus e Ogue rei de Basã foi um conflito vencido pelos israelitas na fase final da peregrinação no deserto durante o Êxodo. Garantiu a conquista de territórios ao leste do Jordão.

De acordo com Nm 21:33–35; Dt 3:1–12; Js 12:4; Sl 135:11; 136:20 quando os israelitas chegam a Quedemote, enviam mensageiros ao rei Siom – o rei dos amorreus que ocupa a região norte de Moabe – solicitando passagem segura pelo seu território.

Asseguram-lhe que viajariam pela Estrada Real e prometeram não saquear os campos e vinhas ao longo da estrada. Contudo, o rei Siom recusou e atacou os israelitas em Jaaz. Os israelitas derrotaram os amorreus e ocuparam as terras do norte de Moabe, desde o rio Arnon (o Wadi Mujib) até o rio Jaboque (o rio Zarqa).

Todas as cidades dos amorreus, incluindo Hesbom (Tell Hisban, 19 km a sudoeste de Amã) e Jazer são capturadas.

À medida que os israelitas continuam a avançar para o norte, o rei Ogue de Basã é derrotado em Edrei. Os israelitas então ocuparam toda a terra de Gileade e Basã, desde o rio Arnon até o monte Hermom.

Manuscrito de Shapira

O Manuscrito de Shapira era um conjunto de tiras de couro com inscrições em grafia paleo-hebraica trazida a público pelo comerciante de antiguidades Moses Wilhelm Shapira em 1883. Seria uma versão distinta de Deuteronômio, mas na época foi considerado uma falsificação pela comunidade acadêmica. Shapira suicidou-se e o manuscrito desapareceu.

O manuscrito eram quinze tiras de couro provenientes em Wadi Mujib, região do Arnon, na Transjordânia, perto do Mar Morto.

Possuía uma variante nos Dez Mandamentos: “Não odiarás teu irmão em teu coração: Eu sou Deus, teu Deus.” Exceto no decálogo, as leis são ditas em terceira pessoa.

Depois da descoberta dos Manuscritos do Mar Morto foram feitas análises posteriores dos fac-símiles sobreviventes. Biblistas como Menahem Mansoor (1959) e Idan Dershowitz (2021) argumentam que seria uma versão anterior ao Deuterônimo na versão massorética que chegou ao presente. Dershowitz argumenta que seria um discurso de despedida de Moisés, correspondente a Deuteronômio 1-11; 27-32.

BIBLIOGRAFIA

Dershowitz, Idan. The Valediction of Moses: New Evidence on the Shapira Deuteronomy Fragments. ZAW 133, 2021.

Mansoor, Menahem. The case of Shapira’s Dead Sea (Deuteronomy) scroll of 1883. Madison: University of Wisconsin, 1959.

Rollston, Christopher. “Deja Vu all over Again: The Antiquities Market, the Shapira Strips, Menahem Mansoor, and Idan Dershowitz” Rollston Epigraphy – 10 March, 2021.

Tigay, Chanan. The Lost Book of Moses: The Hunt for the World’s Oldest Bible. New York: Ecco, 2016.

Tigay, Chanan. O livro perdido de Moisés: a procura da Bíblia mais antiga do mundo. Lisboa: Temas e Debates, 2017.

Escola Deuteronomista

A Escola Deuteronomista, também conhecida como História Deuteronomista (HD), designa uma corrente literária e teológica hipotética na composição de uma significativa porção da Bíblia Hebraica. Essa escola, que teria se desenvolvido ao longo de vários séculos, teria um estilo literário e um conjunto de preocupações teológicas distintas, centrado na aliança mosaica e na obediência ou desobediência a Yahweh.

A origem da Escola Deuteronomista é associada à obra do livro de Deuteronômio, que serve como seu principal manifesto teológico. Este livro, com seu foco na lei, na centralização do culto em Jerusalém e nas consequências da fidelidade ou infidelidade à aliança, estabeleceu os fundamentos para a perspectiva deuteronomista. Essa escola teria um papel na edição e na composição dos livros históricos de Josué, Juízes, Samuel e Reis. O objetivo era interpretar a história de Israel desde a entrada na Terra Prometida até o exílio babilônico através da lente de seu programa teológico.

Os principais temas da Escola Deuteronomista incluem a importância da Lei, a centralidade de Jerusalém como o único local legítimo para o culto a Yahweh, a necessidade de um rei justo que siga os mandamentos divinos, e a estrita relação entre obediência e bênção (prosperidade e segurança) e desobediência e maldição (derrota, sofrimento e exílio). A história de Israel é apresentada como um ciclo de apostasia, juízo divino (geralmente por meio de inimigos externos), arrependimento e libertação, com um forte tom profético de advertência contra a idolatria e a injustiça social.

Mediante análises textuais e históricas, supõem-se que a Escola Deuteronomista não foi um grupo homogêneo de autores trabalhando simultaneamente, mas sim uma tradição que evoluiu ao longo do tempo. Sugere-se que a camada mais antiga do Deuteronomismo remonta ao período do Rei Josias (século VII a.C.), com reformas religiosas baseadas nos princípios deuteronomistas. Posteriormente, durante o exílio babilônico (século VI a.C.) e o período pós-exílico, escribas e teólogos deuteronomistas revisitaram e expandiram as narrativas históricas, buscando explicar a catástrofe do exílio como uma consequência direta da infidelidade de Israel à aliança.

Sifre de Deuteronômio

Sifre de Deuteronômio é uma coleção de interpretações rabínicas sobre o livro de Deuteronômio compilada ca. 350-400 d.C.

Também chamada Sifre sobre Deuteronômio essa coleção de midrashim (ensinamentos homiléticos) sobre o livro bíblico de Deuteronômio consiste em uma série de discussões e interpretações de várias passagens do Deuteronômio, muitas vezes incorporando outros textos bíblicos e tradições rabínicas.

O Sifre de Deuteronômio enfoca uma variedade de temas, incluindo a importância de seguir as leis e os mandamentos de Deus, o papel da liderança e da justiça na sociedade e o relacionamento entre Deus e os israelitas. Inclui também discussões sobre a interpretação de leis e mandamentos específicos, bem como narrativas do texto bíblico.