Evangelho de Pedro

Evangelho de Pedro é uma obra pseudepígrafa (falsamente atribuída) a Pedro, datada de cerca de 150 d.C.

Esse evangelho apócrifo é um evangelho da paixão, ou seja, discorre sobre a condenação, crucificação e ressurreição de Jesus. Como a obra infere de que o corpo de Cristo tinha apenas a aparência da realidade, Serapião, bispo de Antioquia (c. 190),diz que era de autoria de um docetista.

Apresenta a crucificação sem constar um ato de expiação. Afirma que os soldados romanos e autoridades judias testemunharam sua crucificação. Jesus é levado da cruz, mas sua morte não é mencionada explicitamente.
Dois seres sobrenaturais entram na tumba e três emergem. Não há menção de testemunhas que viram Jesus vivo depois da cena da tumba.

Apesar de muitos eruditos associarem esse escrito com os gnósticos, não possui a cosmologia característica da maioria desses movimentos.

Evangelista

Evangelistas são mencionados apenas três vezes no Novo Testamento.

Filipe era um evangelista em Cesareia (Atos 21:8), mas não temos explicações do motivo de ele ser chamado assim. Suas atividades de propagação do evangelho levam a inferir que evangelista seria um disseminador da mensagem de Cristo.

Evangelistas estão listados entre outros dons ou vocações à Igreja (profetas, mestres, pastores, apóstolos) em Efésios 4:11, sem definir o que seria um evangelista.

Uma definição funcional aparece em 2 Tm 4:1-5, onde um evangelista é aquele que trabalha para disseminar o Evangelho.

A palavra grega para “evangelho” é εὐὐγγελος (euangelo) e o verbo que significa “pregar o evangelho” é εὐαγγελζζεσθαι (euangelizesthai). Isso leva a inferir que “evangelista” (euangelistes εὐαγγελιστής) significasse “portador de boas notícias”.

O termo não aparece quase na literatura cristã primitiva. Uma notável exceção é Panteno de Alexandria, o qual é contado entre os evangelistas por Eusébio de Cesareia (História Eclesiástica 5.10). Eventualmente, o termo ficou associado aos autores dos quatro evangelhos canônicos.

Evangelho de Mateus

Evangelho no qual os ensinos e obra de Cristo cumprem a esperança messiânica. Convida uma audiência familiarizada com o Antigo Testamento que se torne discípulos de Jesus, tornando-se partícipe do reino dos céus e formando discípulos entre todas as nações.

O primeiro dos evangelhos no cânone do Novo Testamento, ou seja, o relato da vida, ensinos e obra de vitória sobre a morte de Jesus Cristo. Foi um dos mais copiados textos do Novo Testamento entre os cristãos dos primeiros séculos.

Um dos três evangelhos sinóticos (com passagens paralelas, os outros são Lucas e Marcos), este evangelho anônimo recebeu o título de Evangelho de Mateus no século II.

ESBOÇO

  1. Genealogia (1:1-17)
  2. Nascimento em meio à perseguição (1:18-2:23).
  3. Batismo e tentação (3:1-4:12)
  4. Jesus inicia seu ministério na Galileia (4:12-25).
  5. Sermão da Montanha (5-7).
    1. As beatitudes (5:1-12)
    2. Oração do Pai Nosso (6:1-8).
  6. Vários atos maravilhosos (8:1-9:34).
  7. Jesus é rejeitado (11-16:12),
  8. Ensino por parábolas (13:1-52).
  9. Os discípulos confessam Jesus como Filho de Deus (16:13-20).
  10. Prediz sua morte, Jesus vai a Jerusalém e ensina no Templo (16:21-25:46).
  11. Jesus é preso, julgado e crucificado (26-27).
  12. Ressuscita, instruindo a Grande Comissão (28).

Conteúdo comum dos evangelhos

Se extrair dos quatro evangelhos somente as frases comuns (sem considerar total coincidência vocabular nem temas compartilhados) teremos o seguinte texto:

[as boas-novas de Jesus Cristo]

  1. João veio a batizar no deserto,
  2. e a pregar o batismo de arrependimento para remissão dos pecados. 
  3. E toda a província da Judeia e todos os hierosolimitanos saíam até ele; e eram batizados
  4. por ele no rio Jordão, confessando seus pecados. 
  5. E aconteceu que, naqueles dias, Jesus de Nazaré da Galileia veio, e foi batizado por João no Jordão. 
  6. Jesus veio para a Galileia,
  7. entrou na sinagoga e começou a ensinar. 
  8. “Levanta-te, toma o teu leito, e anda”? 
  9. E logo ele se levantou, tomou o leito, e saiu na presença de todos,
  10. E foram-se a um lugar deserto à parte. 
  11. Mas aos viram ir, e muitos o reconheceram. Então correram para lá a pé de todas as cidades, chegaram antes deles. 
  12. Quando saiu, viu uma grande multidão, e começou a lhes ensinar muitas coisas. 
  13. E quando já era tarde, os seus discípulos vieram a ele, e disseram: O lugar é deserto, e a hora já é tarde. 
  14. Despede-os, para eles irem aos campos e aldeias circunvizinhos, e comprarem comida
  15. Mas ele respondeu: Dai-lhes vós mesmos de comer.
  16. disseram: Cinco, e dois peixes. 
  17. E mandou-lhes que fizessem sentar a todos em grupos
  18. E sentaram-se repartidos de cinquenta em cinquenta. 
  19. Ele tomous os cinco pães e os dois peixes, levantou os olhos ao céu, abençoou, e partiu os pães, e os deu aos discípulos, para que os pusessem diante deles. E os dois peixes repartiu com todos. 
  20. Todos comeram e se saciaram. 
  21. E dos pedaços de pão e dos peixes levantaram doze cestos cheios.
  22. Saiu Jesus com seus discípulos para as aldeias de Cesaréia de Filipe; e no caminho perguntou-lhes: Quem dizem os homens que sou eu?
  23. Eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Um dos profetas.
  24. Ele lhes perguntou: Mas vós, quem dizeis que sou eu? Respondeu-lhe Pedro: Tu és o Cristo.
  25. Ordenou-lhes Jesus que a ninguém falassem a respeito dele.
  26. E quando chegaram perto de Jerusalém,
  27. E trouxeram o jumentinho a Jesus, e lançaram sobre ele suas roupas, e sentou-se sobre ele. 
  28. E muitos estendiam suas roupas pelo caminho, e outros cortavam ramos das árvores, e os espalhavam pelo caminho. 
  29. E os que iam adiante, e os que seguiam, clamavam: Hosana, bendito o que vem no Nome do Senhor! 
  30. Bendito o Reino
  31. E vieram a Jerusalém; e entrando Jesus no Templo, começou a expulsar aos que vendiam dizendo-lhes: Não está escrito: Minha casa será chamada casa de oração? Mas vós a tendes feito esconderijo de assaltantes! 
  32. E estando ele em Betânia, em casa de Simão o Leproso, sentado, veio uma mulher, que tinha um vaso de alabastro, de óleo perfumado de nardo puro, de muito preço, e quebrando o vaso de alabastro, derramou-o sobre a cabeça dele. 
  33. E houve alguns que se irritaram em si mesmos, e disseram: Para que foi feito este desperdício do óleo perfumado? 
  34. Porque isto podia ter sido vendido por mais de trezentos dinheiros, e seria dado aos pobres. E reclamavam contra ela. 
  35. Porém Jesus disse: Deixai-a; por que a incomodais? Ela tem me feito boa obra. 
  36. Porque pobres sempre tendes convosco; e quando quiserdes, podeis lhes fazer bem; porém a mim, nem sempre me tendes. 
  37. Esta fez o que podia; se adiantou para ungir meu corpo, para sepultura. 
  38. Em verdade vos digo, que onde quer que em todo o mundo este Evangelho for pregado, também o que esta fez será dito em sua memória. 
  39. E Pedro lhe disse: Ainda que todos se ofendam, não porém eu. 
  40. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo, que hoje, nesta noite, antes que o galo cante duas vezes, me negarás três vezes. 
  41. Mas ele muito mais dizia: Ainda que me seja necessário morrer contigo, em maneira nenhuma te negarei. E todos diziam também da mesma maneira. 
  42. E vieram ao lugar, cujo nome era Getsêmani, e seus discípulos
  43. E logo veio Judas e com ele uma grande multidão, com espadas e bastões, da parte dos chefes dos sacerdotes, e dos escribas, e dos anciãos. 
  44. E um dos que estavam presentes ali puxando a espada, feriu ao servo do sumo sacerdote, e cortou-lhe a orelha. 
  45. E respondendo Jesus, disse-lhes: Como a assaltante, com espadas e bastões, saístes para me prender? 
  46. Todo dia convosco estava no Templo ensinando, e não me prendestes;
  47. E levaram Jesus ao sumo sacerdote; e juntaram-se a ele todos os chefes dos sacerdotes, e os anciãos, e os escribas. 
  48. E Pedro o seguiu de longe até dentro da sala do sumo sacerdote, e estava sentado juntamente com os trabalhadores, e esquentando-se ao fogo. 
  49. E os chefes dos sacerdotes, e todo o tribunal buscavam testemunho contra Jesus, para o matarem, e não achavam. 
  50. Porque muitos testemunhavam falsamente contra ele; mas os testemunhos não concordavam entre si. 
  51. E levantando-se uns testemunhava falsamente contra ele, dizendo: 
  52. Nós o ouvimos dizer: Eu derrubarei este templo feito de mãos, e em três dias edificarei outro, feito sem mãos. 
  53. E nem assim era o testemunho deles concordante. 
  54. E levantando-se o sumo sacerdote no meio, perguntou a Jesus, dizendo: Não respondes nada? Que testemunham estes contra ti? 
  55. Mas ele calava, e nada respondeu. O sumo sacerdote voltou a lhe perguntar, e disse-lhe: Tu és o Cristo, o Filho do bendito? 
  56. E Jesus disse: Eu sou; e vereis ao Filho do homem sentado à direita do poder, e vir nas nuvens do céu. 
  57. E o sumo sacerdote, rasgando suas roupas, disse: Para que mais necessitamos de testemunhas? 
  58. Tendes ouvido a blasfêmia; que vos parece? E todos o condenaram por culpado de morte. 
  59. E alguns começaram a cuspir nele, e a cobrir-lhe o rosto; e a dar-lhe de socos, e dizer-lhe: Profetiza. E os trabalhadores lhe davam bofetadas. 
  60. E estando Pedro embaixo na sala, veio uma das servas do sumo sacerdote; 
  61. E vendo a Pedro, que se sentava esquentando, olhou para ele, e disse: Também tu estavas com Jesus o Nazareno. 
  62. Mas ele o negou, dizendo: Não conheço, nem sei o que dizes: E saiu-se fora ao alpendre; e cantou o galo. 
  63. E a serva vendo-o outra vez, começou a dizer aos que ali estavam: Este é um deles. 
  64. Mas ele o negou outra vez. E pouco depois disseram os que ali estavam outra vez a Pedro: Verdadeiramente tu és um deles; pois também és galileu,
  65. E ele começou a amaldiçoar e a jurar: Não conheço a esse homem que dizeis.
  66. E logo ao amanhecer, os sumos sacerdotes tiveram conselho com os anciãos, e com os escribas, e com todo o tribunal; e amarrando a Jesus, levaram e entregaram a Pilatos. 
  67. E perguntou-lhe Pilatos: És tu o Rei dos Judeus? E respondendo ele, disse-lhe: Tu o dizes. 
  68. E os chefes dos sacerdotes o acusavam de muitas coisas,
  69. Mas Jesus nada mais respondeu;
  70. E na festa lhes soltava um preso, qualquer que eles pedissem. 
  71. E havia um chamado Barrabás,
  72. E Pilatos lhes respondeu, dizendo: Quereis que vos solte? 
  73. a multidão, para que, ao invés disso, lhes soltasse a Barrabás. 
  74. e entregou a Jesus para que fosse crucificado. 
  75. e o vestiram de suas próprias roupas, e o levaram fora, para o crucificarem. 
  76. E forçaram que levasse sua cruz. 
  77. E o levaram ao lugar de Gólgota, que traduzido é: o lugar da caveira. 
  78. E havendo o crucificado, repartiram suas roupas, lançando sortes sobre elas, quem levaria cada uma. 
  79. E crucificaram com ele dois ladrões, um à sua direita, e outro à esquerda. 
  80. encheu de vinagre uma esponja, e pondo-a em uma cana, dava-lhe de beber,
  81. E Jesus, dando uma grande voz, expirou. 
  82. E vinda já a tarde, porque era a preparação, que é o dia antes de sábado; 
  83. Veio José de Arimateia, honrado membro do conselho, que também esperava o Reino de Deus, e com ousadia foi até Pilatos, e pediu o corpo de Jesus. 
  84. E havendo sido explicado pelo centurião, deu o corpo a José. 
  85. O qual comprou um lençol fino, e tirando-o, envolveu-o no lençol fino, e o pôs em um sepulcro escavado em uma rocha, e revolveu uma pedra à porta do sepulcro. 
  86. E Maria Madalena, e Maria de José, olhavam onde o puseram.
  87. E passado o sábado, Maria Madalena, e Maria de Tiago, e Salomé, compraram especiarias, para virem e o ungirem. 
  88. E manhã muito, o primeiro dia da semana, vieram ao sepulcro, o sol já saindo. 
  89. Porque era muito grande. E observando, viram que já a pedra estava revolta 
  90. E entrando no sepulcro, viram um rapaz sentado à direita, vestido de uma roupa comprida branca; e se espantaram. 
  91. Mas ele lhes disse:
  92. dizei a seus discípulos e a Pedro,
  93. E elas, saindo apressadamente, fugiram do sepulcro; porque o temor e espanto as tinha tomado.