Pseudoepígrafos eslavos

Os Pseudoepígrafos Eslavos são um conjunto de textos religiosos judaicos extra-bíblicos que foram preservados e transmitidos principalmente em traduções eslavas. A maioria desses materiais chegou às terras eslavas através do Império Bizantino, que exerceu forte influência na formação da literatura eslava. Esses textos eram frequentemente incorporados em coleções maiores, como crônicas históricas (Paleias), cronógrafos e compilações morais e litúrgicas, muitas vezes sem uma distinção clara entre materiais canônicos e não canônicos.

Muito dessas obras tem origem judia, mas foram transmitidos por copistas cristãos, afetando seu conteúdo nesse processo. Boa parte estão no idioma eslavo eclesiástico. A transmissão dos Pseudoepígrafos Eslavos dentro de coleções cristãs resultou em edições, abreviações e rearranjos, dificultando a identificação da proveniência e propósito originais dos textos. Estudos recentes buscam distinguir as diferentes camadas de transmissão e adaptação desses materiais no contexto literário eslavo.

Essas obras foram preservadas e utilizada principalmente em contextos monásticos. A recepção de algumas delas beira à canonicidade. Muitos as consideravam autênticas, mas no geral eram lidas para edificação privada. Contudo, foram consideradas heréticas pela Igreja Ortodoxa Russa.

Principais Obras:

Entre os Pseudépigrafos Eslavos, destacam-se:

  • 2 Enoque: Uma obra que descreve a ascensão celestial de Enoque e sua metamorfose perto do Trono da Glória, combinando elementos de apocalipse e testamento.
  • 2 Enoque
  • 3 Baruque
  • 4 Baruque
  • A Ascensão de Isaías
  • A Escada de Jacó: Uma interpretação do sonho de Jacó sobre a escada, contendo tradições judaicas do primeiro século dC.
  • A História da Criação de Adão por Deus
  • A Palavra do Abençoado Zorobabel
  • Ahiqar
  • Apocalipse de Abraão: Um texto que narra a rejeição de Abraão aos ídolos e sua ascensão ao céu, onde recebe revelações sobre mistérios celestiais e escatológicos.
  • Apocalipse de Zósimo
  • Círculo sobre a Árvore da Cruz
  • Discursos dos Três Hierarcas
  • Fragmentos Pseudo-Daniel
  • Fragmentos sobre Melquisedeque
  • Fragmento “Sobre a Criação”
  • Fragmento “Sobre o Dilúvio”
  • Fragmento “Setenta Nomes de Deus”
  • José e Asenate
  • Lenda sobre o Mar da Tiberíades
  • Livro de José
  • Obras e Tradições Pseudépigrafas Judaicas em Meios Eslavos
  • O Octógono de Adão
  • O Sermão de Adão no Hades a Lázaro
  • Os Testamentos dos Doze Patriarcas
  • Palea Cronográfica
  • Palea Histórica
  • Palea Interpretativa
  • Testamento de Abraão
  • Testamento de Jó
  • Vida de Moisés
  • Vida Eslava de Adão e Eva: Uma versão eslava dos livros de Adão, com material exclusivo sobre a criação e a queda dos protoplastas.

BIBLIOGRAFIA

Kulik, Andrei. Retroverting Slavonic Pseudepigrapha: Toward the Original of the Apocalypse of Abraham. Society of Biblical Literature, 2004.

Orlov, Andrei A. From Apocalypticism to Merkabah Mysticism: Studies in the Slavonic Pseudepigrapha. Brill, 2006.

Stone, Michael E. A History of the Literature of Adam and Eve. Scholars Press, 1992.

Tihonravov, Nikolai S. Памятники отреченной русской литературы. 2 vols. São Petersburgo/Moscou, 1863.

Turdeanu, Emil. Apocryphes slaves et roumains de l’Ancien Testament. Brill, 1981.

Guerra dos Filhos da Luz Contra os Filhos das Trevas

A Guerra dos Filhos da Luz Contra os Filhos das Trevas ou Regra da Guerra, Regra da Guerra e Manuscrito da Guerra é um manual militar com conteúdo apocalíptico descoberto entre os Manuscritos do Mar Morto.

O documento é formado por vários rolos e fragmentos, incluindo 1QM e 4Q491–49.

Trata-se de uma descrição apocalíptica da guerra entre os Filhos da Luz e os Filhos das Trevas. É centrado nas batalhas escatológicas dos Filhos da Luz.

A guerra é descrita em duas fases distintas, a primeira é a Guerra contra os Quitim. Os Filhos da Luz, composta pelos filhos de Levi, os filhos de Judá e os filhos de Benjamim, e os exilados dos deserto enfrentarão Edom, Moabe, os filhos de Amom, os amalequitas e a Filístia e seus aliados, os Quitim de Assur (referidos coletivamente como o exército de Belial).

A segunda parte da guerra ou a Guerra das Divisões será quando os Filhos da Luz, agora as doze tribos unidas de Israel, conquistando as nações da vaidade, durante quarenta anos de combate..

Essas duas guerras guerras aparecem no início do documento. Depois seguem instruções litúrgicas, rituais e apotropaicas para as flâmulas, trombetas, dardos. Por fim, descreve a batalha em sete etapas, liderada pelos sacerdotes, entre a Luz e as Trevas, a Guerra contra os quitim. A batalha é finalmente vencida por intervenção divina.

Gênero apocalíptico

O gênero apocalíptico, do grego para “revelação” é um gênero literário de escritos antigos que revelam informações secretas ou ocultas sobre o a realidade, a história ou futuro, especialmente o fim dos tempos.

A definição padrão é a de Collins:

[A literatura apocalítica é ] um gênero de literatura reveladora com uma estrutura narrativa, na qual uma revelação é mediada por um ser de outro mundo para um receptor humano, revelando uma realidade transcendente que é temporal, na medida em que contempla a salvação escatológica, e espacial na medida em que envolve outro mundo sobrenatural.’

O conteúdo inclui promessas de julgamento iminente e intervenção divina em um mundo pecaminoso em nome dos eleitos. Também pode incluir visões ou visitas aos céus, guiadas por mediadores ou anjos, leitura de livros com conteúdos secretos ou poderosos.

Na Bíblia ocorre pequenos apocalipses em Daniel 7-12; Marcos 13 (paralelo em Mt 24, Lc 21), além de seções de Ezequiel e o livro de Apocalipse.

Normalmente o gênero ocorre em obras anônimas, com atribuição de autoria ou narração em primeira pessoa a personagens bíblicos de renome (pseudoepígrafa). Alguns apocalipses não canônicos são 1 Enoque, Apocalipse de Pedro, Pastor de Hermas e 4 Esdras.

Fora de contextos das religiões abraâmicas, há apocalipses mesopotâmicos, egípcios, persas, greco-romanos e gnósticos.

A literatura apocalíptica abrange visões do fim dos tempos, mas nem todas as revelações desse gênero são estritamente escatológicas. A literatura enoquita, por exemplo, inclui visões inspiradas em tradições antigas, mas nem todas pertencem ao fim dos tempos. Além disso, o apocalipticismo não deve ser confundido com o messianismo, pois um Messias busca restaurar a glória de uma nação, enquanto a escatologia diz respeito ao destino final do mundo. Enquanto o cristianismo combina os dois conceitos, no judaísmo, escatologia e messianismo permanecem gêneros separados, às vezes entrelaçados, mas nem sempre dentro de narrativas apocalípticas.

BIBLIOGRAFIA
Collins, John “Introduction: Towards the Morphology of a Genre,” 9.

Collins, John J.  The Apocalyptic Imagination: An Introduction to Jewish Apocalyptic Literature, 2nd ed. Eerdmans, 1998).

Nickelsburg, George W. E. Resurrection, Immortality, and Eternal Life in Intertestamental Judaism and Early Christianity, 2nd ed. Harvard University Press, 2006.

VEJA TAMBÉM

Literatura Apocalíptica